terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Vaichi e mais uma lição de José, o governador do Egito.



A parashah de Vaichi nos apresenta o fim da vida do patriarca Yaakov e também de Yosef, seu filho, governador do Egito. (Gn 47:28 a 50:26)
De acordo com ciclo trienal, este ano, hoje a Aliah é de Gn 50:1-6. Ela aborda os procedimentos para o sepultamento de Jacó. Você conhece todas as regras para um sepultamento judaico? Normalmente a gente não se preocupa com isso, porque não esperamos a morte. No judaísmo existe a instituição chamada “Chevrah Kadishah” que cuida do sepultamento dos membros da comunidade, mas e quem não tem acesso? Por exemplo, alguém que está longe de uma comunidade judaica.

Há muitas regras, dentre elas que a pessoa deve ser sepultada o mais breve possivel, e se ela falecer na tarde de sexta-feira, por exemplo, espera-se passar o shabat para dar prosseguimento e sepultá-la o mais breve possivel. 
O corpo é “teoricamente” inviolável, e por isso mesmo, não é permitida a doação de órgãos (pós-morte) nem tampouco a cremação é algo concebível, uma vez que o morto não volta ao pó da terra, não é sepultado na terra.

Neste capítulo José começa sepultando seu pai. E temos: 
Gn 50:5 Meu pai me fez jurar, declarando: Eis que eu morro; no meu sepulcro que abri para mim na terra de Canaã, ali me sepultarás. Agora, pois, desejo subir e sepultar meu pai, depois voltarei.

Esse verso nos ensina duas coisas muito relevantes:
1) Cumprir promessas assumidas.
Jacó estava morto, qual a necessidade de José cumprir sua promessa? Toda! 
Muitas vezes o ser humano se compromete com algo, e logo depois começa a arrumar desculpas para descumprir. 
- Falei que faria, mas veja bem: a situação mudou...
- Fulano até já se esqueceu daquilo que eu falei, faz tanto tempo que nem tem necessidade de cumprir mais.
- A dívida já “caducou”. 
- Jacó já morreu, ele não vai poder vir me cobrar mais mesmo aquela promessa!
Yossef, prefigura de Mashiach, que dizia: “seja o vosso proceder sim, sim e não não. O que passa disso, é do maligno” (Mt 5:37) havia se comprometido com o pai, de acordo com Gn 47:29,30 “Aproximando-se, pois, o tempo da morte de Israel, chamou a José, seu filho, e lhe disse: Se agora achei mercê à tua presença, rogo-te que ponhas a mão debaixo da minha coxa e uses comigo de beneficência e de verdade; rogo-te que me não enterres no Egito, porém que eu jaza com meus pais; por isso, me levarás do Egito e me enterrarás no lugar da sepultura deles. Respondeu José: Farei segundo a tua palavra.”
Quantas e quantas promessas não cumpridas! 
Só a título de meditação... nos próximos dias o mundo celebra o fim do ano e o povo sempre faz seus votos, suas promessas, e no fim de 2016, quantas delas terão sido cumpridas?

Outra coisa a se considerar nessa aliah de hoje está no seguinte texto: 
Gn 50:5b, 6 - Agora, pois, desejo subir e sepultar meu pai, depois voltarei. Respondeu Faraó: Sobe e sepulta o teu pai como ele te fez jurar.

José era o governador do Egito, e qualquer coisa que fizesse, ainda mais nesse momento de angústia, seria levada em conta, por seus méritos, mas ainda assim, ele se apresentou ao faraó (seu único superior hierárquico) e comunicou sua saída, pedindo autorização para o fazê-lo.

Isso se chama responsabilidade, respeito. Ele simplesmente deu uma grande lição a todos os hierarquicamente abaixo deles. Quando precisamos nos ausentar do trabalho (especialmente se formos os únicos a desempenhar tal função na empresa) o mínimo que devemos fazer é comunicar ao nosso superior, pedir autorização, informando quando sairá e dando previsão de quando voltará. 

Embora tenhamos direitos (em alguns casos) mas é sempre bom, e nos dias atuais, em que todos possuem celular, pode-se dizer: “olha, vou a tal lugar, resolver um assunto particular, devo voltar tal horário, mas se precisarem de mim, meu celular estará ligado e se eu puder ajudar, o farei.”  
No Brasil, dizemos: “estarei com meu celular, mas talvez não funcione, pode dar fora de área, mas de qualquer forma, em caso de necessidade, tentem me ligar, assim que possivel eu entrarei em contato.” 

O faraó o autorizou, como não podia deixar de ser, e José foi cumprir a promessa que fez ao pai. 

De novo o grande sábio José nos dando lições positivas para o  nosso dia-a-dia. 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Vayetze, Raquel e seus deuses escondidos



Nesse ano, a parashah de Vayetze (e partiu) em seu terceiro ciclo também fala de uma partida, de quando Yaakov parte da casa de seu sogro Labão, retornando à terra de seus pais. Agora, já com sua grande familia, suas esposas Leia e Raquel e os filhos que o Eterno lhe dera.

Ele se aproveita de quando Labão sai para fazer a tosquia de suas ovelhas e vai embora. Labão, avisado depois de três dias, acaba indo atrás de Jacó e o Eterno fala com Labão em sonho, dizendo pra não fazer nada com o nosso patriarca.

O que aconteceu durante essa saída de Jacó? Sua esposa Raquel, por uma circunstância que a Torah não declara, cometeu um erro:
Gn 31:19 diz: “Raquel furtou os ídolos do lar que pertenciam a seu pai.”

Em primeiro lugar, quando ela aceitou se casar com Jacó, também aceitou sua fé, seu Deus, e abandonaria os deuses de seu pai. Mas como vimos, ela, ao fugir, furtou os idolos de seu pai e levou escondido, inclusive de Jacó. 

Esse é um problema de relevância. Quando você sai de uma religião pagã, em busca da fé judaica, é preciso abandonar seus deuses pagãos. É preciso “cortar o cordão umbilical” e todos os vínculos com tradições pagãs. Raquel não conseguiu. 
Ela sabia que era errado, pois do contrário teria dito a Jacó. Ela ocultou de seu marido o fato de ter furtado os deuses de seu pai. Isso causou também a ela uma série de consequências.

Pirkei Avot 4: 2 diz: “Uma boa obra tem sempre como consequência outra boa obra. Um pecado tem sempre como consequência outro pecado.” Foi o que aconteceu com Rebeca. 
Gn 31:35 E ela disse a seu pai: Não se acenda a ira nos olhos de meu senhor, que não posso levantar-me diante da tua face; porquanto tenho o costume das mulheres. E ele procurou, mas não achou os ídolos.

Quando Labão procurava por seus ídolos, Raquel, para não ser encontrada, mentiu a seu pai, dizendo que estava com o costume das mulheres. 

Além do furto, ocultou do marido a verdade, mentiu para o pai, e como consequência sofreu o que disse Jacó: “Com quem achares os teus deuses, esse não viva...Pois Jacó não sabia que Raquel os tinha furtado.” (Gn 31:32) 
Ela morreu no parto de seu filho Benjamin.

Essa atitude de Raquel foi bem diferente da demonstrada por Rute, a moabita, que mesmo instada por Noemi a voltar para seus deuses e seu povo, não aceitou e disse a famosa frase: “Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.” (Rt 1:16)

Raquel foi a única das matriarcas a ser sepultada fora de Machpelah, em Hebron. Ela foi sepultada em Belém, conforme Gn 35:19. Ainda que ela foi a mais amada esposa de Jacó, quem teve o mérito de ser sepultada junto aos patriarcas foi sua irmã Léia: 
Gn 49:31 Ali, sepultaram Abraão e Sara, sua mulher; ali, sepultaram Isaque e Rebeca, sua mulher; e, ali, eu sepultei Léia.

As escolhas que fazemos em nossa vida são aquelas que determinarão se nosso lugar será junto aos patriarcas, ou se será em algum lugar perdido no meio do caminho. 
São nossos atos que vão determinar se teremos um lugar no Olam Habah, no Mundo Vindouro, ou se tombaremos espiritualmente durante a nossa caminhada e não chegaremos aos dias do reino dos céus (Malchut HaShamayim). 

Por isso o gesto de Raquel, o simples gesto de carregar escondido os deuses toma uma relevância espiritual tão grande. Cabe a nós decidirmos se abandonaremos os deuses de onde viemos ou se continuaremos a os carregar escondidos. 

Shemah Yisrael, Adonai Elohenu, Adonai Echad!
Ouve Israel, o Eterno é Nosso Deus, o Eterno é UM!

sábado, 14 de novembro de 2015

Toledot e a vingança ou a paz. Você que escolhe!



Gn 27:41 - Passou Esaú a odiar a Jacó por causa da bênção, com que seu pai o tinha abençoado; e disse consigo: Vêm próximos os dias de luto por meu pai; então, matarei a Jacó, meu irmão.

A parashah de Toledot mostra o conflito entre os irmãos Esau e Jacó e aprendemos muitas lições baseados nisso. A questão principal é como lidamos com esses conflitos, e qual sua origem.

Os gêmeos Esaú e Jacó já brigavam desde o ventre da mãe (Gn 25:22) e irmãos eventualmente brigam, discutem, em busca de ganhar seu próprio espaço no lar, entre a família. Mas Esaú e Jacó já era profetizado que teriam conflitos maiores, e o mais velho serviria ao mais novo, conforme os versos bíblicos nos ensinam. 
Esaú nasceu primeiro, Jacó saiu agarrado ao seu calcanhar.  Desde a infância mostravam que cada um tinha personalidade diferente, um era caçador, outro mais tranquilo, caseiro. 

Jacó, aproveitando-se de uma oportunidade comprou o direito de primogenitura de seu irmão Esaú; comprou baratissimo aliás, em troca de um simples prato de lentilhas. 
Muitas vezes agimos como Esaú, trocando algo valioso por outra coisa muito barata e de benefício passageiro e momentâneo. Esaú estava com fome, e trocou por um prato de comida todo o seu futuro.

Quando seu pai, Isaque, já idoso e cego, viu que era o momento de abençoar seus filhos, Jacó se aproveitou da situação e recebeu a bênção em lugar de Esaú. 
Ao perceber que Jacó tomou sua bênção e que não restara muita coisa para ele, Esaú, instantaneamente deixou seu coração ser invadido pelo ódio, rancor, e todo sentimento negativo com relação ao irmão. Ele prometeu pra si mesmo, assim que o pai falecesse, ele iria matar seu irmão.

Evidentemente não aconteceu o que ele planejava, mas por quanto tempo Esaú alimentaria esse sentimento negativo com relação ao seu irmão? Quanto tempo guardamos sentimentos negativos com relação aos outros? 

De fato, quando somos enganados, quando pessoas se aproveitam de nós, e tiram vantagem, isso gera em nós um sentimento negativo, ruim, de revolta, angústia... muitas vezes dizemos: “nunca mais quero ver tal pessoa na vida!” ou “se eu cruzar com tal pessoa, eu juro que a mato” ou outras frases dramáticas.

Somos aquilo que alimentamos dentro de nós, e há uma frase famosa que diz: “Guardar ressentimento é o mesmo que tomar veneno e esperar que o outro morra” e alimentar esse tipo de sentimento só vai fazer mal a nós mesmos. 

Vejamos o que diz o profeta Amós:
Am 1:11 - 11  Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Edom e por quatro, não sustarei o castigo, porque perseguiu o seu irmão à espada e baniu toda a misericórdia; e a sua ira não cessou de despedaçar, e reteve a sua indignação para sempre.

O Eterno castigaria a Edom (Esaú) por ter retido a indignação para sempre, banido a misericórdia e uma ira que não cessava, perseguindo seu irmão Jacó. 

Imagina que alguém te prejudique em determinada circunstância, e você se sinta tão prejudicado que isso lhe encha seu coração de ira. Onde vai te levar isso? 
Ficar irritado não é pecado. O pecado está no que você faz com sua ira. Vejamos:

Salmos 4:4  Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai.
Esse salmo é cheio de ensinos fantásticos. Irai e não pequeis. Fique irritado sim, mas pense no que você vai fazer. O salmo conclui com:
Sl 4:7,8 Mais alegria me puseste no coração do que a alegria deles, quando lhes há fartura de cereal e de vinho. Em paz me deito e logo pego no sono, porque, SENHOR, só tu me fazes repousar seguro.

É Deus quem coloca alegria no nosso coração, e não importa se os outros estão com fartura na mesa, com comidas e bebidas. O que vale, no fim das contas, é a gente dormir em paz, porque nossa paz vem de Deus. 

Na Brit Chadashah diz: 
Ef 4:26 ,27 Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira,  nem deis lugar ao diabo.
Se alguém te faz o mal, se você se sente prejudicado, deixe sua ira passar, não fique alimentando sentimentos negativos; é você quem estará tomando veneno e não pense que o outro é que vai morrer. 

Nossa bênção, nosso alimento, nossa paz, vem do Eterno e pouco importa se aqueles que nos fazem mal alcançam a prosperidade, se dão bem, ainda que momentaneamente. 
Cada um só pode dar aquilo que tem; o que temos a oferecer? Um coração limpo, puro, cheio de sentimentos de generosidade ou um coração cheio de mágoas, desejos de vingança e morte?

Que Deus nos abençoe com um coração puro e noites tranquilas de sono e paz! Shabat shalom!

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Lições da morte de Abraão em Chayeh Sarah



A parashah é chamada de Chayeh Sarah, “a vida de Sarah” e relata basicamente o que acontece após a morte da matriarca Sarah. Não diz nada sobre a vida dela, sobre como ela era, o que ela fez, mas apenas fala da sua morte.

Sarah morreu em Hebrom e lá foi sepultada por seu esposo Avraham. Posteriormente, na aliah de hoje (Gn 25:7-11) o próprio Avraham foi sepultado junto dela, na caverna de Machpelah.

Gn 25: 7,8  “Foram os dias da vida de Abraão cento e setenta e cinco anos. Expirou Abraão; morreu em ditosa velhice, avançado em anos; e foi reunido ao seu povo.”

Nosso patriarca viveu bem intensamente seus 175 anos e atingiu uma velhice feliz. Ele teve uma vida cheia de situações, riqueza, fome, mulher estéril, depois muitos filhos, enfim, ele viveu momentos difíceis e momentos felizes, como todos nós, mas no fim dos seus dias, Avraham pôde olhar pra trás e ver que foi feliz. Ele foi “reunido ao seu povo”, quer dizer, quando foi sepultado por seus filhos, ele foi pra mesma caverna onde estava Sarah, sua amada esposa. 

Nossa vida pode ter altos e baixos, momentos bons e ruins, mas no fim, o que vale é estarmos juntos de nosso povo. De que valeria ganhar o mundo e perder nossos familiares? É preciso valorizá-los enquanto estamos juntos, vivos, e desfrutar de momentos preciosos juntos. Depois de mortos, não teremos mais tempo para desfrutar. 
Avraham, na sua morte, teve seus dois filhos, Ishmael e Itschak juntos novamente. Alguns dizem que Ishmael buscara o arrependimento e no fim de seus dias, Avraham pôde ver seus filhos em paz. Triste é quando vivemos em guerra e só nos reunimos no momento de sepultar alguém a quem amávamos. Aproveite a vida, esteja com os seus amados, saiba atingir sua velhice de forma feliz, como Avraham.

Gn 25:9-10 Sepultaram-no Isaque e Ismael, seus filhos, na caverna de Macpela, no campo de Efrom, filho de Zoar, o heteu, fronteiro a Manre,  o campo que Abraão comprara aos filhos de Hete. Ali foi sepultado Abraão e Sara, sua mulher. Depois da morte de Abraão, 

Esse texto é bem relevante e nos mostra também situações  comuns em nossa vida, mas que precisamos estar atentos. 
Como vimos, Abraão foi sepultado com Sarah, e o texto diz: “no campo em que Abraão comprada aos filhos de Hete”. 
É sempre ruim falar da morte, mas estamos nós preparados? Não digo apenas espiritualmente (que é o mais difícil) mas materialmente. Abraão já havia comprado o terreno, já havia sepultado Sarah e seus filhos já sabiam onde deveriam sepultá-lo. 
Muitas vezes as pessoas não falam sobre a morte, por terem receios, por ser um tabu, e isso é uma grande ignorância. Todos morreremos e isso é parte do processo da vida. Se falarmos sobre isso com nossos familiares, não estaremos atraindo a morte, mas deixando nossos queridos tranquilos. 
É preciso ter maturidade, falar se tem plano funerário, explicar situação financeira, contas em quais banco, etc... são coisas simples, mas no momento dificil, nosso familiares poderão lidar com a situação de maneira mais “tranquila”. Alguns acham: “ah! se eu tiver que falar a senha do banco pra minha mulher, pra meus filhos, ... ” Então tá, e se você morrer? Adiantou o quê eles não saberem quanto você tem no banco? Adiantou o quê ter plano funerário e não contar pra familia? Nada, e eles ainda terão que pagar por algo que eventualmente já esteja pago. O mesmo vale para seguro de vida, planos de aposentadoria, etc... deixe seus amados saberem, afinal são eles os herdeiros, tanto das riquezas, quanto das dividas. 
Por falar em dívidas, Avraham morreu sem ter dívidas com ninguém. Procure manter suas contas em dia, e como disse Shaul HaShaliach: “a ninguém deveis coisa alguma, a não ser o amor.”

Gn 25:11 - Deus abençoou a Isaque, seu filho; Isaque habitava junto a Beer-Laai-Roi.
Interessante observar que quando Avraham morreu, seu filho Isaque tinha 75 anos, os mesmos 75 anos que Avraham tinha quando foi chamado pelo Eterno. 
Ainda que em Gn 25:5 diga que: “Abraão deu tudo o que possuía a Isaque” as riquezas materiais não representam bênçãos de D-us. E nosso Senhor só abençoou Isaque, transferindo a ele aquilo que pertencia a seu pai, a bênção do Eterno, quando Isaque já tinha seus 75 anos.
Como filhos, devemos procurar ser dignos de ser abençoados pelo Senhor. E como fazer isso? Honrando nossos pais. Pois como foi dito:
Ef 6:2,3 - Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.

Que as bênçãos do Eterno estejam conosco essa semana e bom shabat a todos!

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Chayeh Sarah, casamento, solidão e casamento





A parashah é chamada de Chayeh Sarah, “a vida de Sarah” e relata basicamente o que acontece após a morte da matriarca Sarah. Não diz nada sobre a vida dela, sobre como ela era, o que ela fez, mas apenas fala da sua morte.

Sarah morreu em Hebrom e lá foi sepultada por seu esposo Avraham. Posteriormente, outros de nossos patriarcas e matriarcas lá foram sepultados também. 

Com sua morte, o filho Isaque (já perto de seus quarenta anos) ficou sozinho e então Avraham, nosso patriarca, enviou seu servo Eliezer para buscar uma esposa para Isaque. 

O capítulo 24 fala exclusivamente do casamento de Isaque, e conclui com o verso que diz que: 
“Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe, Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim, Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe.”

Isso mostra o quanto o papel da esposa, como “substituta” da mãe é importante. Rebeca foi capaz de trazer o consolo que Isaque precisava, ocupando carinhosamente o espaço deixado pela morte de Sarah no coração de Isaque.

Agora sim, podemos entrar na aliah de hoje (Gn 25:1-6)
Gn 25:1 diz: “Desposou Abraão outra mulher; chamava-se Quetura.” 
Rashi, famoso sábio intérprete da Torah, que viveu cerca de 900 anos atrás, dizia que Quetura era a mesma serva Agar, e que o nome Quetura vem de “Ketoret” que significa incenso, pois suas obras eram tão boas e agradáveis quanto incenso. 
Independente do fato de ser a mesma Agar ou não, em 1 Cr 1:32, fala de Quetura como uma das concubinas de Avraham, mas podemos ver que, enquanto Sarah estava viva, não é citado o fato de Avraham ter concubinas, e ela viveu com ele até que ele tivesse seus 137 anos de idade. 
Em Gn 25:7 diz que Avraham viveu até os 175 anos, portanto, desde a morte de Sarah, nosso patriarca viveu mais 38 anos. 

De vez em quando, nas rodas de bate-papo, discute-se que se a esposa morrer, o marido deve se casar de novo ou não e vice-versa. E aí? Sim ou não?

Acredito que essa seja uma questão mais de cunho pessoal,  de necessidades individuais e não de se podemos ou não. Para quem está de fora, é sempre muito fácil emitir julgamentos. 
Muitos dizem: “Ah! o marido mal faleceu e a mulher já está arrumando outro casamento; isso é errado!” E qual deve ser o período que a pessoa deve esperar? 

Bom seria se o casal morresse junto, em ditosa velhice, mas sabemos que a realidade é outra. Se Avraham não se casasse, ele teria que viver 38 anos sozinho; no entanto, ele que foi um bom marido para Sarah, diante da fatalidade da morte da esposa, já com seus 127 anos, tratou de resolver a vida do filho, casando-o com Rebeca, e depois cuidou de si mesmo, casando-se novamente e tendo outros seis filhos com Quetura.  

Isso mostra que Abraão era um homem cheio de vida, e teve a satisfação de continuar a gerar filhos, ainda em sua velhice.   E esses filhos jamais ficaram desamparados, pois receberam atenção e presentes do patriarca; por outro lado, Isaque foi o filho que recebeu como herança aquilo que o pai possuía (Gn 25:5)  

Assim como Avraham, a bíblia traz uma série de outros personagens que tiveram a chance de um novo casamento, de seguirem a vida. 
Rute, por exemplo, com a morte do marido, foi orientada por Naomi, sua sogra, a procurar voltar para Moabe e reconstruir a vida com seu povo; no entanto, ela foi com Noemi e acabou se casando pela segunda vez, com Boaz. Da descendência dela veio o Rei David e o Mashiach de Israel. Se fosse errado, Mashiach não viria de Rute.
Na Brit Chadashah, os saduceus, ao questionarem Yeshua acerca da ressurreição citaram, em Mt 22, um caso de uma mulher que teve a infelicidade de se casar e ficar viúva por sete vezes... 

Uma pessoa que se casa pela segunda, terceira vez, independente do fato de ter ficado viuva ou de ter tido a infelicidade de um casamento ruim e o divórcio, tem o direito de buscar sua felicidade; nós, como pessoas de bem, que procuram sempre ver e torcer pelo bem do próximo, devemos orar e olhar para que todos possam encontrar um cônjuge que lhes complete e que vivam uma vida conjugal plena de realizações. 

Mas, se alguém ficar viúvo, seja jovem ou velho, e decidir seguir a vida sozinho, que essa pessoa também possa encontrar a felicidade à sua maneira. O que ninguém merece é viver a infelicidade de terminar seus dias na completa solidão.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Parasha Vaiera e as Lições da Akedah de Itschak.



Nessa parashah temos um dos relatos mais impressionantes de fé e amor a Deus já dado, quando nosso patriarca Avraham atende ao pedido do Senhor para sacrificar seu filho Isaque. 
A aliah de hoje (Gn 22:1-8) fala disso, daquilo que é chamado em hebraico de “akedah de Itschak”. E quantas e quantas lições para nossa vida podemos aprender com essa história? Muitas, mas aprender é uma coisa, colocar em prática é outra, bem diferente. 

Gn 22:1 - Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui!
A primeira lição é: Quando o Eterno te chama, você responde? Diz, como Abraão: Eis-me aqui!
Muitas vezes as pessoas ficam esperando D-us falar (pessoalmente) com elas e não se dão conta que o Eterno está falando, através da Torah, através dos profetas, através da pregação na sinagoga... e quando o recado de Deus vai direto para elas, as pessoas só tomam para si se for “coisa boa”, mas quando é uma exortação, elas ignoram; mas... continuam esperando Deus falar com elas. 

Gn 22:2  Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei.
Ah, e Deus falou com Abraão. E aí, lhe pede o filho, o único filho, em sacrifício. Talvez aí, a gente já deixe de ser como o patriarca, pois quem teria coragem de obedecer a um pedido desses? 
O Eterno sabia que Abraão amava seu filho, por isso está escrito: “teu filho Isaque, a quem amas”. Deus sabe aquilo que para nós é importante, aquilo que amamos, e por isso mesmo, nos pede para abrir mão. E é nessas horas que pensamos: “se fosse Deus de verdade falando comigo, Ele saberia que não posso fazer isso, pois amo tal pessoa, tal coisa, tal .....” 
Não estamos dispostos a sacrificar. Sacrificar parte do salário (com dizimos e ofertas), sacrificar minha folga (perder meu dia de descanso pra fazer algo pela kehilah é um grande sacrificio) e quem nao está disposto a sacrificar, não verá o Eterno provendo o Cordeiro para o holocausto. 

Outro aspecto nesse verso é o Monte Moriah, o local da akedah, é o mesmo local onde o Eterno estava ao criar o mundo, é o mesmo local onde foi erguido o Templo, em Jerusalém, e é claro, o centro do governo de Mashiach no futuro. Por isso, D-us ouve as preces que lá são feitas. O lugar é sagrado! 
Se você deixa o Moriah fora de sua vida, se não está disposto a fazer seu sacrificio, ir até lá e buscar ao Eterno, como esperar que Ele te ouça? 

Gn 22:3  Levantou-se, pois, Abraão de madrugada e, tendo preparado o seu jumento, tomou consigo dois dos seus servos e a Isaque, seu filho; rachou lenha para o holocausto e foi para o lugar que Deus lhe havia indicado.
Esse é outro verso emblemático, se você quer fazer algo para Deus, faça você mesmo, levante-se cedo, saia do seu lugar, saia da sua “zona de conforto”, rache sua própria lenha para o o holocausto, e vá para onde Deus lhe tem indicado. 
Como podemos ser obedientes ao Eterno se não estivermos dispostos a sair de nosso lugar? Isso é o que chamamos de “obediência por conveniência”; só faço se o que for me pedido já estiver na minha mente fazer e eu obtiver algum benefício com isso.
É preciso que cada um esteja disposto a preparar seu próprio holocausto. 

Gn 22:4  Ao terceiro dia, erguendo Abraão os olhos, viu o lugar de longe.
A caminhada para o seu holocausto pode ser longa; a de Abraão foi de três dias. Ele avistou o lugar de longe, e é de longe mesmo que avistamos o cumprimento das mitsvot... e de longe também avistamos as promessas. Israel caminhou por quarenta anos até chegar na terra prometida. A caminhada de Abraão até sua circuncisão e o pacto com Deus foi de vinte e quatro anos. Nada na vida é fácil, nada é “logo ali”. 

Gn 22:5  Então, disse a seus servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós.
De novo, tem caminhos que podemos estar acompanhados, quer de servos, quer de amigos, mas há passos, jornadas, que precisamos seguir sozinhos. Abraão, ao avistar o lugar do sacrifício, dispensou seus servos. Ele não tinha dúvida em sua cabeça, estava disposto a obedecer até o fim, e na verdade o judaísmo considera como se ele de fato tivesse sacrificado Isaque naquele altar. 
Mas o mesmo verso diz: “havendo adorado, voltaremos para junto de vós”. De alguma maneira Avraham sabia também que não ficaria sem seu filho amado. Isso se chama fé!
Quando vamos fazer algo, precisamos ter a certeza de que aquilo vai dar certo. Como é triste quando nos propomos a algo e nossos companheiros, ou nossa dúvida, nosso subconsciente nos diz: “Isso não vai dar certo!” Aí quando a coisa não dá certo mesmo, dizemos: “alguma coisa dentro de mim dizia que isso daria errado” 
Besteira! Se for pra ter dúvidas, é melhor não fazer. Se você tem dúvidas da sua fé, se tem dúvidas do Deus que serve, qual a razão de servir a Deus? Se tem dúvidas de que Yeshua seja seu Mashiach, qual a razão de crer nele? 
Exercite sua fé! Abraão tinha certeza de que tudo daria certo e por isso mesmo alcançou a bênção e viu o Eterno provendo o sacrificio para si. Quem não tem fé, não vê a provisão divina, que se mostrou na sequencia dos versos de Gn 22. Confie em Deus, exercite sua fé, saida da “zona de conforto” e sacrifique!

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Vaiera e a lição do poço, o poço da cegueira!



A parashah dessa semana relata o nascimento e boa parte da vida de Itschak (a vida dele não contempla muitas parashiot, pois Isaque era um homem do bem, pacato e “não rende muitas histórias” ser assim) Mas deixando um pouco esse grande homem de lado, vamos ver a aliah de hoje, de acordo com o terceiro ano do ciclo trienal.

Gn 21:14-21 “Levantou-se, pois, Abraão de madrugada, tomou pão e um odre de água, pô-los às costas de Agar, deu-lhe o menino e a despediu. Ela saiu, andando errante pelo deserto de Berseba. Tendo-se acabado a água do odre, colocou ela o menino debaixo de um dos arbustos e, afastando-se, foi sentar-se defronte, à distância de um tiro de arco; porque dizia: Assim, não verei morrer o menino; e, sentando-se em frente dele, levantou a voz e chorou.  Deus, porém, ouviu a voz do menino; e o Anjo de Deus chamou do céu a Agar e lhe disse: Que tens, Agar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino, daí onde está. Ergue-te, levanta o rapaz, segura-o pela mão, porque eu farei dele um grande povo. Abrindo-lhe Deus os olhos, viu ela um poço de água, e, indo a ele, encheu de água o odre, e deu de beber ao rapaz.   Deus estava com o rapaz, que cresceu, habitou no deserto e se tornou flecheiro;  habitou no deserto de Parã, e sua mãe o casou com uma mulher da terra do Egito.”

Todos sabemos que Agar, a serva egípcia de Sara, ao engravidar, passou a desprezar sua senhora e isso também se passou com seu filho Ishmael, que, ao ver nascer Isaque, começou a zombar do irmão desde cedo e acabaram sendo expulsos da presença de Sara e Abraão. 

Pois bem, primeiro cabe ressaltar que quem age dessa maneira, menosprezando, zombando dos outros, especialmente seus irmãos (sejam eles congregacionais ou de sangue) acaba ficando sozinho. 

Sl 1:1,2  diz: “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite.”
Ficar junto aos escarnecedores é perder tempo com coisa inútil. 

Mas voltando ao texto da aliah, percebemos que Agar estava em desespero com seu filho adolescente. Sem água, ela não via solução e se distanciou do filho, para não vê-lo morrer. 
Mas Agar estava cega. “Cega” não literalmente, mas pelo fato de não enxergar solução para seus problemas. E quantas vezes nos encontramos assim na vida? Tomados pelo desespero, não enxergamos saída para o “buraco em que nos metemos”. 

Aí Deus aparece, abre os olhos de Agar e ela finalmente viu um poço de  água bem à sua frente. O poço estava ali? Provavelmente, porque caso contrário, a Torah declararia que o Criador teria feito um poço, mas ela afirma: “Abrindo-lhe Deus os olhos, viu ela um poço”

1) Muitas vezes a solução de nossos problemas está ali, bem diante dos nossos olhos, mas no desespero, não somos capazes de refletir, de enxergar e acabamos não vendo o poço. 
2) É Deus quem abre nossos olhos. Se vivemos uma vida distante do Eterno, na hora de dificuldade, quem abrirá nossos olhos? Amigos? Outros tão cegos quanto nós mesmos? 

Lucas 6:39  E disse-lhes uma parábola: Pode, porventura, um cego guiar outro cego? Não cairão ambos na cova?

Por outro lado, é Ele quem abre nossos olhos, quem faz cair as escamas que nos impedem de enxergar as coisas como realmente são. Muitas vezes lemos a bíblia, mas não temos força o suficiente para confiar em suas palavras. Um salmo muito conhecido diz:

Salmos 37:5  Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele tudo fará.

Você pode encontrar a solução de seus problemas, na maioria das vezes, tendo calma para refletir sobre o caminho a ser seguido, mas se ainda assim não se sentir apto (ou mesmo se sentindo) o melhor caminho para a resolução dos dilemas da vida está em buscar o Eterno. Entregar o caminho diante dEle e permitir que Ele nos guie.

Apenas para ilustrar, uma breve lição aprendida na Brit Chadashah: “O que fazemos quando não temos tamanho o suficiente para alcançar algo que está a três metros de altura?” Pegamos uma escada, certo? E se não tiver escada, cadeira, ou algo semelhante? É preciso pensar numa solução criativa, porque nessas horas virão pessoas pra dizer: “Deixa pra lá, você não vai alcançar mesmo” Aí, meu amigo, leia a história de Zaqueu. 
Zaqueu, diante de uma dificuldade que a vida lhe impos (ser baixinho) encontrou uma maneira de ver o Messias, subindo numa árvore. Quantos diriam: que adianta eu ir? tem uma multidao esperando e eu sou pequeno, nunca vou nem vê-lo.
Algumas pessoas colocam as dificuldades acima de sua capacidade criativa, de encontrar soluçoes. (Lc 19:1-6)

A verdade é que a grande maioria das pessoas nao está preparada para lidar com os problemas que elas mesmas se causam. Se tivermos o cuidado de vivermos dentro dos preceitos do Eterno, teremos menos problemas. 
Na sequência da parashah temos Gn 22... você está preparado para ter sua fé provada? Nas dificuldades é que mostramos, provamos e nos fortalecemos na fé... 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Bereshit e os homônimos. Cada um é cada um!



Gn 5: 18  Jarede viveu cento e sessenta e dois anos e gerou a Enoque.

Ao ler essa parashah nos deparamos com uma genealogia, mostrando as gerações a partir de Adam. Se lermos atentamente já a partir do capítulo quatro, veremos que a maioria dos homens gerou filhos e filhas, mas é evidente que nem todos foram citados nominalmente (nem a quantidade de filhos).

Na quarta Aliah de acordo com o ciclo trienal (Gn 5:15-20) temos a geração de Jarede, descendente de Shet. O que a citação de genealogia pode nos ensinar? Muita coisa!

1) Todos temos pai e mãe. É bom saber de onde viemos, e reconhecer e respeitar (porque o mandamento diz que devemos honrar pai e mãe para que tenhamos longos dias)
2) Ainda que nossos pais são responsáveis por nossa criação, nem todos seguimos o caminho por eles idealizado.
3) Nesse caso especifico, a genealogia mostra que as gerações que sucederam à primeira foram tendo sua vida encurtada, à medida que se afastavam do fruto da vida, e do espírito e da presença do Senhor.
4) Nomes, muitos nomes, e nem sempre o nome que carregamos retrata aquilo que nós somos. E é aqui que quero fazer o breve comentário de hoje...

Jarede gerou a Enoque. Enoque já viveu trezentos e sessenta e cinco anos. Seu filho Matusalém foi o que viveu mais, alcançando 969 anos de vida.

De acordo com alguns dicionários de nomes, Enoque significa literalmente: “o Iniciado, dedicado, consagrado”. Está associado à hanakh “ele dedicou, ele consagrou” e hannukkah “dedicação, consagração”.

Pode-se dizer que esse Enoque cumpriu o que seu nome diz, pois a Torah declara que ele andava com Deus. A bíblia até traz uma citação diferente a seu respeito ao dizer: “E andou Enoque com Deus; e não se viu mais, porquanto Deus para si o tomou.” (Gn 5:24) 

Aqui cabe citar que de acordo com alguns, baseado nesse verso, Enoque não morreu, estando vivo até hoje, no céu...
O livro da Torah, editora Sefer, diz em seu comentário que ele MORREU. Já o livro Torati, na página 19, diz que ele NÃO MORREU, mas no comentário diz: “Quando uma pessoa vive andando com Deus, isto é, obedecendo a Seus Mandamentos e imitando Sua Conduta, ao educar seus filhos ele transfere conhecimentos de validade eterna, sendo lembrada por gerações e gerações, o que a torna “imortal”. 

Cabe ressaltar que Hebreus, na Brit Chadashah cita Enoque entre os “heróis da fé” ao dizer: “Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte e não foi achado, porque Deus o trasladara, visto como, antes da sua trasladação, alcançou testemunho de que agradara a Deus.... Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; ...” (Hb 11:5,13) Enoque morreu! 

Mas voltando à genealogia, o tema aqui não é se ele morreu ou não, é o nome dele, de ser consagrado... nem todo mundo se dá conta de que antes dele houve um outro Enoque, filho de Caim...
Gn 4:17-18 - E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu e teve a Enoque; e ele edificou uma cidade e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque. E a Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael, e Metusael gerou a Lameque.

Se observarmos bem, Enoque, filho de Caim, teve um tataraneto chamado Lameque. Esse Lameque foi o primeiro que consta ter duas esposas na Bíblia. E esse Lameque nada tem a ver com o outro Lameque, que foi o pai de Noé. (Gn 5:28,29) O pai de Noé veio da descendência de Shet. 

Embora ambos os Lameques tivessem nomes iguais, eles tiveram postura de vida diferentes. O mesmo ocorreu com os Enoques. 
É evidente que quando escolhemos o nome de nossos filhos, escolhemos nomes “positivos” (Quantas vezes você conheceu alguém chamado Caim? Mas quantos Abel existem?) Mas não basta dar um nome bonito, temos que educá-los com boa educação, chinuch, transmitir a eles bons principios. Isso garante um bom futuro? Que ele será uma boa pessoa? Não!

Seja como for, são nossos filhos que escolherão o caminho por onde irão trilhar, e da mesma forma, após a conversão, ao recebermos um novo nome, espera-se que também saibamos escolher um bom caminho e que o nosso nome nos inspire a seguir a vontade do Eterno.

Seja você um Enoque, Lameque, Yehoshua, Hannah ou Sarah, saiba que é você quem escolhe seus caminhos, e não, eles não são determinados pelo nome escolhido, mas por suas próprias escolhas durante a vida. 

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Bereshit e a vida de Shet ben Adam



Gn 5:6-8 - E viveu Sete cento e cinco anos e gerou a Enos. E viveu Sete, depois que gerou a Enos, oitocentos e sete anos e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Sete novecentos e doze anos; e morreu.

A segunda aliah desse ciclo trienal compreende os versos de Gn 5:6-8 e falam da vida de Shet, o filho de Adam. O que podemos aprender com a vida dele, relatada brevemente nestes três versos?

Primeiro lugar, há duas razões pelas quais o nome de Shet é citado, como descendente de Adam.
1) Em Gn 5:4 fala que Adam teve filhos e filhas, depois de ter gerado a Shet. Nossos sábios contam que só Shet foi citado porque dele veio a sequência que chegou a Avraham Avinu, portanto, de Shet vieram os filhos de Israel.
2) Em Gn 4:25 temos:”E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ela teve um filho e chamou o seu nome Sete; porque, disse ela, Deus me deu outra semente em lugar de Abel...”
Shet veio para “substituir” o filho Abel. 
A perda de um filho causa uma dor irreparável aos pais; cada filho é único, ele tem o dom de conquistar os pais, seja com pequenos gestos ou grandes atos; e não importa se um filho é excelente ou seja mau, todos os pais amam seus filhos. Por isso mesmo Abraão, nosso patriarca, sofreu ao dispensar Ishmael, porquanto este zombava de Isaque. Para Sarah, obviamente foi muito fácil, pois ela não era mãe de Ishmael. 
Temos uma facilidade enorme de criticar os filhos alheios, de apontar, dizer que merecem ser punidos, que deviam ser excluídos da comunidade,... mas só pais sabem a dor que isso causa. Lembremo-nos do caso do profeta Jonas, que queria que os ninivitas fossem destruidos, mas teve misericórdia da aboboreira. Isso explica como estamos distantes do atributo divino da misericórdia, da capacidade de nos compadecermos e de nos colocarmos no lugar dos outros. 

Enfim, Shet veio para ocupar o espaço deixado pela dor da perda de Abel. Ele nunca seria capaz de ser como Abel, mas ele podia preencher a lacuna, o vazio no coração dos pais. 
Nós, ao casarmos, devemos ter em mente a intenção de gerar FILHOS. Quem tem um único filho, corre o risco de, D-us nos livre, mais tarde ver o filho falecer e não ter mais condições de gerar um novo filho pra amenizar o vazio. Pensem nisso!

Abel foi aquele que apresentou uma oferta agradável diante do Eterno (e por isso foi morto pelo irmão Caim) e Shet teve a dificil missão de estar “no lugar” de Abel. Shet gerou a Enosh, e a Torah diz: “A Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos; daí se começou a invocar o nome do SENHOR.”

Em Enosh, o neto de Adam, começou-se a buscar ao Eterno, a invocar o nome dEle. Pode-se dizer que a “religião, a fé” começou com Enosh, o descendente daquele que ocupou o espaço deixado pelo primeiro homem a agradar ao Eterno com sua oferenda.

Quando nascemos, fomos frutos de um sonho de nossos pais, que, invariavelmente, amam os filhos desde o ventre, fazem planos, sonham com um filho bom, brilhante, cheio de boas obras. Não consigo imaginar que possa haver pais que não desejem boas coisas e o bem ao filho e que não façam planos e sonhem com isso.

Adam gerou Shet, quando tinha 130 anos e viveu mais 800 anos depois disso. Shet gerou a Enosh, quando tinha 105 anos, então isso significa que Adam viu Enosh por 695 anos, e pôde ver seu neto invocando o nome do Eterno. E a história positiva (e negativa) seguindo...

Que esse breve relato da vida de Shet nos sirva de exemplo e aprendizado para que sejamos capazes de criar nossos filhos para o bem, e que eles estejam entre aqueles que “invocam o nome do Eterno.”

Shavuah Tov!

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Bereshit e a semelhança com o Criador



Gn 5:1 - Este é o livro da genealogia de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez;

Estamos reiniciando o ciclo de estudos da Torah, e após os vários dias festivos, é sempre bom o recomeço e nos inspiramos e renovamos, acreditando que esse ano será melhor e que aprenderemos mais e mais da Torah e da vontade do Eterno. 
Para nossa comunidade, esse é o início do terceiro ciclo da Torah, então, a porção de Bereshit compreende o texto de Gn 5:1 a 6:8. Como temos incentivado, procure nesse ano, estudar, ler a cada aliah em sua porção diária (hoje, compreendendo Gn 5:1 a Gn 5:5, apenas cinco versos)

O primeiro verso desse ciclo nos lembra que o Eterno criou o homem à semelhança de D-us. Como assim?
O primeiro homem, Adam, era semelhante ao Criador em suas características, seu caráter, sua personalidade, não em sua forma física. 
Se crermos que o Eterno é como nós, com braços, pernas, orelhas, nariz, estaremos indo contra o terceiro princípio da fé judaica, que diz: “Ani maamin beemuna shelema, shehaborê yitbarach shemo êno guf, velo iassigúhu massiguê, veên lo shum dim’ion kelal.” ou seja: “Eu creio, com fé completa, que o Criador, bendito seja Seu nome, não é corpo e não se pode assemelhar à matéria. E Ele não tem nenhuma comparação com qualquer coisa.” (Sidur, pagina 120)

Alguém pode perguntar, como ficam aqueles versos que falam que o Eterno tem braços, mãos (Eis que a mão do Senhor não está encolhida, nem surdo o seu ouvido...) nariz, olhos... etc...?  D-us, em Sua infinita sabedoria, nos propicia na Bíblia formas de entendermos a vida, e o uso de termos como as partes do nosso corpo nos dá a oportunidade de compreendermos um pouco mais acerca daquilo que Ele quer, da relação que D-us quer que construamos com Ele. 

Há várias interpretações rabínicas a respeito de que semelhanças o homem tinha com o Criador; alguns colocam o homem como semelhante na questão espiritual, outros no caráter, outros na capacidade de pensar, no domínio sobre a terra e os animais, no principio, assim como o Criador. 
Eu prefiro sempre o homem semelhante ao Criador no caráter, na capacidade de ser misericordioso, de pensar, perdoar, ajudar... tanto que quando alguém tem um gesto de generosidade, as pessoas logo atribuem isso dizendo que tal gesto “é divino” “só pode ser de Deus” ou algo semelhante.

Como estamos iniciando o ano, é tempo de renovar nossas esperanças de que o homem reencontre dentro de sí o caráter divino, essa semelhança com o Criador. Eu espero por isso, anseio por isso, e se realmente revelarmos dentro de cada um de nós esse caráter divino, seremos capazes de fazer o tão falado “Tikkun Olam”  a restauração do mundo, através do Mashiach Yeshua, que vive dentro de cada um de nós. 

Para concluir, hoje, enquanto saí do escritório para vir à sinagoga, minha carteira caiu de meu bolso e não percebi. De repente, meu celular tocou e era uma senhora dizendo que havia encontrado minha carteira na rua, próximo à CINA, e ela gostaria de me devolver. Prontamente fui até a casa dela e ela me entregou; eu tinha uns trocados e resolvi dar à ela vinte reais, como gratidão, e apesar de eu insistir, ela e o marido rejeitaram e disseram: “não fizemos nada demais, isso era nossa obrigação”. Agradeci e voltei pra sinagoga com as esperanças renovadas de que ainda há pessoas de bem, pessoas que, mesmo entre os gentios, mostram os traços de caráter divino dentro de si, ainda restando um pouquinho do Adam dentro delas, um pouquinho de semelhança com o Criador. 

Shavuah tov e bom estudo de parashah, bom ciclo, bom reencontro com o Sagrado nesse ano de 5776.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Parashah Matot / Massei: Tamu Junto? Será verdade mesmo?



Nm 32:6 - Porém Moisés disse ao filhos de Gade e aos filhos de Rúben: Irão vossos irmãos à guerra, e ficareis vós aqui?

Ao chegarmos em mais essa porção e concluirmos o livro de Bamidbar, vemos duas parashot juntas (Mechubarot). Matot e Massei (Tribos e Jornadas) O próprio nome das parashot já nos ensina muita coisa.

O midrash diz que quando Moshê abriu o Mar para o povo passar, na saída do Egito, o mar não se abriu em dois, e todos passaram juntos, mas que o mar teria se aberto em doze túneis e as tribos passaram em separado, cada qual em seu túnel; alguns dizem que pode ser para preservar cada tribo em seu lugar, outros dizem que é porque elas não conseguiam viver unidas e brigariam. Enfim, seja apenas um midrash ou seja correto, o fato é que hoje, ao ler o relato, vemos que de fato, na maioria das vezes, pessoas buscam seu proprio interesse.

Vejamos o que ocorreu:
Nas primeiras aliot desse ciclo trienal lemos que as tribos de Ruben e Gade pediram pra ficar nas terras de Gielade, antes de cruzarem o Jordão. O verso inicial diz: “Viram que a terra de  Jazer e de Gileade era lugar de gado.” (Nm 32:1)
Como eles possuiam gado, achaaram a terra boa pra eles e pronto, já queriam ficar por ali. Resultado: Levaram uma sonora bronca de Moshê.

É engraçado como para algumas pessoas, a atitude inicial de Ruben e Gade são semelhantes... ou seja, estamos juntos até a hora que atingirmos nossos objetivos (pessoais) e daí em diante, vocês que sigam sozinhos. Estamos na sociedade, na congregação, até o momento em que comprarmos (todos juntos) o nosso imóvel, ajeitarmos nossa congregação e aí; bom aí, já tá tudo certo pra nós... vocês que se virem, vamos ficar aqui desse lado do Jordão. 

Isso é típico de pessoas egoístas, que entram no grupo até que eles se sintam beneficiados, daí caem fora. Bom, já temos a nossa Beit (comprada por exemplo com dinheiro de todas as kehilot unidas) e podemos seguir nosso rumo sozinhos. Que decepção!

Moshe diz: “Irão vossos irmãos à guerra, e ficareis vós aqui? Por que, pois, desanimais o coração dos filhos de Israel, para que não passem à terra que o SENHOR lhes deu?” 
A atitude egoísta deles faria com que os demais irmãos, as demais tribos se desanimassem. 

E o discurso de Moshê aos Rubenitas e Gaditas conclui-se com: “Eis que vós, raça de homens pecadores, vos levantastes em lugar de vossos pais, para aumentardes ainda o furor da ira do SENHOR contra Israel. Se não quiserdes segui-lo, também ele deixará todo o povo, novamente, no deserto, e sereis a sua ruína.” (Nm 32:14-15)
Moshê chama as duas tribos de pecadores, causadores da ira do Eterno, e responsáveis pela queda e destruição DE TODO O POVO. 

Eles, assim como todos podem ter gestos egoístas, viram a oportunidade de  se beneficiar, acharam a terra boa para seu rebanho e pronto. Falando abertamente: E as demais tribos? “Dane-se todos!”
A diferença de Ruben, Gade e os causadores de divisão hoje reside no fato de que Ruben e Gade deram ouvidos a Moisés. Eles ficariam com aquela terra, porque era boa para eles, mas continuariam juntos às demais tribos, nas guerras, nas conquistas, até que todas tivessem estabelecidas em seus devidos lugares. 

Uma frase comum hoje é: “TAMU JUNTO”  mas será mesmo?

Antigamente as tribos eram definidas por familiares, pelos clãs, então tinhamos os rubenitas, gaditas, levitas,... hoje, tribos modernas se unem por seus interesses comuns, então temos as tribos dos skatistas, dos góticos, dos nerds, dos gamers, enfim, temos vários grupos de pessoas que se unem e formam uma “tribo”. 
Há pessoas honestas, que preservam sua fidelidade às crenças, e respeitam os demais grupos que estão caminhando lado a lado. Tem certas coisas que só funcionam se todos forem fiéis. Os infiéis são aqueles que se aproveitam, ficam “JUNTOS” até o dia do benefício próprio. Aí mostram seu caráter e falta de responsabilidade.

Em suma: dizer TAMU JUNTO é fácil, o difícil é ser como Ruben e Gade, ouvirem o conselho de Moshê e, deixando o egoísmo de lado, seguir ao lado dos irmãos e não ser causadores DA DESTRUIÇÃO DO POVO. 

A propósito: o correto é ESTAMOS JUNTOS, e preservar nossa língua é bom. 
Que o Eterno nos permita não apenas estarmos juntos, mas sermos um, sempre!

terça-feira, 30 de junho de 2015

Parashah Balak e será que estamos entendendo?


A parashah dessa semana Balak compreende o texto da Torah em Nm 22:2 a Nm 25:9 e, como sempre, traz ensinos maravilhosos.

Sl 92:6-8 - O inepto não compreende, e o estulto não percebe isto: ainda que os ímpios brotam como a erva, e florescem todos os que praticam a iniqüidade, nada obstante, serão destruídos para sempre; tu, porém, SENHOR, és o Altíssimo eternamente.

A nossa visão muitas vezes nos engana, no que é chamado de ilusão de ótica, assim como as palavras muitas vezes conduzem ao engano quando são mal interpretadas. 
Para falar da parashah de Balak, cujo personagem principal é Bilam, esse é um detalhe importante. O que você vê? Como você julga? De que forma entendemos os desígnios de D-us?

O texto inicial de Salmos 92 nos mostra que “o inepto não compreende” e o que é inepto? 
De acordo com o dicionário, inepto é aquele que não é inteligente, que é incapaz. 
Da mesma forma o estulto, insensato, ignorante não é capaz de perceber as coisas. Ambos se assustam ao ver o ímpio florescendo, os iníquos “parecendo levar vantagem” e aí interpreta de forma errônea e por vezes é tentado a ficar do lado dos tais, afinal “tudo está tão evidente”. O texto diz: “nada obstante, serão destruídos para sempre. Tu, porém, Senhor, és o Altíssimo eternamente.”

O mundo está cheio de pessoas assim, que julgam, condenam, defendem aqueles que não merecem crédito, e depois, acabam envergonhados. Mas o que isso tem a ver com a parashah de Balak? Vejamos: 

Nm 22:2,3 - Viu, pois, Balaque, filho de Zipor, tudo o que Israel fizera aos amorreus;Moabe teve grande medo deste povo, porque era muito; e andava angustiado por causa dos filhos de Israel;
Israel havia aniquilado os amorreus, e isso fez com que Balaque e os moabitas ficassem com medo, angustiados. O texto diz que Balak VIU. Nem sempre VER é ENTENDER. Primeiro, o que ele viu? Israel aniquilar com os amorreus! E baseado nisso ele tirou todas as conclusões precipitadas. 

Por qual motivo Israel destruiu os amorreus? 
Nm 21:21-24. Israel só queria passar pelo lugar onde habitava os amorreus. Foram os amorreus e seu rei Seom que se recusaram a prestar um favor, permitindo-os passar, preferiram ser maus e por isso acabaram sendo derrotados.
Balak e os moabitas não tinham o que temer, era só permitir que Israel passasse, quem sabe oferecendo ajuda, pouso... mas Balak VIU Israel destruir os amorreus.

Quantas vezes “vemos” coisas, já fazemos julgamento, ficamos com medo, acusamos, sem sequer saber ao certo o que acontece? Quantas vezes nos angustiamos com algo que não tem sentido? 
Nm 22:4... Agora, lamberá esta multidão tudo quando houver ao redor de nós, como o boi lambe a erva do campo.
Era intenção de Israel destruir tudo? devorar e consumir tudo que estivesse em torno deles? Claro que não... Israel caminhava em busca de uma terra prometida, e não era Moabe. 

Balak faz o que a maioria faz: junta-se com alguém para “amaldiçoar” o inimigo. (Nm 22:5-6) Não dá pra pensar que é correta uma pessoa que se une a outros para “destruir”. 
Há tantos bons caminhos, o da generosidade é o melhor deles. Balak podia ter sido generoso com Israel. Faria um aliado do bem, teria um amigo em momentos de crise. Quando estendemos a mão para ajudar pessoas (especialmente quando não temos interesses pessoais nisso), elas tornam-se nossas amigas. 
Balak contratou alguém para amaldiçoar Israel. Como pode alguém ser bom, querendo amaldiçoar? Ao escolher amigos, devemos observar se esta pessoa visa o bem geral, se não se dedica a destruir vidas, com seus objetivos escusos. 

Há um outro aspecto nessa história de Balak e Balaão:  veja o que Balaão disse a Balak:
Nm 23: 8 “Como posso amaldiçoar a quem Deus não amaldiçoou? Como posso denunciar a quem o SENHOR não denunciou?”
Falar mal de Israel, do povo de Deus não é uma boa idéia, desde os tempos de Moisés.
Números 23:23  Pois contra Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel; agora, se poderá dizer de Jacó e de Israel: Que coisas tem feito Deus!
 (Rm 11:1-5) As pessoas não se dão conta quando falam contra Israel, pois o próprio Shaul diz que Deus NÃO rejeitou Seu povo.
Em Nm 24, temos a prece do Ma Tovu, e o capítulo começa com “vendo Balaão que bem parecia aos olhos do Senhor que abençoasse a Israel...” Nós sabemos o que parece bem aos olhos do Senhor (não aos nossos olhos) e porque não fazer? 

Nm 24: 5-9 - Quão belas são tuas tendas, oh Jacó! Tuas moradas Israel.
Nm 24:9 - Benditos os que te abençoarem, e malditos os que te amaldiçoarem.

Desejo a você boas escolhas, boas decisões e bons amigos. Associar-se com quem visa amaldiçoar Israel nunca foi boa idéia.