quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Ki Tavo e a indecisão. Qual escolheremos? Oneg ou Nega? Bênção ou Maldição?


Ao lermos a Parashah de Ki Tavô (Dt 26:1 a 29:8) é inevitável que nos detanhamos nos textos de Dt 27:11 até Dt 28:28 que tratam de bênçãos e maldições.
 
O texto da Torah começa falando de que, quando os israelitas passassem o Jordão, entrando na Terra Prometida, eles estariam diante de dois montes, Ebal e Gerizim. No monte Ebal, estariam representantes de seis tribos para amaldiçoar, e no monte Gerizim, outras seis tribos, para abençoar.
 
E os levitas iriam proferir palavras: "Maldito o que fizer tal coisa... maldito o que fizer aquilo... e o povo deveria dizer: AMEN!"
 
Mas quem decidia para que lado a pessoa deveria seguir? Você vai para o Monte Ebal ou para o Monte Gerizim?
 
Essa não era (e ainda não é) uma opção que escolhemos na hora. É evidente que todos escolheriam seguir no rumo do Gerizim, pra ser abençoado! Basta ver as religiões por aí afora; todas oferecem bênçãos, mas quem quer mudar de atitude?
O monte para o qual rumamos é aquele que escolhemos ao longo de toda a vida, através de nossas atitudes.
 
Na próxima semana, na parashah de Nitsavim tem o verso que complemente isso: “Tomo hoje os céus e a terra por testemunhas contra vós, que tenho dado perante vós a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolherás pois a vida, para que vivas tu e a tua descendência, amando ao Eterno, Teu Deus, ouvindo a Sua voz e te achegando às Suas qualidades; pois isso é a tua vida e o prolongamento dos teus dias.” (Dt 30:19,20)
 
É uma pequena diferença em nossa vida hoje que fará grande diferença no futuro. Quando optamos pelo caminho certo rumo ao Gerizim, desde o começo, não corremos risco de pegar o atalho errado e cairmos no monte Ebal. Sobre isso há uma breve explicação de nossos sábios, na página 584 do Torá (Editora Sefer):
 
“Nossos sábios nos mostra uma singularidade ortográfica em hebraico: Nega, significa praga. Ôneg significa sorte ou felicidade. Estas duas palavras, Nega e Ôneg se diferem somente pela colocação da letra Ayin. Em "sorte" a letra Ayin está à direita; em praga, ela está à esquerda. O homem tem o poder, dizem os sábios, de converter Ôneg em Nega somente mudando a letra Ayin, ou seja, tem a liberdade de escolher entre o bem e o mal. Por outro lado, a direita, a destra, simboliza a ação e a força, enquanto a esquerda simboliza a fragilidade. O homem tem o poder de transformação. Pode fenecer diante da matéria ou lutar e triunfar pelo espírito. Pode escolher entre o bem e o mal, e está em suas mãos transformar o sofrimento em felicidade, em Ôneg.
Segundo a Torá, não basta libertar-se do mal. É preciso transformá-lo em bem, e as imensas potencialidades que o homem tem devem estar a serviço de Deus. Se ele obedece à voz do Eterno, virão sobre ele as bênçãos, ou, caso contrário, terá de suportar as Kelalot (Maldições) escritas nesta Parashah.”
 
E aí, de que lado vai colocar a letra Ayin? Coloque do lado certo, do lado DIREITO. E encontrarás um caminho de bênçãos, e o Monte Gerizim te aguarda!

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Ki tetsê e o poder do "pão e água"


A parashah de Ki Tetsê (Dt 21:10 a 25:19) nos ensina sobre muitas coisas e até por isso coloco pela primeira vez dois comentários da mesma parashah na semana. Agora para perguntar: "Você sabe o poder do pão e água?" As vezes a gente só dá valor a determinadas coisas quando as oportunidades já se passaram.

Dt 23:4 nos diz: "Porquanto não foram ao vosso encontro com pão e água, no caminho, quando saíeis do Egito..."

O texto fala dos amonitas e moabitas, que NÃO ENTRARIAM NA ASSEMBLÉIA DO ETERNO." Por conta disso, por não ser atencioso, bondoso com os israelitas quando estes saíram do Egito e cruzavam o deserto. Ah! Se eles soubessem a recompensa de um copo dágua e um pão... o problema é que assim como eles, deixamos as oportunidades passarem diante de nós e quando vemos, só nos resta dizer: "Eu não sabia, eu não percebi que podia ter sido mais generoso."

Yeshua, num de seus discursos falando sobre sua vinda, dizia sobre quando Ele se assentará no Seu Trono de Glória, Ele vai separar os tipos de pessoas e as pessoas não entendiam direito e lhe perguntaram: "Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não te assistimos? Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna.” (Mt 25:44-46)

AH! Como faz falta o pão e água na hora que deixamos de ser generosos, misericordiosos e nos privamos de fazer o bem, fingindo que não estamos vendo a necessidade de um irmão.

Me coloco a pensar num outro versículo dessa parashah, que fala das franjas do talit, em Dt 22:12 "farás franjas nos quatro cantos do manto com que te cobrires"  e em Nm 15:37-41 nos fala que essas franjas estão lá pra nos fazer lembrar dos mandamentos do Eterno. E quantos de nós acham que estão salvos, que estão melhor espiritualmente só pelo fato de rezarem bonito, de usarem seu talit diariamente, de colocarem tefilin, etc...

Isso vai de encontro com uma outra parábola do Mestre, famosíssima por sinal, e conhecida por "a parábola do bom samaritano"

Em Lc 10_25-37 fala que passou um cohen, um levi e não ajudaram ao necessitado, que havia sido assaltado, e veio um samaritano e lhe sarou as feridas, se preocupou com ele, e o ajudou. E a famosa pergunta: Quem é meu próximo?

Transformar nossa aparente santidade em atitude é o desafio. Colocar o talit, um manto de oração, é uma mitsvah e devemos fazê-lo, mas amar ao próximo também o é, e de muito maior importância.

Quanto mais superiores nos sentirmos, mais humildes devemos ser.

Cumprimentar os mais simples da Kehilah, dar atenção, sentar a ouvir seus problemas, suas angustias, tristezas, e quem sabe, estender nossa mão e dar um copo de água e um pão não garantirá nosso lugar no Olam Habah? Quem sabe por causa dessas pequenas atitudes não sejamos dignos de ouvir Ele dizer: "Vinde, benditos de meu Pai, entrai na posse de meu reino que vos está preparado desde a fundação do mundo."? (Mt 25:34)

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Ki Tetsê e algo que devemos nos lembrar

 
 
Dt 24:8,9 - Guarda-te da praga da lepra e tem grande cuidado de fazer conforme tudo o que te ensinarem os sacerdotes levitas; como lhes tenho ordenado, terás cuidado de o fazer. Lembra-te do que o SENHOR, teu Deus, fez a Miriã no caminho, quando saíste do Egito.
 
Aproveitando que estamos no mês de Elul e é tempo de reflexão e arrependimento, a parashah de Ki Tetsê nos traz um “toque do shofar”, um alerta, para termos cuidado com a praga da lepra.
 
Uma rápida busca na internet por definições de lepra, encontramos: “A lepra, também chamada de Hanseníase, é uma doença de pele que afeta os nervos causando grandes danos. Ela é transmitida pelas secreções do indivíduo contaminado pelo simples fato de falar, tossir ou espirrar.”
 
Na verdade a praga bíblia da lepra, não é propriamente a mesma doença moderna chamada Hanseníase, mas causava certamente o mesmo medo. Como o verso diz, essa bíblica era uma “PRAGA” que vinha pelo “simples falto de falar”, mas falar o quê mesmo? Lashon Hará!
É disso que estamos falando, foi isso que ocorreu com Miriã, irmã de Moshê! É disso que a Torah nos recomenda a lembrar. Então vamos recordar:
 
Lá estava Moshê, homem santo, guiando o povo na difícil caminhada pelo deserto, cheio de problemas, e de repente sua irmã se achou no direito de criticá-lo.
Que mal há nisso né? É uma “crítica construtiva”.
Miriã encontrou apoio no irmão mais velho Aharon! E lá foram os dois falar com Moisés. Engraçado que o texto bíblico vinha falando de coias que nada tinham a ver com o que aconteceu.
 
De repente aparece ela falando contra a tal mulher cuxita de Moisés. E é exatamente assim que acontece... do nada, a pessoa na mais absoluta falta do que falar, ao invés de ficar calada, abre a boca pra criticar a roupa do fulano, o cabelo do outro, a esposa que Moisés escolheu... e aí se arrebenta!
 
Como já estava falando mal mesmo, então vamos falar de uma vez, e lá estavam os dois irmãos, falando mal de Moisés: “Por acaso o Senhor falou somente por Moisés? Não falou também através de nós?” Ah, o Eterno ouviu isso!
 
O problema é que o Eterno SEMPRE ouve!
 
Moisés continuou ali, na dele, manso, o mais manso dos homens. Ele deixou rolar...
E foi Deus quem agiu, ordenando que os três saíssem à Tenda, e lá foi que Miriã e Arão viram a ira do Eterno se acender contra eles, e aí entra a tal da “praga da lepra”.
 
Miriã ficou leprosa, e Arão, muito do esperto, se arrependeu, fez teshuvah, e reconheceu que fizera um grande erro e disse: “Não ponhas sobre nós este pecado, que fizemos loucamente e com que havemos pecado.” Só que atente bem para quem ele disse isso: “Arão disse a Moisés: Ah! Senhor meu!”
 
Num instante, Moisés era alvo de críticas, no momento seguinte, virou “senhor meu”
O resultado dessa situação foi que Miriã ficou leprosa, Moshê teve que rogar ao Eterno por ela, mas no fim, ela teve que ficar sete dias envergonhada, afastada do arraial, longe do povo, para não os contaminar. Que triste!
 
Já que estamos em Elul, lembre de Miriã, não custa nada e isso fará com que tenhamos o cuidado de fazer conforme tudo que nos ensinaram os sacerdotes.
Fazer Lashon Hará, ser maledicente não compensa, além de que faz com que fiquemos com a pele feia por conta da lepra.
 
Por hoje, meditemos em alguns versículos e não nos esqueçamos de Miriã.
 
Pv 26: 20,22 - Sem lenha, o fogo se apagará; e, não havendo maldizente, cessará a contenda...As palavras do maldizente são como deliciosos bocados, que descem ao íntimo do ventre.
 
Pv 21:23 - O que guarda a boca e a língua guarda das angústias a sua alma.
 
Tg 3: 3-10 Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo. Vede também as naus que, sendo tão grandes e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa. Assim também a língua é um pequeno membro e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; como mundo de iniqüidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno. Porque toda a natureza, tanto de bestas-feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana; mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus: de uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.
 
Não convém que isto se faça assim. Usemos a língua para o bem, uma vez que o Eterno nos tem dado a dádiva de podermos falar. Como diz o salmista: “Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca proferirá o teu louvor.” (Sl 51:15)

terça-feira, 6 de agosto de 2013

SHOFETIM e o Remédio contra o Medo.


Hoje não quero colocar um pensamento meu acerca da parashah de Shofetim, mas retiro aquilo que aprendi lendo um livro de comentários das parashiot, chamado "Nos caminhos da Eternidade". Espero que seja útil. (A propósito, esses livros estão à venda na CINA)
 
“O homem medroso e de coração mole, que volte para sua casa e não derreta o coração de seus irmãos como o seu coração.”
 
Antes de sairem para a guerra, um Cohen especialmente designado anunciava para as pessoas que estivessem nos seguintes status, que poderiam voltar para suas casas sem ir para a guerra:
 
1) Os que construíram suas casas, porém ainda não a inauguraram.
 
2) Aqueles que tinham plantado um vinhedo, mas ainda não haviam desfrutado dele (ainda não haviam passados os três anos necessários pela Torá para que pudessem desfrutar dele)
 
3) Quem tinha noivado e ainda não casou.
 
4) Aqueles que estivessem com medo (conforme primeiro parágrafo)
 
Nossos sábios nos dizem que os três primeiros foram incluídos neste anúncio por causa do quarto (o que estivesse com medo), pois seria vergonhoso que do meio de um grupo de soldados, após o anúncio do cohen, retirassem-se apenas aqueles que estivessem com medo. Desta forma, incluindo-se outras categorias e deixando que todos retirassem-se somente ao final do anúncio, não seriam notados os que se retiravam por medo. Portanto, notamos que era imprescindível a retirada dos que temiam a guerra, para que não se infiltrasse nas fileiras dos soldados o medo e para que não se contagiasse todo o exército (conforme a Torá explica).
 
Um dos grandes pensadores de nossa geração, o rabino Chaim Shemulevits ZS''L (ex-rosh-ieshiva de Mir, que durante a Segunda Guerra Mundial teve sua sede em Changai e hoje possui uma sede em Jerusalém e outra em Nova Iorque) nos diz que o medo somente existe em pessoas que não possuem fé e não depositam confiança em D'us. Ele vai ainda mais longe nos dizendo que a pessoa que tem medo coloca o meio que a rodeia em perigo. Sobre este assunto ele traz um comentário do comentarista do Tanach Ralbag sobre a seguinte passagem do Tanach (Melachim II, cap 6):
 
Quando o exército de Aram cercou a cidade de Dotan (uma das cidades do centro de Israel), o jovem que era servente do profeta Elisha assustou-se e perguntou ao profeta - O que faremos para nos salvar? O profeta então respondeu-lhe: "Al tiká ki rabim asher itanu measher otam" - Não tema, pois somos mais numerosos do que eles; e consta que em seguida o profeta pediu a D'us que abrisse os olhos do jovem para que ele visse de fato que eles estavam em maioria, e assim ocorreu, o jovem viu a montanha repleta de cavalos e carroças de fogo em volta do profeta. Logo em seguida, o profeta Elisha pediu ao Todo Poderoso cegar o povo de Aram e foi atendido.
 
Comenta então o rabino Chaim Shemulevits ZS''L: A priori, o primeiro milagre, quando o Todo Poderoso fez com que o jovem enxergasse a montanha repleta de cavalos e carroças, foi inútil, pois logo em seguida o exército de Aram ficou cego e de qualquer forma não venceria o exército de Elisha.
 
O comentarista Ralbag nos explica que o primeiro milagre foi necessário para acalmar o medo e fortalecer o coração do jovem que acompanhava o profeta, pois o maior perigo era justamente o medo (que é proveniente da falta de fé e de segurança no Todo Poderoso) que colocava todos em perigo. O segundo milagre só foi possivel de concretizar-se depois que o jovem acalmou-se, pois todo o tempo que ao redor do profeta houvesse alguém com medo, ele também corria perigo e não poderia ser feito o milagre por seu mérito.
 
Qual então o remédio contra o medo? Em seu livro Ale Shur vol 1, o rabino Shelomo Wolbê Shlita nos diz: "Bitachon bashem messalek pachadim"- A fé em D'us afasta todos os medos.
 
Apesar de encontrarmos em Mishlê (24:14) o seguinte versículo: "Ashrê adam mefached tamid" - Bem-aventurado aquele que sempre teme, o Talmud Berachot (Pág 60) nos explica que esta citação se refere sobre temer o esquecimento da Torá, temer que a Torá que estudamos seja esquecida, e Rashi explica no local, que este temor nos fará sempre revisar os trechos estudados para não esquecê-los.
 
Outra prova de qe o medo das circunstâncias comuns da vida e do dia a dia tem sua origem na falta de fé e de segurança no Todo Poderoso é o episódio relatado pelo Talmud sobre Hilel Hazaken, quando regressava a sua cidade. Justo quando entrava na cidade ouviu gritos, mas disse: "Tenho certeza que não são provenientes de minha casa. E sobre ele diz o versículo no Tehilim 112: "Mishemuá raá lo irá nachon libô batuach bashem"- Uma má notícia não temerá, pois seu coração deposita confiança em D'us.
 
*** que tenhamos sempre confiança na misericórdia do Eterno. *** Espero que tenham apreciado a reflexão do livro, e se o desejarem, poderão comprar na CINA, liguem (41) 3377-2422. Um abraço!