Miketz é a parashah que marca a virada na vida de José, de escravo prisioneiro a governador do Egito. O texto vai de Gn 41:1 a 44:17.
Por incrível que pareça, há um verso que chama a atenção nessa parashah e que não tem nada a ver com José, mas com o copeiro-mor do faraó.
Gn 41:9 diz: “Então, falou o copeiro-mor a Faraó, dizendo: Dos meus pecados me lembro hoje.”
Por qual razão ele disse isso? Parece totalmente fora de contexto, uma vez que nos versos anteriores temos o relato dos sonhos do faraó e o fato de ninguém ser capaz de interpretá-los diante do governante egípcio.
Apenas contextualizando, o copeiro estivera preso junto com o padeiro do faraó e José por um tempo; lá, ele e o padeiro tiveram sonhos, e José dera a interpretação, e aquilo que sonharam ocorreu em três dias. Então o copeiro saiu da prisão e se esqueceu de José.
Talvez o grande pecado do copeiro-mor tenha sido a ingratidão por José, a quem ele recorreu para o acalmá-lo e interpretar seu sonho. Mas isso não é o importante agora, até porque ele falou “dos meus PECADOS me lembro hoje” (no plural).
O fato é que todos cometemos erros, pedimos ajuda, somos em algum momento amparados por algum ombro amigo, aconselhados, mas acabamos esquecendo. Só que isso volta, e também em determinada situação, o Eterno nos faz lembrar de nossos pecados. A questão é: o que fazemos com essa tal lembrança?
O copeiro imediatamente ao se lembrar de José, contou ao faraó que ele era um “interpretador de sonhos” e isso bastou para que a história de José na prisão mudasse.
Precisamos ter a consciência tranquila. Quando nos lembramos de algo errado, precisamos agir, e tentar corrigir; nunca esconder em algum lugar lá no fundo da nossa memória, pois se assim o fizermos, estaremos pelo resto da vida carregando um peso na consciência.
O próprio mestre Yeshua disse: “se trouxeres a tua oferta ao altar e aí TE LEMBRARES de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta.” (Mt 5:23,24)
É preciso agir enquanto nossa consciência acusa e nossa memória é presente. Então, quando te lembrares dos teus pecados, corrige.
O próprio rei Davi foi por tempo atormentado pela lembrança de seus pecados. Num dos seus salmos mais famosos ele dizia: “porque eu conheço as minhas transgressões e o meu pecado está sempre diante de mim” (Sl 51:3)
O profeta Jeremias alertava a Israel:
“Dize-lhes mais: Assim diz o Senhor: Cairão os homens e não se tornarão a levantar? Desviar-se-ão e não voltarão? Por que, pois, se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia contínua? RETÉM O ENGANO E NÃO QUER VOLTAR. Eu escutei e ouvi; não falam o que é reto, ninguém há que se arrependa da sua maldade, dizendo: Que fiz eu? Cada um se desvia na sua carreira como um cavalo que arremete com ímpeto na batalha.” (Jr 8:4-6)
Não retenhamos o engano, quando o Eterno nos fizer recordar de nossos pecados, façamos o correto, e o correto é corrigir os erros. Encare como uma segunda chance que Ele nos dá de buscarmos o arrependimento. Lembre-se que um simples gesto do copeiro do faraó mudou a história de José. Talvez um gesto nosso possa mudar nossa própria história e a de outras pessoas. Até porque o salmista diz:“um coração quebrantado e contrito não o rejeitarás, ó Eterno!” (Sl 51:17)
Aproveite sua segunda chance, boa memória pode nos livrar de continuarmos em dívida com alguém ou com o Eterno.
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