segunda-feira, 28 de maio de 2012

Nassó - A oferta que é aceita



Nm 7 fala das ofertas dos príncipes dos povos, quando Mosheh ungiu e santificou os utensílios do Tabernáculo. Eles trouxeram seis carros cobertos e doze bois; um carro para cada dois príncipes e um boi para cada príncipe (Nm 7:3) Mosheh recebeu as ofertas.

A seguir, cada príncipe traria sua própria oferta para a estréia do altar, um por dia,durante os doze primeiros dias... mas se formos atentos perceberemos que cada um, desde Aminadab, da tribo de Judá, até Achirá, da tribo de Naftali, todos trouxeram a mesma oferta:
1 prato de prata de 130 siclos.
1 bacia de prata de 70 siclos, com flor de farinha
1 taça de 10 siclos de ouro, com incenso
1 novinho, 1 carneiro, 1 cordeiro (os três com um ano)
1 cabrito para oferta de pecado
Para oferta de pazes
2 touros, 5 carneiros, 5 bodes, 5 cordeiros de um ano

Então porque a Torah leva 70 versos para ficar repetindo a mesma oferta? Não seria mais fácil colocar que todos os príncipes trouxeram suas ofertas, tal e tal... num total de doze pratos, doze bacias, etc...
A oferta de cada um tem sua importância, formando um todo. Ainda que todos tenham doado exatamente o mesmo, era importante mostrar que cada um deu sua oferta especial. Foram os doze primeiros dias da "inauguração do Mishkan."
1 Cr 29:17 Bem sei, meu Deus, que tu provas os corações e que da sinceridade te agradas; eu também, na sinceridade de meu coração, dei voluntariamente todas estas coisas; acabo de ver com alegria que o teu povo, que se acha aqui, te faz ofertas voluntariamente.


Ofertas que tem valor são aquelas que são sinceras, voluntárias e que procuram agradar ao Criador. Foi isso que ocorreu com os que doaram ofertas para o Templo, nos dias do rei Davi.Por isso, Davi disse:


1 Cr 29:18 Senhor, Deus de nossos pais Abraão, Isaque e Israel, conserva isso para sempre no intento dos pensamentos do coração de teu povo; e encaminha o seu coração para ti.

Que esse espírito seja sempre conservado dentro de nós, com coração voltado para o Eterno, e nossas ofertas sejam recebidas por Ele como algo sincero e de coração voluntário, tal qual cada uma (digna de ser citada na Torah) das ofertas dos príncipes das tribos de Israel, na inauguração do Mishkan.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Dízimos, pego ou não pego? Eis a questão


O fim do livro de Vayikrah fala de votos que fazemos a HaShem, dizendo daquilo a que consagramos para o Eterno, coisas que passam a ser "santas" ao Senhor.

Uma das coisas mais claras que pertencem ao Senhor e que, portanto, não nos são permitidas ao uso, são os dízimos. Sabemos que há três tipos de dízimos:

1) O sacerdotal, que entregamos à Casa do Tesouro, usado para administrar as coisas santas, com o mantenimento dos sacerdotes.

2) O dízimo das festas, que funciona basicamente como uma poupança particular, em que nos preparamos para as festas. Quem guarda o segundo dízimo nunca, jamais precisará dizer que está sem dinheiro para celebrar alguma das festividades do Eterno.

3) O dízimo dos pobres, que era dado a cada três anos, e ajudava a suprir as carências dos pobres dentre o povo. Se você dá o dízimo do pobre, isso deve fazer de você alguém grato por tudo que recebe do Eterno, e que Ele, em Sua bondade, não permita nunca que necessitemos da ajuda alheia, mas que todas as nossas carências sejam supridas dentro de nosso povo.

O dízimo também nos ensina sobre a generosidade Divina, pois ficamos com 87% de tudo que recebemos, sendo que nesse caso o segundo dízimo pertence a nós mesmos. Além disso, devemos aprender uma grande lição: Não gastar além do que ganhamos, pra não necessitarmos usar daquilo que não nos pertence. Dito isso, vamos ao texto da Torah:
Lv 27:30-32 Também todas as dízimas da terra, tanto dos cereais do campo como dos frutos das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR. Se alguém, das suas dízimas, quiser resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No tocante às dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo do bordão do pastor, o dízimo será santo ao SENHOR.Às vezes não compreendo a dificuldade que as pessoas encontram pra compreender que o dízimo é do Eterno, pois o verso é claro: "Todas as dízimas, são do Senhor, santas são ao Senhor."


Certo, são do Eterno, mas e se eu precisar gastar? Posso? Aí entra outra questão, pegar ou não pegar... Se você usar o dízimo todo ou em parte, terá que "pagar uma multa" de 20% sobre o valor que pegar. Ou seja, é pra não compensar mesmo. Quando fazemos uso pessoal do dízimo, mais do que a multa, devemos ter a consciência de que aquele dinheiro NÃO É NOSSO. Assim como eu sei que se eu usar o dinheiro da conta de luz, água, etc... vai me trazer consequências, o dízimo também o trará, e muitas vezes é pior do que um corte de energia ou no fornecimento da água.

O verso 32 diz: "de tudo o que passar debaixo do bordão do pastor..." e isso nos ensina outra coisa importante. De vez em quando alguém pergunta: Tenho que dar o dízimo de tal coisa? Vendi minha casa, preciso dar o dizimo? Fiz um servicinho extra, meu patrão me deu um abono, por eu ser bom funcionário, etc... e o versículo é muito claro. DE TUDO!

Isso não é uma questão de aprender, mas de consciência. Quando tivermos plena consciência de que só o que HaShem pede de nós é a décima parte de tudo que Ele mesmo nos concede, nunca mais enfrentaremos este tipo de dúvidas. Nem tampouco faremos uso do dízimo para outros fins, ainda que saibamos que nos é permitido, mas tem a multa de 20%. Assim, compreenderemos que não DAMOS o dízimo, mas DEVOLVEMOS Àquele que é o legítimo dono.

Nunca aconteça conosco o que aconteceu com Israel nos tempos de Malaquias, no conhecido texto:

"Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida. Por vossa causa, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos. Todas as nações vos chamarão felizes, porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o SENHOR dos Exércitos." (Ml 3:8-12)

Façamos a nossa parte e deixemos que HaShem repreenda o devorador, e dessa forma, nunca teremos falta de coisa alguma, mas saberemos que HaShem suprirá todas as nossas necessidades, e as nações verão isso e nos chamarão de felizes, porque verdadeiramente o somos.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Emor: O lugar do sacerdote!


O capítulo 21 de Levítico fala dos sacerdotes, mas um versículo em especial me chamou a atenção.
Lv 21:12 - Não sairá do santuário, nem profanará o santuário do seu Deus, pois a consagração do óleo da unção do seu Deus está sobre ele. Eu sou o SENHOR.
Somos todos homens, seja um cohen, um rabino, um líder religioso carrega o peso de servir de exemplo para o rebanho. Ao ir para Israel, dias atrás, tive breves momentos de conversas com dois rabinos, um numa sinagoga, outro numa Yeshiva, e isso me tocou de uma maneira especial, pois há dias, eu orava ao Eterno para que Ele me mostrasse algumas coisas, e entre essas coisas, que eu pudesse ver como eu deveria seguir minha carreira de líder religioso e gostaria de compartilhar hoje aqui.

Sei que todos somos homens, sujeitos às mesmas paixões e erros, mas o Eterno requer coisas de Seus líderes que estão além, muito além dos demais. Por exemplo, todo mundo pode ficar nervoso, brigar, se exaltar, gritar, ofender, magoar... mas o líder do Eterno precisa ser manso.

Nm 12:3 Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra.

1 Tm 3:2 É necessário, portanto, que o líder seja irrepreensível, ... temperante, sóbrio.
Todos os "humanos normais" choram, lamentam seus mortos, mas o homem de D-us, esse não poderia sequer lamentar seus mortos. Quando Arão perdeu de uma só vez seus dois filhos, Nadabe e Abiu, a Torah declara:

Lv 10:6,7 - Moisés disse a Arão e a seus filhos Eleazar e Itamar: Não desgrenheis os cabelos, nem rasgueis as vossas vestes, para que não morrais, nem venha grande ira sobre toda a congregação; mas vossos irmãos, toda a casa de Israel, lamentem o incêndio que o SENHOR suscitou. Não saireis da porta da tenda da congregação, para que não morrais; porque está sobre vós o óleo da unção do SENHOR. E fizeram conforme a palavra de Moisés.
O homem pode casar-se com a mulher que bem entender, pode ser ela virgem ou não, viúva, divorciada, ex prostituta, mas imagina se um sacerdote do Eterno pode casar-se com qualquer uma? Claro que não. Esse é o contexto do início da parashah.

Mas o que o Eterno quer de nós, líderes? Que sejamos extra-terrestres, inatingíveis pelos demais "mortais"?

Não, Ele quer que sejamos EXEMPLO EM TUDO.

Tt 2:7,8 - Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na doutrina,
mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós.

Quando, na parashah, Ele diz:
Não sairá do santuário, nem profanará o santuário do seu Deus, pois a consagração do óleo da unção do seu Deus está sobre ele. Eu sou o SENHOR. Entendi como um recado para mim, particularmente, que eu não tenho nada com a vida de outros, mas como líder do Eterno, que eu:

- não devo sair do santuário. É imprescindível ter em mente que eu preciso estar sempre diante do Eterno. Onde estiver, eu preciso me lembrar disso, pois se eu me esquecer, vem o segundo ponto...

- não profanar o santuário do Eterno. Quando nos afastamos do Santuário, da Shechinah, corremos o risco de profanar o Sagrado. Devo ser o mesmo, seja no Kotel, em Jerusalém, seja na minha casa, seja na Kehilah, no shopping, ou no parque... NÃO SE AFASTE DO SANTUÁRIO. Esteja sempre junto do Eterno. Mas porque?

- porque a consagração do óleo da unção está sobre mim.

Seja como for, onde for, e o que ocorrer, um líder do Eterno deve ser sempre (em qualquer lugar) um homem de D-us. Só assim, seremos verdadeiramente exemplos para o rebanho do Senhor, porque?

Sl 84:10 - Porque vale mais um dia nos teus átrios do que, em outra parte, mil. Preferiria estar à porta da Casa do meu Deus, a habitar nas tendas da impiedade.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Acharei Mot e Kedoshim... Patrão, chefe Tsadik?



Acharei Mot e Kedoshim (Lv 16:1 a Lv 20:27 ) nos fala de santidade, de sermos pessoas santas, e os SANTOS possuem atitudes diferentes dos demais homens.

Santos são pessoas separadas das demais, mas separado de que maneira? Seria viver isoladas? Não creio! Acredito que nosso proceder nos conduz a isso. Quanto mais queremos parecer com o mundo, menos parecidos com HaShem, menos próximos de Sua vontade estamos e consequentemente, mais próximos das gentes.

Essas porções estudadas juntas nos apresentam uma série de mandamentos, desde o shabat e a obediência ao pais, até relações sexuais proibidas.

Dentre os mandamentos quero hoje refletir sobre algo que li ainda esses dias no facebook de uma pessoa no facebook, onde ela fazia uma citação do livro "Caçador de Pipas", dizendo mais ou menos assim: "Só há um pecado: o de roubar! Quando você mata alguém, você rouba a vida de uma pessoa, rouba os sonhos de seus familiares, etc..."

Partindo dessa premissa, lemos agora o texto da Torah:
Lv 19:13-17 "Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã. Não amaldiçoarás o surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás o teu Deus. Eu sou o SENHOR. Não farás injustiça no juízo, nem favorecendo o pobre, nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o teu próximo. Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o SENHOR. Não aborrecerás teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado."

O texto começa falando de oprimir o próximo, mas está falando do jornaleiro, quer dizer, do seu funcionário, que você não pode reter o salário, etc...

Para quem é chefe, patrão, ou direciona a vida de alguém em seu trabalho, quando você não paga o salário em dia, está roubando seu funcionário. Essa não é uma atitude de um Tsadik, um santo, justo. Mas tem mais.

Quando você oprime o funcionário, está roubando seu sonho, suas perspectivas de se desenvolver no trabalho. Quando você maltrata um funcionário, rouba dele a possibilidade de evoluir, pois imporá medo sobre a pessoa. E como um tsadik age então? O Tsadik age com justiça, e tenta pacientemente ensinar o seu "jornaleiro" a fazer o serviço. Se ele nunca se desenvolve, apesar de seus esforços, o tsadik pode até mandá-lo embora, mas nunca, jamais o fará de forma autoritária e cruel, desrespeitando, roubando e destruindo os sonhos de alguém.

Não amaldiçoar o surdo, nem sempre é literal, faz referência também àquele que não consegue compreender o que você fala. Como patrão, chefe, você precisa saber falar com seus funcionários, e NÃO OS AMALDIÇOAR, não ficar chamando de burro, de incompetente, ou coisas ofensivas de igual ou pior teor. Colocar tropeço também é atribuir responsabilidades nas quais você sabe que o funcionário não está apto a executar. Tema a Deus, amigo. Seja um patrão tsadik! Não pense que sendo honesto, generoso e respeitoso com seus funcionários, você estará sendo passado para trás. Estará sim conquistando respeito e admiração de seus subordinados.

Julgar com justiça é acreditar que nem sempre o seu gerente é o certo e o funcionário é o burro. Eventualmente, seu gerente e você mesmo, como patrão, dono, seja lá o que for, pode ser o errado da história. Seja justo, considere a possibilidade de o erro estar no alto escalão e não no clero. Saber reconhecer os próprios erros é agir como um Tsadik.

Como patrão, gerente, rosh, superior imediato, você deve saber que há limites, e não deve ficar fuxicando a vida alheia. Atenta contra a vida do próximo aquele que fica só fuxicando, fazendo mexericos na vida alheia, e observe que aquele que faz isso é incapaz de ver coisas boas no próximo. Só consegue ver defeitos. Quando vê algo de bom, é logo suprimido e minimizado por alguma tentativa de diminuir os esforços e qualidades alheias. Quem age assim, só vê talento e capacidade em si próprio.

Por fim, NÃO ABORREÇA TEU IRMÃO NO TEU ÍNTIMO. Fale COM ELE o que acha errado. Não fique falando aos outros, corrija se for o caso, mas não fique divulgando má fama das pessoas. Se você falar COM ELE, não há pecado em ti, mas se você falar COM OUTROS, considere-se um pecador, nunca um tsadik, um justo, um santo.

Kedoshim é para todos nós. Um pouco de santidade de cada vez não faz mal a ninguém.

Acreditar, ainda que por um instante, e admitir que talvez o errado seja você mesmo pode ser a diferença essencial entre um tsadik e um tolo. Seja o TSADIK.