A parashah é chamada de Chayeh Sarah, “a vida de Sarah” e relata basicamente o que acontece após a morte da matriarca Sarah. Não diz nada sobre a vida dela, sobre como ela era, o que ela fez, mas apenas fala da sua morte.
Sarah morreu em Hebrom e lá foi sepultada por seu esposo Avraham. Posteriormente, outros de nossos patriarcas e matriarcas lá foram sepultados também.
Com sua morte, o filho Isaque (já perto de seus quarenta anos) ficou sozinho e então Avraham, nosso patriarca, enviou seu servo Eliezer para buscar uma esposa para Isaque.
O capítulo 24 fala exclusivamente do casamento de Isaque, e conclui com o verso que diz que:

Isso mostra o quanto o papel da esposa, como “substituta” da mãe é importante. Rebeca foi capaz de trazer o consolo que Isaque precisava, ocupando carinhosamente o espaço deixado pela morte de Sarah no coração de Isaque.
Agora sim, podemos entrar na aliah de hoje (Gn 25:1-6)
Gn 25:1 diz: “Desposou Abraão outra mulher; chamava-se Quetura.”
Rashi, famoso sábio intérprete da Torah, que viveu cerca de 900 anos atrás, dizia que Quetura era a mesma serva Agar, e que o nome Quetura vem de “Ketoret” que significa incenso, pois suas obras eram tão boas e agradáveis quanto incenso.
Independente do fato de ser a mesma Agar ou não, em 1 Cr 1:32, fala de Quetura como uma das concubinas de Avraham, mas podemos ver que, enquanto Sarah estava viva, não é citado o fato de Avraham ter concubinas, e ela viveu com ele até que ele tivesse seus 137 anos de idade.
Em Gn 25:7 diz que Avraham viveu até os 175 anos, portanto, desde a morte de Sarah, nosso patriarca viveu mais 38 anos.
De vez em quando, nas rodas de bate-papo, discute-se que se a esposa morrer, o marido deve se casar de novo ou não e vice-versa. E aí? Sim ou não?
Acredito que essa seja uma questão mais de cunho pessoal, de necessidades individuais e não de se podemos ou não. Para quem está de fora, é sempre muito fácil emitir julgamentos.
Muitos dizem: “Ah! o marido mal faleceu e a mulher já está arrumando outro casamento; isso é errado!” E qual deve ser o período que a pessoa deve esperar?
Bom seria se o casal morresse junto, em ditosa velhice, mas sabemos que a realidade é outra. Se Avraham não se casasse, ele teria que viver 38 anos sozinho; no entanto, ele que foi um bom marido para Sarah, diante da fatalidade da morte da esposa, já com seus 127 anos, tratou de resolver a vida do filho, casando-o com Rebeca, e depois cuidou de si mesmo, casando-se novamente e tendo outros seis filhos com Quetura.
Isso mostra que Abraão era um homem cheio de vida, e teve a satisfação de continuar a gerar filhos, ainda em sua velhice. E esses filhos jamais ficaram desamparados, pois receberam atenção e presentes do patriarca; por outro lado, Isaque foi o filho que recebeu como herança aquilo que o pai possuía (Gn 25:5)
Assim como Avraham, a bíblia traz uma série de outros personagens que tiveram a chance de um novo casamento, de seguirem a vida.

Na Brit Chadashah, os saduceus, ao questionarem Yeshua acerca da ressurreição citaram, em Mt 22, um caso de uma mulher que teve a infelicidade de se casar e ficar viúva por sete vezes...
Uma pessoa que se casa pela segunda, terceira vez, independente do fato de ter ficado viuva ou de ter tido a infelicidade de um casamento ruim e o divórcio, tem o direito de buscar sua felicidade; nós, como pessoas de bem, que procuram sempre ver e torcer pelo bem do próximo, devemos orar e olhar para que todos possam encontrar um cônjuge que lhes complete e que vivam uma vida conjugal plena de realizações.
Mas, se alguém ficar viúvo, seja jovem ou velho, e decidir seguir a vida sozinho, que essa pessoa também possa encontrar a felicidade à sua maneira. O que ninguém merece é viver a infelicidade de terminar seus dias na completa solidão.
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