Gn 5: 18 Jarede viveu cento e sessenta e dois anos e gerou a Enoque.
Ao ler essa parashah nos deparamos com uma genealogia, mostrando as gerações a partir de Adam. Se lermos atentamente já a partir do capítulo quatro, veremos que a maioria dos homens gerou filhos e filhas, mas é evidente que nem todos foram citados nominalmente (nem a quantidade de filhos).
Na quarta Aliah de acordo com o ciclo trienal (Gn 5:15-20) temos a geração de Jarede, descendente de Shet. O que a citação de genealogia pode nos ensinar? Muita coisa!
1) Todos temos pai e mãe. É bom saber de onde viemos, e reconhecer e respeitar (porque o mandamento diz que devemos honrar pai e mãe para que tenhamos longos dias)
2) Ainda que nossos pais são responsáveis por nossa criação, nem todos seguimos o caminho por eles idealizado.
3) Nesse caso especifico, a genealogia mostra que as gerações que sucederam à primeira foram tendo sua vida encurtada, à medida que se afastavam do fruto da vida, e do espírito e da presença do Senhor.
4) Nomes, muitos nomes, e nem sempre o nome que carregamos retrata aquilo que nós somos. E é aqui que quero fazer o breve comentário de hoje...
Jarede gerou a Enoque. Enoque já viveu trezentos e sessenta e cinco anos. Seu filho Matusalém foi o que viveu mais, alcançando 969 anos de vida.
De acordo com alguns dicionários de nomes, Enoque significa literalmente: “o Iniciado, dedicado, consagrado”. Está associado à hanakh “ele dedicou, ele consagrou” e hannukkah “dedicação, consagração”.
Pode-se dizer que esse Enoque cumpriu o que seu nome diz, pois a Torah declara que ele andava com Deus. A bíblia até traz uma citação diferente a seu respeito ao dizer: “E andou Enoque com Deus; e não se viu mais, porquanto Deus para si o tomou.” (Gn 5:24)
Aqui cabe citar que de acordo com alguns, baseado nesse verso, Enoque não morreu, estando vivo até hoje, no céu...
O livro da Torah, editora Sefer, diz em seu comentário que ele MORREU. Já o livro Torati, na página 19, diz que ele NÃO MORREU, mas no comentário diz: “Quando uma pessoa vive andando com Deus, isto é, obedecendo a Seus Mandamentos e imitando Sua Conduta, ao educar seus filhos ele transfere conhecimentos de validade eterna, sendo lembrada por gerações e gerações, o que a torna “imortal”.
Cabe ressaltar que Hebreus, na Brit Chadashah cita Enoque entre os “heróis da fé” ao dizer: “Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte e não foi achado, porque Deus o trasladara, visto como, antes da sua trasladação, alcançou testemunho de que agradara a Deus.... Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; ...” (Hb 11:5,13) Enoque morreu!
Mas voltando à genealogia, o tema aqui não é se ele morreu ou não, é o nome dele, de ser consagrado... nem todo mundo se dá conta de que antes dele houve um outro Enoque, filho de Caim...
Gn 4:17-18 - E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu e teve a Enoque; e ele edificou uma cidade e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque. E a Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael, e Metusael gerou a Lameque.
Se observarmos bem, Enoque, filho de Caim, teve um tataraneto chamado Lameque. Esse Lameque foi o primeiro que consta ter duas esposas na Bíblia. E esse Lameque nada tem a ver com o outro Lameque, que foi o pai de Noé. (Gn 5:28,29) O pai de Noé veio da descendência de Shet.
Embora ambos os Lameques tivessem nomes iguais, eles tiveram postura de vida diferentes. O mesmo ocorreu com os Enoques.
É evidente que quando escolhemos o nome de nossos filhos, escolhemos nomes “positivos” (Quantas vezes você conheceu alguém chamado Caim? Mas quantos Abel existem?) Mas não basta dar um nome bonito, temos que educá-los com boa educação, chinuch, transmitir a eles bons principios. Isso garante um bom futuro? Que ele será uma boa pessoa? Não!
Seja como for, são nossos filhos que escolherão o caminho por onde irão trilhar, e da mesma forma, após a conversão, ao recebermos um novo nome, espera-se que também saibamos escolher um bom caminho e que o nosso nome nos inspire a seguir a vontade do Eterno.
Seja você um Enoque, Lameque, Yehoshua, Hannah ou Sarah, saiba que é você quem escolhe seus caminhos, e não, eles não são determinados pelo nome escolhido, mas por suas próprias escolhas durante a vida.
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