quarta-feira, 18 de abril de 2012

Shemini e a síndrome de Robin Hood


Parashah Shemini (Oitavo)
Lv 9:1 a Lv 11:47

Depois da consagração de Arão e seus filhos, um processo que durou sete dias, Arão finalmente estava apto e oferece sacrifício, primeiro por si, depois pelo povo.
Em Lv 9:6 lemos: “Disse Moisés: Esta coisa que o SENHOR ordenou fareis; e a glória do SENHOR vos aparecerá.”
Não raras vezes vemos pessoas que querem sentir a presença do Eterno, ver a glória de D-us, ter uma experiência com Ele, serem usadas por Ruach HaKodesh, etc... mas de que jeito? Como fazer para conseguir tal prodígio?

Moshê e a Torah nos dão a receita no versículo acima. FAZER O QUE ORDENOU O ETERNO.
Nós, seres humanos, temos o mal costume de justificar os nossos erros, e isso vem desde Adam que, ao errar, colocou a culpa na “mulher que Tu me deste”, e Eva, colocando a culpa na serpente e assim aprendemos a colocar a culpa de nossos erros em fatores “alheios à nossa vontade.”
A coisa é simples assim, e se a complicamos é por falha nossa mesmo. FAÇA O QUE HASHEM ORDENA E VERÁS A GLÓRIA DO ETERNO.

Há outro aspecto que muitos dizem: “Fiz o que achei que era certo, tive a melhor das intenções.” Devemos aprender que mesmo a melhor das intenções pode nos trazer consequências negativas, pois pra fazermos algo bom, não precisamos fazer coisa errada.

Para ilustrar, tomemos um exemplo bem ridículo:
Você acha que é uma coisa boa fazer tsedakah, ajudar aos pobres? Bom, todo mundo diria que sim, é claro!
Mas, o que dizer então do traficante, que “ajuda a comunidade”? Do político, “que rouba, mas faz”, ou ainda do Robin Hood, que rouba dos ricos para dar aos pobres? Ajudar os pobres é ótimo, mas fazer isso com fruto de roubo, de desonestidade, de morte de pessoas inocentes, etc... não dá pra aceitar. É o mesmo que alguém que tem as melhores intenções, mas age errado.

Agora, vamos a um exemplo bíblico, que consta da Haftarah dessa semana, em 2 Sm 6:1 a 7:17.
Quando os homens de Davi levavam a Arca (que representa a Presença Divina) da casa de Abinadab para Jerusalém, estava uma festa total. Davi, o grande rei, estava junto se alegrava com o povo com danças, músicas, até que o carro de bois que levava a Arca deu uma balançada. Uzá, cheio de boa intenção, estendeu a sua mão, até como um reflexo, para evitar que a Arca caísse ao chão. Resultado: “acendeu-se a ira do Eterno contra Uzá e Deus o feriu pelo seu erro, e morreu ali junto à arca de Deus.” (2 Sm 6:7)

Ora, precisava Uzá ser morto? Ele quis fazer uma coisa boa! Será que o Eterno não é justo? Nunca nos esqueçamos que ter tocado a arca foi um erro. Nada justifica um erro!
Se a gente quer ser abençoado e sentir a HaShem, precisamos OBEDECER, e não arrumar desculpas e nem justificativas para nossas “boas intenções que não deram certo!”

Não tenhamos a síndrome de Robin Hood, de querer fazer o certo (ajudar aos pobres) por meios errados. Quer fazer o certo, faça! Assim, não ouviremos ninguém dizer coisas como: “eu trabalho sábado, mas Deus sabe que tenho a intenção boa de parar de trabalhar, mas Ele vai entender que preciso disso!”
Não, quer fazer o certo, faça! Quer fazer errado? Continue se especializando em arrumar desculpas.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Shabat de Pessach

Nesse ano tivemos o privilégio de Pessach cair num shabat e isso é a oportunidade de estarmos juntos desde o cabalat, nos lembrando da saída do Egito, da liberdade, etc... No shacharit de Pessach, a leitura da Torah está em Êx 12:21 a 51, com o Maftir em Nm 28 e a Haftará em Josué. Todos os textos nos trazem grandes lições relacionadas à celebração de Pessach e à nossa vida.
A Torah declara: “Tomai um molho de hissopo, molhai-o no sangue que estiver na bacia e marcai a verga da porta e suas ombreiras com o sangue que estiver na bacia; nenhum de vós saia da porta da sua casa até pela manhã. Porque o SENHOR passará para ferir os egípcios; quando vir, porém, o sangue na verga da porta e em ambas as ombreiras, passará o SENHOR aquela porta e não permitirá ao Destruidor que entre em vossas casas, para vos ferir.” (Ex 12:22,23)
Com isso vemos que HaShem deu instruções claras a Moshê Rabenu e ele as passou ao povo.
- Pegar do sangue do cordeiro.
- Marcar nos umbrais da porta de casa
- Não sair de casa até pela manhã
Assim os israelitas escapariam da morte dos primogênitos, que veio sobre os lares de todos os egípcios, e não havia um lar sequer onde não houvesse pelo menos um morto. Mas sobre os israelitas, nenhum deles morreu. Que aprendemos com isso?
Não apenas com isso, mas com cada uma das pragas que, como um bom pai, o Eterno provê condições a seus filhos de alcançarem a bênção. Ele fez com que todo o Egito sofresse para que Israel saísse livre. Nós, como pais, muitas vezes fazemos o mesmo, pagamos boas escolas aos nossos filhos, damos roupa, alimento, e condições e dizemos: 'Eu te dou tudo meu filho, só falta você fazer sua pequena parte', e ficamos bravos quando eles nem sequer tiram notas boas na escola. Temos as condições, só não passa o sangue no umbral quem não quer, e depois não adianta reclamar da morte do primogênito.
E o Eterno? Ele nos provê condições boas para tudo, e ainda assim fazemos coisas erradas. Vejamos nosso povo; mal sairam do Egito já começaram a reclamar, querendo voltar. Reclamar da falta de comida, de carne, do calor, do frio, de Moshê, fizeram bezerro de ouro, etc...
Quando foram espiar a terra prometida, voltaram reclamando, e só Josué e Calev, ousaram confiar em HaShem. Resultado? Toda aquela geração de israelitas morreu no deserto. Aí vamos na Haftará em Josué 5:4-7 onde diz que toda aquela geração pereceu sem ter entrado na terra prometida porque não obedeceram à voz do Senhor, aos quais o Senhor tinha jurado que lhes não havia de deixar ver a terra que o Senhor jurara a seus pais dar-nos, terra que mana leite e mel. Porém, eu seu lugar, pôs a seus filhos, que estavam incircuncisos. Ali, ele os circuncidou, e celebraram o Pessach.
Falando sobre isso, lembro-me dos que começaram o processo de teshuvah, e logo no início, abandonaram, preferindo voltar ao Egito. Com o passar do tempo, outros foram saindo, enquanto novos foram "nascendo", e esses são os que entrarão na terra prometida, e celebrarão o Pessach do Eterno.
É amigos, a terra que mana leite e mel está ao alcance de todos. O Eternos nos provê condições de alcançarmos o Olam Habah, mas pra isso, no Olam Hazeh, precisamos fazer a vontade do Eterno. Ou a gente faz, ou vai ficar chorando a morte dos primogênitos ou morrer de uma praga qualquer. Cabe a nós escolher, valorizar tudo que HaShem nos dá.