quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Devarim... sapato velho.



Tem uma antiga música do Roupa Nova que dizia: “Talvez eu seja simplesmente como um sapato velho, mas ainda sirvo se você quiser, basta você me calçar que eu aqueço o frio dos teus pés.”

Devarim é o início de um novo (o ultimo) livro da Torah. Tudo que é novo a gente se empolga, mas talvez devêssemos dar mais valor ao velho. Não por isso, mas Devarim, que em português significa “Palavras” acabou levando o nome de Deuteronônio, que significa “repetição da lei”. Nesse livro, praticamente às portas da Terra Prometida, Moshê chama o povo, e lhes faz alguns discursos, relembrando o passado. Mas não seria propriamente relembrando o ocorrido com eles, porque a geração que estava ali, prontinha para entrar na terra, não era a geração que saiu do Egito. Quarenta anos se passaram. Eles precisavam saber como foram parar ali. Porquê estavam naquele lugar? Esse é um problema da nova geração, não saber dar valor ao passado, pois não viveram nele.

Moisés além de contar as histórias do deserto, falou uma coisa muito importante: “O Senhor, teu Deus, te abençoou em toda a obra das tuas mãos; ele sabe que andas por este grande deserto; estes quarenta anos o SENHOR, teu Deus, esteve contigo; coisa nenhuma te faltou.” (Dt 2:7) E qual a lição que aprendemos com isso? Muito simples. Deus sabe tudo que necessitamos e é Ele quem nos abençoa sempre, quem supre as nossas carências.

Durante todos os dias dos quarenta anos de deserto, o povo de Israel sempre teve o alimento, pois caía o maná todos os dias (exceto no shabat) e quando quiseram carne, o Eterno enviou codornas para eles prepararem como alimento. Em Dt 8:4 diz: “Nunca envelheceu a tua veste sobre ti, nem se inchou o teu pé nestes quarenta anos.” Mais uma prova que o Eterno cuida de nós! Quando você for comprar um sapato novo, dê uma olhadinha no velho, aquele mesmo que você vai jogar num fundo da sapateira, pra nunca mais usar... Lembre-se de quanto ele lhe foi útil e de quantas caminhadas ele esteve com você.

Só dá valor ao novo, aquele que sabe quanto custou o antigo. Como foi difícil chegar no novo. Nós só damos valor às coisas do Eterno se soubermos o quanto de esforço foi necessário para que a Palavra chegasse até nós.

Há uma frase comum que diz: Nada cai do céu! Sabemos que não é verdadeira, pois o maná descia do céu, mas o povo não soube valorizar. Valorize cada oportunidade de estar na presença do Eterno, cada Palavra que recebe, pois foi Ele quem nos tirou da escravidão do Egito.

Moisés, antes de sua morte, fez questão de contar à nova geração tudo que havia se passado com os israelitas durante a longa caminhada pelo deserto. Só assim, os novos dariam valor à terra.

É, talvez seu rosh seja simplesmente como um sapato velho, mas ele ainda pode aquecer seu coração com as histórias bíblicas...

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom o o midrash, e lembrando que também "é olhando para os sapatos velhos que se estudam novos modelos de sapatos que são aperfeiçoados para dar conforto aos nossos pés!"

Yedidia ben David