sexta-feira, 8 de novembro de 2013

E viveram felizes para sempre... só em conto de fadas!


A parashah de Vayetze já deixa pra trás a história de Isaque e começa a narrar a vida de Jacó, que mais tarde teve seu nome mudado por D-us para Israel. E a história de Israel não é um conto de fadas, é uma história real. Vamos aprender um pouco com a história real, porque ela nos ensina verdades e nos traz de um mundo de ilusões para a realidade.
 
Nessa parashah (Gn 28:1 a 32:3) temos os casamentos de Jacó. E estórias de contos de fadas giram em torno de romances. Mas a história verdadeira fala de amor!
 
Antes de entrarmos no assunto, pergunte-se a si próprio: Por quê eu me casei? Valeu a pena ter casado com essa pessoa? Se eu pudesse me casar de novo hoje, eu me casaria de novo com a mesma pessoa?
Assim como na parashah da semana passada vimos sobre o fato de muitos terem filhos, mas nem sequer saberem o que os esperava e o que fazer, nessa semana aprendemos que muita gente se casa, mas nem sequer sabem o que é um casamento, vivem apenas e tão somente "um conto de fadas".

Gn 29:30 - E entrou também a Raquel e amou também a Raquel mais do que a Léia.

Estamos muito acostumados a filmes, desde pequenas, nossas meninas são estimuladas com contos de fadas, histórias de princesas. Mas a vida real é bem diferente!
Já perceberam que os contos de fada contam estórias que em geral vão até o casamento dos personagens e encerra dizendo: e foram felizes para sempre! Por quê não mostram o que vem depois? Porque o que vem depois não é “um conto de fadas”. É vida real!

Tanto homens quanto mulheres são atraídos pelo que vêem. Homens mais, mas que mulher aceitaria se casar com um homem feio? Veja o que aconteceu com Jacó:

Gn 29:17,18 - Lia tinha os olhos tenros, porém Raquel era formosa de porte e de semblante. Jacó amava a Raquel e disse: Sete anos te servirei por tua filha mais moça, Raquel.

Por quê ele escolheu Raquel? Por sua beleza, evidente! E por quê não atentou para Lia? Alguns dizem que ela era vesga, tinha olhos baços (sem brilho)... mas atente à tradução da Torah: olhos TENROS (delicado, suave, amável). Não sabemos escolher, não sabemos ver o que é melhor para nós. Vamos muito mais pela aparência das pessoas, coisas... e Jacó foi enganado por Labão, e veja o que a Torah diz:
Gn 29:30 - E entrou também a Raquel e amou também a Raquel mais do que a Léia.
Jacó amou Léia? Claro que sim! Amou mais a Raquel.

Agora vejamos um outro exemplo, o pai de Jacó, Isaque:
Gênesis 24:67 Isaque conduziu-a até à tenda de Sara, mãe dele, e tomou a Rebeca, e esta lhe foi por mulher. Ele a amou; assim, foi Isaque consolado depois da morte de sua mãe.
Quando Isaque amou a Rebeca? Depois que se casou com ela. Da mesma forma que Jacó amou a Léia. O texto bíblico não diz que Isaque amou Rebeca imediatamente após se deitar com ela, nem que ele foi consolado pela morte da mãe imediatamente. Ao longo da sua vida de casado com Rebeca, ela substituiu a mãe e ele se consolou. Casamento não é apenas um dia, não é apenas relação sexual.

Voltando a Jacó, embora ele tenha amado Rebeca, notemos os versos que relatam o fim de sua história:

Gênesis 49:31 Ali, sepultaram Abraão e Sara, sua mulher; ali, sepultaram Isaque e Rebeca, sua mulher; e, ali, eu sepultei Léia.
No lugar onde estavam sepultados seus pais e avós, a esposa de Jacó que mereceu tal honra de ali ser sepultada foi Léia e não Raquel.

Há uma grande diferença entre amor e paixão. Paixão passa, a gente consegue o que quer (ou não) e logo abandona.
Pirkê Avot 5:20 diz: todo amor baseado no interesse cessa com a causa que o fez nascer; mas o amor desinteressado perdura para sempre. Qual o exemplo do amor fundado em um interesse? O de Amnon por Tamar.

Leia a história de Amnon e Tamar, em 2 Sm 13:1-17 (15) Depois, Amnom a aborreceu com grandíssimo aborrecimento, porque maior era o aborrecimento com que a aborrecia do que o amor com que a amara. E disse-lhe Amnom: Levanta-te e vai-te.

O amor vem com o tempo, precisa ser cultivado, caso contrário continuaremos a acreditar em contos de fadas. É preciso saber porquê queremos nos casar. E quando nos casamos, é preciso reconhecer que aquela pessoa (por quem nos apaixonamos) está ali. Envelhecemos juntos, construimos e cultivamos o relacionamento.


Como nos diz o sábio em
Eclesiastes 9:9  Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de vida da tua vaidade; os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade; porque esta é a tua porção nesta vida e do teu trabalho que tu fizeste debaixo do sol.
Deixemos de lado as estorinhas de contos de fadas, e passemos a viver a história, amando a pessoa com quem nos casamos. Se seremos "felizes para sempre"? Bem, isso só depende de nós, de quanto somos capazes de cultivar esse relacionamento e transformarmos o efêmero sentimento da paixão por um verdadeiro e belo sentimento de amor, cumplicidade, comunhão e generosidade para com a pessoa com quem nos encantamos... não aquela da beleza exterior, mas aquela que tem olhos TENROS.


 
 
 

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