quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Vaiera - Ló e as escolhas da vida



“Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão..” (Lc 13:24)

Neste segundo ciclo de Vaiera (Gn 19:1 a 20:18) vemos os anjos que visitaram Ló, e um assunto óbvio pode ser a atitude dos sodomitas, que queriam fazer abusar sexualmente dos visitantes, e ainda que Ló tivesse oferecido suas filhas virgens, o desejo dos homens era  o mal contra os anjos. Mas como não gosto de falar do óbvio, vamos meditar um pouco sobre as escolhas que fazemos na vida. 

No princípio da humanidade, alguns homens fizeram a opção de buscar ao Eterno, de invocá-Lo e de se aproximarem do Criador. Em Gn 4:26 a Torah fala de Enosh, filho de Shet, filho de Adam e a partir de então começou a se invocar o nome do Eterno. 
De Enosh, na quarta geração nasceu Enoch (Enoque) e este “andava com Deus”, de acordo com Gn 5:22. E de Enoque veio Metusalém, de Metusalém veio Lameque e deste nasceu Noach. Noach era um homem justo e que andava com Deus, assim como Enoch, seu bisavô. 
A partir de Noach, sabemos que veio o dilúvio e foram consumidos os homens e restou apenas a família de Noach. Seus três filhos (e esposas) passaram um ano com o pai dentro  da arca, e ao descerem Cam acabou amaldiçoado por descobrir a nudez do pai. E assim seguiu a humanidade até que chegamos a Abraão, e por meio dele, Deus fez um pacto e deu-se origem ao povo de Israel, a nação escolhida por Deus. 

Mas por qual razão falamos disso? 
- Primeiro, para entendermos que individualmente os homens podiam escolher se achegarem a Deus, desde o princípio. 
- Segundo, mesmo sendo filhos de homens justos, como Enosh ou Noach, isso não significa que os descendentes seriam tsadikim, mas tinham a livre escolha, e por isso, Cam escolheu envergonhar seu pai.
- Terceiro, com Abraão, veio o povo escolhido por Deus, e através dele e sua descendência seriam abençoados (ou amaldiçados) todas as nações da terra. 

Ok! Agora chegamos a Ló. Este era sobrinho de Abraão e escolheu por acompanhar o tio, quando Abraão tinha setenta e cinco anos de idade e saiu de Harã e do meio dos parentes para seguir ao Eterno. 
Ló fez uma boa escolha, ao seguir seu tio, mas aí eles o Eterno lhes concedeu de enriquecerem. Os pastores, funcionários deles, brigaram entre si e Abraão sugeriu que se separassem, e Ló poderia escolher o caminho para onde ir.

E Ló se deixou seduzir pelo belo campo que conduzia às campinas do Jordão, e chegava até Sodoma (Gn 13:10,11) e já se sabia que os habitantes de Sodoma eram grandes pecadores diante de Deus. (Gn 13:13)

As escolhas aparecem diante de nossos olhos a cada momento, e sempre há o mau caminho, sedutor e perigoso, e também há o caminho bom, seguro, mas há também o caminho excelente. Qual seria o caminho  melhor para Ló?
• O mau caminho, escolhido por ele, levava até Sodoma. Sim, Ló prosperaria pela boa terra, mas isso o levou a grandes problemas, ser levado cativo, perder família, e ainda ser embebedado pelas próprias filhas, que cometeram incesto.
• O bom caminho, não escolhido, seria ficar longe de Sodoma, e escolher o outro lado, evitando problemas futuros.
• O caminho excelente, seria mandar embora seus pastores briguentos e optar por ficar ao lado do tio Abraão, o homem da promessa de Deus. Quantas vezes deixamos de estar ao lado dos “homens da promessa” e vamos em busca de interesses pessoais errados e sofremos as consequências disso?

Fato é que nem sempre acertaremos nas escolhas que fazemos, mas podemos nos redimir de nossos erros, primeiramente os reconhecendo, corrigí-los e depois aprender a fazer as escolhas certas. 

Os anjos de Deus vieram até Ló para anunciarem a destruição de Sodoma, mas vemos que Ló estava sentado à porta da entrada de Sodoma (Gn 19:1). Ló podia negociar, estar perto, até conviver com os homens daquela cidade, mas quando eles planejaram o mal contra os anjos, veja o que a Torah diz: “Eles, porém, disseram: Retira-te daí. E acrescentaram: Só ele é estrangeiro, veio morar entre nós e pretende ser juiz em tudo? A ti, pois, faremos pior do que a eles. E arremessaram-se contra o homem, contra Ló, e se chegaram para arrombar a porta.” (Gn 19:9) 
Ninguém considerava Ló seu amigo de verdade; para eles, Ló continuava a ser apenas um estrangeiro. Podemos até acreditar que encontraremos amizade no mundo, mas no momento que lhes for propício, eles se voltarão contra nós, nos abandonarão e farão o mal contra nós. Vale a pena? 

Que Deus nos dê boas escolhas, boas amizades, pessoas sinceras e que busquem ao Eterno, assim como Enosh, Enoque, Noach, Abraão, e que possamos cada dia mais nos firmarmos dentre o povo de Israel, como o povo escolhido do Eterno. Que diante de situações, nossas escolhas não sejam para a beleza dos campos que levam a Sodoma, mas pela companhia dos homens que nos levam a Deus. 

Um comentário:

Jeferson Luiz Vieira disse...

Shalom, Sábias palavras, o melhor amigo que podemos ter é D-us, Ele pode nos livrar dos maus caminhos.