segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Chayeh Sarah e como as pessoas te vêem mesmo?


A parashah dessa semana conclui a vida do patriarca Avraham e começa falando da morte de sua esposa, Sarah. E de vez em quando, nos momentos difíceis, a gente percebe como é que as pessoas nos vêem.
Tem coisas que acontecem com todo mundo, por exemplo, você coloca uma roupa e acha que está arrasando e de repente alguém vem e te fala: que roupa hein?! Não tá nada legal! E pronto, a pessoa já fica arrasada. Ou o contrário também acontece: você tá lá se sentindo feio, e alguém vem e fala: ei, que roupa chique hein?! e seu semblante já muda. Isso mostra que no fundo, todo mundo dá valor à forma como é visto pelas demais pessoas. Mas a aparência não é o mais importante. O importante é como somos vistos além daquilo que vestimos.
 
Em Gn 23:6 os habitantes de Hebrom, dizem a Avraham (quando ele queria sepultar Sarah): “Ouve-nos, meu senhor: príncipe de Deus és no meio de nós.” Era assim que eles viam a Abraão.
 
Nosso patriarca vivia entre eles e no verso 4 é dito por ele: “Estrangeiro e morador sou entre vós..” Ao dizer que era primeiro estrangeiro e depois morador, nosso patriarca salienta que ele NÃO ERA COMO ELES, apesar de morar entre eles. As vezes isso é dificil de as pessoas perceberem e é bem verdade, não fazemos lá grande questão de mostrar que somos diferentes. Abraão sim, era diferente.
 
O que faz de nós “príncipes e princesas de Deus” no meio dos goym onde vivemos? Nossas atitudes. Não precisamos falar: eu sirvo a D-us. As pessoas percebem um brilho diferente em nós ou não. Não dá pra falar: eu sou isso, sou aquilo...isso não adianta nada. 
 
Está escrito em Jo 5:31,32 “Se eu testifico a respeito de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. Outro é o que testifica a meu respeito, e sei que é verdadeiro o testemunho que ele dá de mim.”

Abraão era visto como “príncipe de Deus” porque agia diferente, porque era especial, porque ele tinha atitudes diferentes dos gentios. Agora faça uma auto-análise e pontue o quanto você se parece com um príncipe de Deus ou um sapo do mundo.

- Num ambiente onde todo mundo fala palavrões, palavras torpes, besteiras inúteis, como você age? Fala igual ou é Abraão, fazendo questão de ser diferente, talvez saindo dali?
- Numa festinha, todo mundo bebendo latas e latas de cerveja, álcool, whisky, vinho... você faz o quê? Bebe uma latinha e chega, ou segue bebendo. O que Abraão, o príncipe de Deus faria?
- No bairro onde você mora, o que seus vizinhos dizem a teu respeito? Te veem como uma pessoa diferente? Veem em seu lar um lar de paz, ou apenas como mais um casal que literalmente vive aos berros com filhos e discutem direto, onde marido e mulher podem ser ouvidos ao longe?

Precisamos ser príncipes de Deus não apenas no shabat, na congregação, mas no dia-a-dia. Lembre-se que Abraão não frequentava sinagoga, ele era um "judeu" todos os dias. Precisamos ser diferentes, dar testemunho em casa, na escola, no trabalho, na faculdade, na roda de amigos, etc...

Se bebemos, se falamos linguagem vil, torpe, se agimos como os goyim, se nossas esposas não são submissas, se não são diferentes, se não acendem luzes do shabat, se não fazem chalah, se não praticam a tsiniut, como eles nos verão como príncipes e princesas de Deus?

Ser um principe de Deus não é ser uma pessoa chata, insuportável. Abraão não era assim, ele era gentil, tinha boa relação com as pessoas, tratava-as educadamente; intercedeu pelos homens quando Deus falou em destruir sodoma, era generoso, não gostava de brigar, preferiu perder ao ver seus pastores brigando com os pastores de Ló, tudo em nome da paz... mas não confunda, podemos praticar gentilezas com o mundo, só não podemos ser como eles. Foi isso que fez o povo olhar para nosso patriarca como um principe, mas não um principe qualquer, um principe de Deus.

Que testemunho as pessoas dão de nós? Somos principes, princesas ou sapos? Lembre-se: você não é o que você diz, mas sim aquilo que as pessoas testemunham que você é.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Vaierah: Sarah e um costume antigo.


 
 
A parashah de Vaierah compreende o texto de Gn 18:1 a Gn 22:24.

A imagem acima fala por si só, e retrata uma algo muito inerente ao ser humano: a curiosidade. É interessante observar como as pessoas são curiosas em relação à vida alheia; por isso mesmo, programas de tv como o Big Brother e revistas de fofoca fazem tanto sucesso.

O problema, que nem sempre percebemos, é que ficar “cuidando” da vida dos outros, acaba levando a uma série de outos erros. Vejamos por exemplo Sarah:

Abraão tinha recebido três homens, Sarah os viu, pois Abraão havia dito a ela para preparar alguns alimentos aos visitantes. Daí, a certa altura da conversa, perguntaram ao patriarca: Onde está Sarah? Abraão responde: Ela está na tenda..

A questão é que ela estava na porta da tenda sim, ouvindo a conversa alheia. Ainda que a conversa fosse sobre ela, ela não deveria estar ali. Esse é o erro de boa parte das pessoas. Ficar ouvindo conversas atrás da porta, mesmo com a justificativa de que: “estavam falando de mim, eu tenho o direito de ouvir” é errado. Como dito, isso conduz a uma série de erros, ou mal-entendidos. Vejamos Sarah:

Ela ouviu atrás da porta, e nao acreditou no que o anjo falava a Abraão, de que ela teria um filho. Riu disso. Mas alguém dirá, onde estão os erros?

- Ela ter se rido, significa que não acreditou no anjo, meio que achou graça, como se fosse piada.

- Falou mal de si e de seu esposo, chamando-o de velho (incapaz de gerar filhos)

- Negou que havia rido, ou seja, mentiu.

Não é necessário ficar atrás da porta par ter atitude semelhante à de Sarah. Há pessoas que utilizam de outras artimanhas pra saber qual o assunto da conversa em particular entre duas ou mais pessoas. Então, pra não ouvir atrás da porta (porque isso é feio) a pessoa inventa de levar uma água pro rosh, trazer uma bolachinha, um lanchinho, e assim, acha que “fazendo o bem” ninguem vai se dar conta de que na verdade ela entrou pra escutar um pouco da conversa. E essa atitude é ainda pior do que ouvir atrás da porta. Pior o fato de que quem ouve metade da conversa, sabe metade do assunto, e isso a leva a deduzir o restante, quase sempre, deduzindo errado.

Resista à curiosidade de ouvir conversas alheias, mesmo que estejam tratando de assuntos referentes a você. Se você tomar parte na conversa, resista a vontade de sair contando do assunto pra todo mundo que encontrar pela frente. Mas se ainda assim, isso ocorrer, assuma a responsabilidade por seu erro. Sarah falou: eu não ri. E ouviu como respostas: Isso não é correto, você riu sim!

Parta do principio de que “se eu não fui chamado na conversa, é porque ela não me diz respeito.” Assim, vamos todos evitar constrangimentos desnecessários.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Abraão e Sarah, sua linda mulher.

 
A parashah dessa semana, chamada Lech Lecha, vai de Gn 12:1 a Gn 17:27. Com o começo do relato de vida de nosso patriarca Avraham viajamos também em grandes histórias de um homem cheio de virtudes, mas, como sempre, ninguém é perfeito.
 
Antes de falar de Abraão, olhemos para nós mesmos. Quem são as pessoas que mais amamos? Quem são aqueles a quem realmente prezamos de forma singular, como únicos em nossa vida? Pense um pouquinho nessa pessoa. Depois de refletir sobre sua relação com ela por pelo menos dois minutos, aí sím, continue lendo o post.
 
Veja o que a Torah diz: “Foi quando se aproximou para entrar no Egito, disse a Sarai sua mulher: Eis que agora sei que és uma mulher formosa à vista.” (Gn 12:11)
 
Abrão já tinha seus setenta e cinco anos, e segundo alguns, já era casado com Sarai há 40 anos e nunca havia dito algo semelhante à sua esposa. 
Isso pode parecer normal para alguns, e na verdade muitos acham que o romantismo, demonstração de carinho é bobeira. Eu acho que não.
 
Porque Abrão demorou muitos anos pra dizer à esposa que ela era bonita (apesar de ela já ter 65 anos de idade)? Não, isso não foi uma demonstração de romantismo, mas o medo fez com o patriarca disse isso à esposa. Medo de morrer! Nos versos seguintes basicamente ele fala: "os egípcios te acharão linda e vão me matar pra ficar com você, então diga que é minha irmã, e pra te conquistar eles vão me deixar vivo e me tratar bem." Que hora pra fazer um elogio  hein?!
 
Isso não significa que ela não amava a esposa, ou que não a valorizasse, mas perceba que ele disse: "AGORA SEI QUE É UMA MULHER FORMOSA". Só agora?
 
Amamos nossos filhos, nossa esposa, nossos maridos, mas quantas vezes expressamos isso? Quantas vezes dizemos a nosso cônjuge: "você realmente é uma mulher bonita"? Ou para o marido: "eu tenho orgulho de você, meu marido"?
 
O problema é que, como Abrão, só diante da morte, quando vemos a morte de perto, e sentimos medo, inventamos de demonstrar sentimentos, de elogiar a quem amamos. Quanto tempo perdido!
 
Gastamos nosso tempo com muita coisa, trabalho, passeio, viagens, amigos, e não investimos tempo para admirar a beleza de nossos cônjuges. E pra que? Pra no fim da vida, num leito de morte, olhar pra esposa e finalmente falar: Eu te amo!, como você está bonita!?
 
Você pode achar que dizer para a esposa que ela está bonita e que a ama pode ser frescura, mas como você se sente quando alguém te elogia? Certamente não pensa: "você é um tolo, pra que me elogiar?" Ninguém fica triste em ser elogiado. E então porque você não faz isso com as pessoas que ama?
 
Hoje, ao inves de ver as noticias do jornal nacional, ao invés da novela, pare e fique olhando seu marido/esposa por uns instantes (de preferência enquanto ela estiver distraída) você vai se surpreender em ver detalhes tão bonitos, pequenos trejeitos que só sua esposa tem, o jeito gracioso como faz determinadas coisas. E depois fale: "eu gosto quando você faz assim, gosto de ver você preparar o jantar, o cuidado com nossas coisas,... querida, depois de todos esses anos, deixa eu te dizer mais uma vez: "eu sou um cara de sorte, por ter uma esposa tão bonita e graciosa como você!"
 
De minha parte, ficaria muito feliz se as esposas tambem fizessem o mesmo com o marido. E ambos fizessem o mesmo com os filhos, gabando-se das suas crias...
 
Garanto uma coisa, é melhor Abrão falar pra Sarai que ela é uma mulher linda, formosa, do que ver os egipcios o fazendo e depois ficar bravinho.
 
E lembre-se: O ELOGIO SINCERO É AQUELE QUE FAZEMOS SEM ESPERAR NADA EM TROCA. O ELOGIO MAIS GOSTOSO É AQUELE QUE RECEBEMOS SEM ESTAR ESPERANDO!