quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Bereshit e a vida de Shet ben Adam



Gn 5:6-8 - E viveu Sete cento e cinco anos e gerou a Enos. E viveu Sete, depois que gerou a Enos, oitocentos e sete anos e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Sete novecentos e doze anos; e morreu.

A segunda aliah desse ciclo trienal compreende os versos de Gn 5:6-8 e falam da vida de Shet, o filho de Adam. O que podemos aprender com a vida dele, relatada brevemente nestes três versos?

Primeiro lugar, há duas razões pelas quais o nome de Shet é citado, como descendente de Adam.
1) Em Gn 5:4 fala que Adam teve filhos e filhas, depois de ter gerado a Shet. Nossos sábios contam que só Shet foi citado porque dele veio a sequência que chegou a Avraham Avinu, portanto, de Shet vieram os filhos de Israel.
2) Em Gn 4:25 temos:”E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ela teve um filho e chamou o seu nome Sete; porque, disse ela, Deus me deu outra semente em lugar de Abel...”
Shet veio para “substituir” o filho Abel. 
A perda de um filho causa uma dor irreparável aos pais; cada filho é único, ele tem o dom de conquistar os pais, seja com pequenos gestos ou grandes atos; e não importa se um filho é excelente ou seja mau, todos os pais amam seus filhos. Por isso mesmo Abraão, nosso patriarca, sofreu ao dispensar Ishmael, porquanto este zombava de Isaque. Para Sarah, obviamente foi muito fácil, pois ela não era mãe de Ishmael. 
Temos uma facilidade enorme de criticar os filhos alheios, de apontar, dizer que merecem ser punidos, que deviam ser excluídos da comunidade,... mas só pais sabem a dor que isso causa. Lembremo-nos do caso do profeta Jonas, que queria que os ninivitas fossem destruidos, mas teve misericórdia da aboboreira. Isso explica como estamos distantes do atributo divino da misericórdia, da capacidade de nos compadecermos e de nos colocarmos no lugar dos outros. 

Enfim, Shet veio para ocupar o espaço deixado pela dor da perda de Abel. Ele nunca seria capaz de ser como Abel, mas ele podia preencher a lacuna, o vazio no coração dos pais. 
Nós, ao casarmos, devemos ter em mente a intenção de gerar FILHOS. Quem tem um único filho, corre o risco de, D-us nos livre, mais tarde ver o filho falecer e não ter mais condições de gerar um novo filho pra amenizar o vazio. Pensem nisso!

Abel foi aquele que apresentou uma oferta agradável diante do Eterno (e por isso foi morto pelo irmão Caim) e Shet teve a dificil missão de estar “no lugar” de Abel. Shet gerou a Enosh, e a Torah diz: “A Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos; daí se começou a invocar o nome do SENHOR.”

Em Enosh, o neto de Adam, começou-se a buscar ao Eterno, a invocar o nome dEle. Pode-se dizer que a “religião, a fé” começou com Enosh, o descendente daquele que ocupou o espaço deixado pelo primeiro homem a agradar ao Eterno com sua oferenda.

Quando nascemos, fomos frutos de um sonho de nossos pais, que, invariavelmente, amam os filhos desde o ventre, fazem planos, sonham com um filho bom, brilhante, cheio de boas obras. Não consigo imaginar que possa haver pais que não desejem boas coisas e o bem ao filho e que não façam planos e sonhem com isso.

Adam gerou Shet, quando tinha 130 anos e viveu mais 800 anos depois disso. Shet gerou a Enosh, quando tinha 105 anos, então isso significa que Adam viu Enosh por 695 anos, e pôde ver seu neto invocando o nome do Eterno. E a história positiva (e negativa) seguindo...

Que esse breve relato da vida de Shet nos sirva de exemplo e aprendizado para que sejamos capazes de criar nossos filhos para o bem, e que eles estejam entre aqueles que “invocam o nome do Eterno.”

Shavuah Tov!

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