segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Tesavê e a beleza da congregação


A Parashah de Tetsavê vai de Êx 27:20 a 30:10 e no ano passado abordamos o azeite puro que deveria estar na luz da menorah. Logo na sequência, o texto fala dos sacerdotes, e diz: “Farás vestes sagradas para Arão, teu irmão, para glória e ornamento.” (Êx 28:2) Porque o Eterno mandaria fazer roupas para glória e formosura para Arão? Para quem seria essa glória? De que serviria um traje cheio de detalhes de riqueza e beleza?
Bom, primeiro detalhe é que obviamente o traje era algo material, uma túnica com ouro, purpura, com pedras preciosas, etc... Não era o sacerdote que fazia sua própria roupa, mas o povo quem deveria ofertar (como tudo o mais que envolvia o Mishkan). Já a glória e formosura não era algo material, mas sim sentimental.
Como o próprio povo ofertava e fazia a veste do sacerdote, ele representava a glória, a beleza, a formosura do próprio povo de Israel. Assim como em alguns países onde ainda existe a monarquia, como por exemplo a Inglaterra, cada vez que a rainha sai para desfilar com sua coroa, os ingleses a reverenciam, (não apenas pela pessoa, mas pela sua importância) os israelitas deveriam se sentir orgulhosos a cada aparição do seu sumo-sacerdote.
A beleza de um povo está na sabedoria e capacidade de seus líderes. Deveriamos sentir orgulho de nossos líderes. Na Brit Chadashah há um texto que diz: “dignos de duplicada honra sejam os zakenim que governam bem...” (1 Tm 5:17) mas porquê disso? Porque o povo deveriam honrar duplicadamente, reverenciar seus líderes, seus sacerdotes?
Voltemos ao texto da parashah, em Êx 28:9-12 - “Tomarás duas pedras de ônix e gravarás nelas os nomes dos filhos de Israel: seis de seus nomes numa pedra e os outros seis na outra pedra, segundo a ordem do seu nascimento. Conforme a obra de lapidador, como lavores de sinete, gravarás as duas pedras com os nomes dos filhos de Israel; engastadas ao redor de ouro, as farás. E porás as duas pedras nas ombreiras da estola sacerdotal, por pedras de memória aos filhos de Israel; e Arão levará os seus nomes sobre ambos os seus ombros, para memória diante do SENHOR.”
O reconhecimento estava no fato de que Arão carregava sobre seus ombros os nomes de todos os israelitas, para memória diante do Eterno. A cada vez que Arão aparecesse, cada vez que realizasse o oficio sacerdotal, os sacrifícios, ele carregava nos ombros o peso de todo o seu povo.
Um pouco mais à frente nos versos de Êxodo 28 vemos que ele carregava no peito os nomes das tribos também... quer dizer que ele carregava no coração e sobre os ombros todo o povo.

Talvez hoje falte parte do reconhecimento, porque já não temos sido capazes de ver a importância da glória e formosura de nossos líderes como sendo eles a nossa glória, nosso motivo de orgulho, de valorizar aqueles que são capazes de nos conduzir pelo caminho que leva à salvação no Mashiach. Até porque alguém disse certa vez... “são eles que velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar contas, para que façam isso com alegria e não gemendo.”

Pensemos então naqueles que deveriam e devem representar toda a nossa glória e formosura, quando tivermos diante deles no shabat, quando nos levantarmos diante de suas cãs, etc... e assim nos levantaremos com orgulho, pois essas são as pessoas que nos carregam em seus ombros.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Mishpatim: Ah! se me desses ouvido...


Quando Moshe conduzia o povo e o julgava no deserto, Jetro veio e o aconselhou a dividir a responsabilidade.
Ex 18:15,16 - Respondeu Moisés a seu sogro: É porque o povo me vem a mim para consultar a Deus; quando tem alguma questão, vem a mim, para que eu julgue entre um e outro e lhes declare os estatutos de Deus e as suas leis.
Jetro, o aconselha a declarar os estatutos, e então compartilhar com o povo, escolhendo homens capazes para conduzir o povo. Então Moshê os escolheu e passou a lei de Deus ao povo... pois isso seria bom para ele e para o povo.
Em Êx 23:20-23 temos: Eis que eu envio um Anjo adiante de ti, para que te guarde pelo caminho e te leve ao lugar que tenho preparado. Guarda-te diante dele, e ouve a sua voz, e não te rebeles contra ele, porque não perdoará a vossa transgressão; pois nele está o meu nome. Mas, se diligentemente lhe ouvires a voz e fizeres tudo o que eu disser, então, serei inimigo dos teus inimigos e adversário dos teus adversários. Porque o meu Anjo irá adiante de ti e te levará aos amorreus, aos heteus, aos ferezeus, aos cananeus, aos heveus e aos jebuseus; e eu os destruirei.
Não devemos nos rebelar contra o anjo do Eterno, porque não terá perdão quem fizer isso. E o que isso significa?
Obviamente desobedecer, fazer o contrário do que D-us manda, através de seu anjo. Mas o que o anjo nos diz, se não é a própria Torah, para obedecermos aos próprios mandamentos do Eterno?
Então a situação fica mais simples; o texto diz: se diligentemente ouvires e fizer tudo o que EU disser, serei inimigo dos teus inimigos. Ou seja: desobedecer = sofrer, obedecer = ter o Eterno como nosso defensor.
É evidente que é muito melhor obedecer, mas vejamos como é fácil desobedecer mandamentos que são muito claros.
Êx 23:1 - Não espalharás notícias falsas, nem darás mão ao ímpio, para seres testemunha maldosa. (Biblia Revista e Atualizada)
Êx 23:1 - Não dês ouvido à maledicência. Não acompanhes o mau para servir de falso Testemunho. (Torah)
Embora as versões possam dar um sentido diferente à primeira frase, uma coisa é evidente. Não seja fofoqueiro e nem ouça fofocas.
Agora, diz pra mim que as pessoas são capazes de cumprir esse único, simples e claro mandamento da Torah: NÃO SE METER EM FOFOCAS. Como a resposta da maioria é não, é sinal de que NÃO ESTÃO OUVINDO AS PALAVRAS DO ANJO DO ETERNO, e então Ele NÃO PERDOARÁ A SUA TRANSGRESSÃO. Simples assim!
Esse tem sido um grande problema da humanidade, e espero que não seja o seu; quem se mantem longe da maledicência, não espalha rumores falsos acaba sendo recompensado com a proteção divina. Queira ouvir a voz de HaShem, como diz o salmista:
Sl 81:10-16 - Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito. Abre bem a boca, e ta encherei. Mas o meu povo não me quis escutar a voz, e Israel não me atendeu. Assim, deixei-o andar na teimosia do seu coração; siga os seus próprios conselhos. Ah! Se o meu povo me escutasse, se Israel andasse nos meus caminhos! Eu, de pronto, lhe abateria o inimigo e deitaria mão contra os seus adversários. Os que aborrecem ao SENHOR se lhe submeteriam, e isto duraria para sempre. Eu o sustentaria com o trigo mais fino e o saciaria com o mel que escorre da rocha.
Ah! se meu povo me escutasse, se Israel andasse nos meus caminhos... seria tão bom! Pense bem nisso!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Yitro - Abrigado pelas asas da Águia


Na parashah da semana passada, Beshalach, falei sobre a gente andar protegido debaixo da nuvem, abrigado do calor. Hoje, Em Yitro, D-us fala que abrigou os israelitas, os levando sobre asas de águia. Saiba aproveitar também esse abrigo.

Ex 19:4-8 - Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim.
Que sensação boa, ser liberto da opressão, sentir que foi tirado por sobre os inimigos.
Sobre as asas de águia tem a explicação rabínica de que a águia é uma ave que voa muito alto, e que o inimigo (o homem) quando atira flechas, só pode a atingir por baixo. E HaShem, abringando Israel, tudo que os egípcios fizessem nunca os atingiria, pois estavam abrigado por cima da águia, quer dizer que as flechas só poderiam chegar às asas e não sobre elas.
HaShem nos protege, quando nos propomos a servir ao Eterno e O buscamos, quando clamamos por socorro, Ele sai em nossa defesa, nos socorre e livra dos inimigos.

Sl 25:18-22 - Considera as minhas aflições e o meu sofrimento e perdoa todos os meus pecados. Considera os meus inimigos, pois são muitos e me abominam com ódio cruel. Guarda-me a alma e livra-me; não seja eu envergonhado, pois em ti me refugio. Preservem-me a sinceridade e a retidão, porque em ti espero. Ó Deus, redime a Israel de todas as suas tribulações.

Quando agimos como Israel, buscando a HaShem, repetimos as palavras do rei David e não somos envergonhados diante de nossos inimigos, pois o Eterno é o nosso refúgio. Isso quando agimos com sinceridade e retidão, pois esperamos no Eterno. Que HaShem possa nos livrar de todas as nossas tribulações.
Aí a parashah segue dizendo:
Êx 19:5-8 - Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel. Veio Moisés, chamou os anciãos do povo e expôs diante deles todas estas palavras que o SENHOR lhe havia ordenado. Então, o povo respondeu à uma: Tudo o que o SENHOR falou faremos. E Moisés relatou ao SENHOR as palavras do povo.

Não basta sermos protegidos dos nossos inimigos, mas é preciso, na sinceridade e retidão de nosso coração, ouvir a voz do Eterno e guardar a Sua aliança. Isso fará de nós, mais do que uma propriedade, um tesouro particular para D-us. Como diz o salmista:
Salmos 135:4 Porque o SENHOR escolheu para si a Jacó e a Israel, para seu tesouro peculiar.

Quer ser parte desse tesouro? Guardado e protegido pelo próprio D-us? Então diligentemente ouça e guarde a palavra do Eterno. Pois foi isso que os israelitas disseram em Êxodo 19:8 “Tudo o que o Senhor falou faremos!”
O mesmo se repete logo após os dez mandamentos, quando os israelitas disseram a famosa frase: “Naasê VeNishma”. Tudo o que o Eterno falou, faremos e obedeceremos. (Êx 24:7)
Que as ASAS DA ÁGUIA te protejam!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Beshalach: Seja esperto, ande sob a proteção da nuvem

A parashah de Beshalach segue com os relatos da saída dos israelitas do Egito, mas algumas lições servem para a vida toda:
Ex 13:21,22 - O SENHOR ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite. Nunca se apartou do povo a coluna de nuvem durante o dia, nem a coluna de fogo durante a noite.
Grandes lições podemos extrair desses versos, e estar sob a proteção da nuvem é sempre o melhor caminho. Aqui, o povo de Israel estava para sair do Egito, livrando-se de seu inimigo. Quantas vezes passamos por situações, problemas, inimigos; ficamos muitas vezes confusos, não sabemos como nos livrar, então devemos aprender a escolher melhor nossos caminhos. O rei Davi disse:

Sl 25:1-5 - A ti, SENHOR, levanto a minha alma. Deus meu, em ti confio; não me deixes confundido, nem que os meus inimigos triunfem sobre mim. Na verdade, não serão confundidos os que esperam em ti; confundidos serão os que transgridem sem causa. Faze-me saber os teus caminhos, SENHOR; ensina-me as tuas veredas. Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação; por ti estou esperando todo o dia.

Nessas horas, o Eterno envia a sua nuvem, e nos diz: “Fica debaixo dela, ela te protegerá do calor” mas e aí... ficamos? Então o salmista segue dizendo: “Bom e reto é o SENHOR, por isso, aponta o caminho aos pecadores. Guia os humildes na justiça e ensina aos mansos o seu caminho.” (Sl 25: 8,9)
HaShem aponta o caminho, mas o pecador precisa optar por seguir esse caminho. É preciso ter humildade para alcançar a justiça... e só quem for manso aprenderá o caminho.
Sei que ninguém é bobo, mas às vezes isso não basta, é preciso ser inteligente. Ser inteligente, nesse caso, é saber reconhecer que o melhor caminho está debaixo da nuvem do Eterno durante o dia, e estar sob a proteção de uma fogueira durante a noite. Que a nossa oração seja a mesma do salmista: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” (Sl 139)