segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Ki Tissa e as lições do meio shekel



A parashah dessa semana (Ki Tissa - Êxodo 30:11 a 34:35) fala de diversos assuntos, como o censo, a construição da pia no qual o lavatorio deveria purificar-se antes de entrar no santuario; também o óleo usado na unção dos utensilios e cohanin, e o incenso; a aliança do shabat conclui o primeiro ciclo trienal dessa parashah.
O censo foi ordenado a ser feito aqui sob a forma de doação; isso nos leva à pergunta: quanto nós valemos? Só podemos responder se soubermos nos avaliar perante o mundo, a comunidade e nossa família. Tal percepção de valor pessoal é importante, pois não valemos o que temos, mas aquilo que somos capazes de dar, compartilhar. Por isso o recenseamento foi feito através da doação, de um valor pequeno, porque não era o valor da oferta, mas a pessoa sentir que ela é igual às demais, que não deve se sentir inferior, como um peso morto em sua existência.
Qual a diferença fundamental entre o homem e os animais? Se acompanharmos uma manada de elefantes ou qualquer outro grupo de animais, perceberemos que o efeito que eles causam no mundo é mínimo. Já o homem causa grandes transformações no mundo, na sociedade. O homem foi criado com o atributo da criação, e a partir de suas experiências, ele é capaz de criar e adaptar situações na sua vida. Nossa capacidade de empreender, está ligada à capacidade de dar. Tudo que fazemos é preciso empreender.
Por exemplo, casamento: é preciso empreender uma idéia de se casar, e a partir de então se gasta energia, tempo, habilidade, conquista, investimento, etc... O propósito de Deus para o sacerdócio de Israel requeria deles uma grande dose de empreendedorismo.
Era para ser uma nação sacerdotal e precisavam investir nisso. Ex 19:3-6 - Moisés subiu ao Eterno e Deus lhe disse: se me obedecerem,... serão nação sacerdotal. 1 Pe 2:9-14 - Vós sois raça eleita, sacerdocio real, nação santa... afim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. No momento em que tomamos parte na aliança, através de Mashiach e do conhecimento da Torah, acabamos por assumir o mérito e a responsabilidade de sermos uma nação sacerdotal, afim de proclamar as virtudes do Eterno, que nos chamou das trevas para a luz.
Cada pessoa precisa entender que o dinheiro da comunidade advem das contribuições do povo, com seus dizimos e ofertas, ou seja, empreendermos nossos valores na divulgação da mensagem. O dizimo é uma forma de reconhecimento de que tudo que possuímos vem das mãos do Eterno.
Pirke avot 3:17 fala que a cerca da riqueza são os dizimos.
Não há nada mais gratificante do que perceber que alguém lhe é grato por algo que você fez. Mesmo que a pessoa não lhe agradeça, aquele que ajuda, faz tsedakah, aumenta sua própria auto-estima.
Os sentimentos ruins nos impedem de empreender em coisas boas. Sentimentos como ciúmes, inveja, prejudicam nossa auto-estima e gastamos nosso tempo preocupados e pensando em como prejudicar a alguém, quando o único prejudicado acaba sendo nós mesmos.
Na contagem, cada um trazia meio shekel, porque a pessoa deve sentir que sozinha, ela não é completa, e que para sermos um, precisamos de nosso próximo. Hoje a comunidade pode ser grande, mas a comunidade forte não é a grande em números, mas é aquela que é capaz de transformar o mundo. Os dizimos são voluntários, mas baseado na Torah, eles são compulsórios. Deus exige que a décima parte de nossas riquezas seja compartilhada com o sacerdócio. Sacerdócio não apenas se refere aos que ocupam cargos, mas ao oficio de propagar a mensagem de um povo com tal missão.
Pirke avot 5:14 fala daqueles que contribuem e do sentimento de egoísmo, daqueles que desejam tudo para si, e são considerados ímpios. Justos são aqueles que abrem mão de suas próprias riquezas em favor do próximo. Reter dízimos, ofertas e abster-se de ajudar ao próximo é uma auto-declaração de impiedade.