quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Toledot e os filhos? Por quê os queremos?

A parashah de Toledot (gerações) começa em Gn 25:19 e fala do nascimento de Esaú e Jacó, e o nascimento dos filhos é algo que sempre traz, ou deveria trazer, alegria aos pais. Jovens casais imaginam como será a aparência de seu primogênito, sonham com seu crescimento, etc... mas nascimento dos filhos não é algo tão simples assim. Vejamos:
Isaque e Rebeca se casaram, e passaram vinte anos esperando por isso, pois o texto bíblico diz: "Isaque orava insistentemente ao Eterno (e Rebeca também), porque ela era estéril e finalmente, depois de vinte anos, ela engravida." (Gn 25:21) Aí você deve pensar: nossa! que alegria a de Rebeca hein?! Estava realizando um sonho. Será?
Vejamos o que nos diz o verso seguinte: “E lutaram os filhos no seu ventre e ela disse: Se é assim, porque desejei isso eu?” (Gn 25:22)
Analisando bem a situação, uma mulher que é estéril, espera vinte anos, e quando engravida, vem gêmeos, isso certamente seria o máximo da alegria, mas não para Rebeca, ela ainda com os filhos dentro do ventre já reclamava.
Na verdade isso não é muito diferente dos dias atuais. Casais sonham com filhos, mas quando eles vem, não sabem como agir. A paternidade (e maternidade) exige do casal maturidade.
Ora, Rebeca diz: “se é pra ser assim, porque eu desejei ter filhos?” Será que uma mãe não sabe que filhos brigam? Quem tem mais de um filho sabe, eles vão crescer brigando, lutando por espaço e isso é da natureza. Desde os primeiros, quando Caim matou Abel, os filhos vão conquistar seu espaço dentro de casa (da maneira correta, não como Caim) e isso os prepara para a vida fora de casa.
Também é natural que os pais reclamem, questionem, corrijam seus filhos. O que não é certo é ficarem maldizendo, amaldiçoando sua propria geração. Quando dizem coisas como: “você é um burro! você não serve para nada! Não sei porque eu fui burra de ter filhos! Filho criado, trabalho dobrado! ou coisas semelhantes a essas, os pais não se dão conta de que estão fazendo que seus filhos se sintam rejeitados.
Não, não estou dizendo com isso que os filhos devam ser bajulados, que possam fazer as coisas do jeito que bem entenderem; não é nada disso! O que precisamos aprender é que, se desejamos ter filhos, precisamos tratá-los com respeito e dignidade (sim, os pais também devem respeitar os filhos).
Quando errarem, os filhos precisam da correção, e por isso a bíblia fala em provérbios 13:24 “O que retem a vara aborrece a seu filho...” mas é preciso entender que os filhos precisam se sentir AMADOS, desejados, pelos pais. Eu como pai, tenho o dever de os corrigir, mas também tenho o dever de fazê-los se sentirem amados. Por exemplo, nas duas frases abaixo, qual é a correta e qual a errada?:
- Meu filho, eu estou decepcionado com sua atitude, esperava que você agisse de maneira diferente.
- Meu filho, você é uma decepção para mim. Eu esperava que você fosse diferente.
Embora pareçam dizer a mesma coisa, as duas tem pesos diferentes, completamente diferentes: a primeira frase demonstra que o pai está triste pelo ERRO do filho. Já a segunda, demonstra que o FILHO é uma DECEPÇÃO.
 
Queiram ter filhos, mas queiram educá-los, amá-los e não lancem sobre eles todas as suas próprias frustrações. Filhos devem ser fonte de alegria, não apenas quando nascem, mas durante toda a vida. Quantos e quantos pais pegam o bebê no colo, abraçam, beijam, demonstram carinho, mas logo que crescem um pouco, os pais já não demonstram o menor carinho pelos filhos?
 
Filhos vão brigar entre eles mesmos, vão passar por desafios nas escolas, no trabalho, no casamento, vão cometer erros sempre, pois são humanos, mas, quem disse que pais também não os cometem?
É triste demais para os filhos saberem que seus pais só conseguem ver seus defeitos, e nunca os elogiam pelos acertos. Além disso, Shaul HaShaliach nos deu este conselhos: “Pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6:4) Sim, é dever dos filhos honrar os pais, mas é também necessário que nós, pais, tratemos de maneira digna os nossos filhos, não apenas criticando os erros, mas ressaltando com alegria os acertos e as vitorias por eles alcançadas, pois, caso contrário, ainda quando estiverem no ventre, nossos filhos continuarão a ouvir: "porque desejei eu isso?"

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