segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Abraão e a capacidade de interceder pelos outros


A parashah de Vaierah compreende o texto de Gn 18:1 a Gn 22:24.
 
Gn 18:20-22 Disse mais o SENHOR: Com efeito, o clamor de Sodoma e Gomorra tem-se multiplicado, e o seu pecado se tem agravado muito. Descerei e verei se, de fato, o que têm praticado corresponde a esse clamor que é vindo até mim; e, se assim não é, sabê-lo-ei. Então, partiram dali aqueles homens e foram para Sodoma; porém Abraão permaneceu ainda na presença do SENHOR.

 Que nosso patriarca foi um homem hospitaleiro todos já sabemos, mas depois que seus “visitantes” se foram, ele permaneceu em pé diante do Eterno. Porque?

Porque era hora dele INTERCEDER pelos demais homens.

HaShem havia acabado de dizer a Abraão que iria ver o que acontecia em Sodoma. Será que o Eterno não sabia o que se passava? Ele sabe, sempre sabe tudo!

Nos versos 17 e 18, Ele diz: “Ocultarei eu a Abraão o que faço, visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação e nele serão benditas todas as famílias da terra?”

Qual era a intenção do Eterno ao falar a Abraão sobre Sodoma? A verdade é que nosso patriarca poderia ficar calado, pois o próprio Deus havia acabado de lhe dizer que ele seria uma poderosa nação. Deixa o Eterno destruir Sodoma, eles terão o que plantaram. Bem feito, diriam alguns!

Mas não, nosso patriarca sempre foi superior, sempre foi bom, generoso e não, não se achava o “ungido do Eterno, o único” e por isso, ele intercedeu junto ao Pai, dizendo: “destruirás também o justo com o ímpio?”

Aí começou a pedir ao Eterno que poupasse a cidade, por amor dos justos que lá havia. Começou com cinquenta, depois quarenta e cinco, quarenta, até chegar a dez, mas nem sequer dez justos haia, infelizmente.

O que difere o justo dos demais é que o justo não se coloca na posição superior. Abraão, ao interceder pelos homens dizia: “me atrevo a falar com o Senhor, ainda que sou pó e cinza”

Situação semelhante viveu Moshe Rabenu, quando o Eterno propôs-se a destruir os israelitas. Então nosso justo mestre dizia: “Ora, este povo pecou pecado grande, fazendo para si deuses de ouro. Agora, pois, perdoa o seu pecado; se não, risca-me, peço-te, do teu livro que tens escrito.” (Êx 32:31,32)

Pouco antes, o Eterno, diante do pecado do povo, fez uma tentadora proposta a Moshê. Vou destruir o povo, e fazer uma nova e grande nação a partir de ti. E nosso líder conseguiu demover o Eterno de tal pensamento. (Êx 32:9-14)

Sinceramente, quem de nós seria capaz de tal ato? Quem de nós seria JUSTO COMO MOSHÊ? Ou como Abraão?

Talvez fôssemos como Jonas, o profeta, que se negava a pregar a Nínive porque sabia que D-us era misericordiosoe perdoaria o pecado do povo. O livro de Jonas nos ensina muito sobre o que somos e o que deveriamos ser.

Muitas vezes ficamos chateados por causa da aboboreira que nos faz sombra, mas não movemos uma palha em defesa dos pecadores. Talvez porque nos achemos justos e merecedores, enquanto os outros são “grandes pecadores diante do Eterno”. Vá além, seja Abraão, seja Moshê.

Porque um certo sábio chamado Yeshua disse: “se a vossa justiça não  em muito a dos escribas e fariseus, de maneira nenhuma entrareis no reinos dos céus.” (Mt 5:20) Ele mesmo dizia: “não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento”(Lc 5:32)
A ilustração acima traz uma imagem representativa da estória do fariseu e do publicano. Ela pode nos ensinar a ser mais Moshê, mais Abraão e menos Jonas.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Uma lição de Abraão: Brigar não vale a pena!

A parashah dessa semana, chamada Lech Lecha, vai de Gn 12:1 a Gn 17:27. E narra a história de Abraão, pelo menos em seu início, mas traz lições fantásticas, das quais, esse ano, meditaremos em apenas uma.

Gn 13:8 - E disse Abrão a Ló: Ora, não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e os teus pastores, porque irmãos somos.

Nessa porção temos o chamado do patriarca Avraham pelo Eterno e junto com ele foi seu sobrinho Ló. Algum tempo depois, o texto bíblico fala que Abraão era muito rico e Ló também tinha seus rebanhos e era tanto que a terra onde habitavam já não era suficiente para comportar todo o rabanho. Foi aí que os pastores do gado de Ló e de Abraão começaram a brigar. E qual foi a atitude do nosso patriarca?

“Não é legal ficarmos brigando, está aí a terra toda, escolhe qualquer um dos lados; se você for pra direita, eu vou pra esquerda e pronto.” Simples assim!

Abraão nos ensina uma grande virtude: Mesmo sendo “irmãos” é melhor se afastarem do que ficarem juntos brigando. Não haja contendas entre mim e ti, dizia ele. Eu não quero brigar, não vale a pena.

Eventualmente, mesmo estando em condição superior, vale a pena descer um degrau, em nome da paz.

Abraão era o “homem da promessa”, o que havia sido chamado por Deus; Ló era tão somente seu sobrinho, que decidira o acompanhar quando ele saiu de Harã. No entanto, mais uma vez a atitude do patriarca nos dá um show de humildade. Ele permitiu que Ló escolhesse onde queria habitar. Abraão poderia dizer: “Ló, eu sou o escolhido do Eterno, o chamado por Ele, portanto, eu lhe digo que vá embora, que pegue o lado ruim da terra...”

Ao permitir que Ló escolhesse para que lado iria, ambos revelam sua personalidade e caráter.

• Ló: poderia dizer: “não tio, você é o escolhido de Deus, fique com a melhor parte, escolha e eu fico com o que sobrar.” Ou melhor ainda: “de jeito nenhum, meu tio, se nossos pastores estão brigando, mandemos eles embora, mas nunca me separarei de ti.” Essa foi a atitude de Rute, a moabita, diante de sua sogra Noemi. “Não me instes para que te deixe,... só a morte me separará de ti.” (Rt 1:16,17)

Ló olhou para as campinas do Jordão, bem regada, e armou suas tendas até Sodoma. Aí o texto bíblico diz: “Eram maus os varões de Sodoma e grandes pecadores contra o Senhor”. (Gn 13:10-13) Para ele, o importante era ter o melhor lugar para seu gado, ainda que os habitantes sejam maus, ainda que eu habite junto às tendas da impiedade, ainda que isso seja perigoso às minhas filhas.

• Abraão: Não se importava com os bens, para ele valia mais a paz. Abraão não se interessou no melhor lugar, pois para ele, o melhor lugar é a companhia do Eterno. Onde ele ia armando suas tendas, fazia um altar ao Senhor e o Eterno era com ele. (Gn 13:18)

Ló, mais tarde, pagou o preços de suas escolhas, e Abraão, misericordio como sempre (sem rancor) saiu em auxílio de seu sobrinho.

A mesma atitude e característica de Abraão estava presente em seu filho Itschak, quando este teve seus poços sendo enchidos de terra pelos filisteus invejosos (Gn 26:12-15) e Isaque não brigava, antes, em nome da paz, saía. Preferia perder do que arrumar encrenca. Ele cavou mais poços e seus inimigos seguiam mentindo, brigando pelas águas, e Isaque tolerava, saía e cavava outro poço, até que tivesse finalmente paz. (Gn 26:18-25).

Aprenda com Abraão e Isaque, nossos patriarcas, e eventualmente saiba perder, prefira perder, em nome da paz, mas para onde o Eterno te levar, também seja como nossos patriarcas, erga um altar ao Senhor e o louve por sua infinita bondade e misericórdia. Porque nem sempre o vencedor é aquele que está no lugar mais alto do podium.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Lições da Unidade na Torre de Babel


Gn 11:1 - Ora, em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma só maneira de falar.
Depois de descerem da Arca, Noach e seus filhos repovoaram a terra, e à medida que as famílias se multiplicavam  eles iam aumentando os limites de sua habitação.
Todos eram “irmãos” uma única nação. Ninguém se sobrepunha sobre os demais, afinal eram uma mesma “família”.

A unidade é algo bom, importante, tanto que na sua oração, Yeshua dizia: “Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós... Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. (Jo 17:11,21,22)
Quando somos UM, manifestamos a fé no Mashiach.

Mais tarde, quando Shaul HaShaliach já lidava com divisões na Kehilah de Corinto, ele disse: “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Yeshua HaMashiach, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo parecer.” (1 Co 1:10)

O próprio Eterno, ainda no texto de Gn 11, diz: “Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.” (Gn 11:6)

Não há restrições, tudo o que um conjunto unido pretende, ele será capaz de executar. O problema é que a união também faz a força no sentido contrário, para o mal.
No caso dos descendentes de Noach, o mal foi a ambição por “tornarem-se célebres”. Basta ler o texto em Gn 11:4:
“Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra.”

Diz o sábio Hillel, em Pirkê Avot: “todo aquele que quer muita celebridade, perde a que já possui.” (Avot 1:13) Quando você acha que só você sabe fazer as coisas direito, que só você é capaz disso ou daquilo, que as pessoas deveriam reconhecer seu mérito, tudo o que você faz deixa de ter valor, porque o faz apenas para ser reconhecido. Ter seu nome como de alguém “célebre, importante” não significa nada, pois o que vale é termos nosso nome inscrito no único lugar realmente de valor: o LIVRO DA VIDA.

No texto de Shaul aos Coríntios, ele dizia: “cada um diz... eu sou de Paulo, eu de Apolo e eu de Cefas...” pra quê isso? Porque a divisão estava sendo causada porque alguém achava seu líder melhor, maior ou mais importante. E ele segue: “dou graças a D-us, porque a nenhum de vós batizei.” (1 Co 1:12-14)

Quer ver a Congregação crescer? Reconheça que todos somos importantes, e que ninguém, absolutamente ninguém é melhor do que os outros. Até porque, João Batista, o grande homem que batizou a Yeshua, o Mashiach, dizia: “Convém que ele cresça e que eu diminua.” (Jo 3:30)

A união é boa, diz o salmo: “Quão bom e agradável é que os irmãos vivam em união.” Mas para ser boa, tem que ser por um propósito bom. Se o propósito algum dia for fazer com que seu nome seja célebre, já perdeu seu valor. Pense nisso!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Começo certo para um rapaz perdido!

Nessa semana recomeçamos o estudo da Torah, com a porção de Bereshit (Gn 1:1 a Gn 6:8) e eu especificamente, estarei celebrando a união de um jovem casal de amigos.
Como sempre acreditei, o Eterno faz tudo no tempo certo, e se fizéssemos aquilo que Ele, nosso Criador, nos recomendou, viveríamos muito melhor.
Em Gn 2:18 temos: “E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele” Com frequência vemos jovens perdidos por aí, sem rumo, e por vezes achando que estão certo, mas como sempre acontece, estão enganados. Já no primeiro homem, Adam, o Eterno viu que não era bom o homem viver sozinho. Ele precisava de uma adjutora, uma ajudadora, idônea, que se preocupasse com ele e cuidasse dele.
Não precisa ir muito longe, é na verdade bem simples, basta olhar para os lados e temos exemplos diários desde coisas corriqueiras. Quantos homens você conhece que sabem se virar sozinhos? Se virar que digo é se vestir adequadamente, roupa sempre limpa e passada, se alimentar na hora certa (alimentar, não comer porcarias pelas ruas) cuidar da sua aparência, higiene pessoal, etc? A maioria dos homens precisa de alguém que cuide deles, que os faça se alimentar na hora certa, que cuide das suas roupas, que avise que está na hora de comprar um calçado novo para ele; se não tem uma esposa, o homem não sabe viver.
Na sequência, o Eterno fez com que o homem se deitasse, dormisse e aí todos sabemos que Ele formou, a partir da costela de Adam, a mulher, chamada Eva. Adão feliz, disse: “Essa é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne.” E ambos estavam nus e não se envergonhavam. (Gn 2:21-25).
Essa era a vontade do Eterno. O homem e sua esposa, a ajudadora, sempre ao seu lado, o apoiando; uma única pessoa diante de quem ele fica nu (ele se revela por inteiro, chora, ri, compartilha de todos os momentos) sem se envergonhar.
E como eu brinco de vez em quando com os jovens, um rapaz solteiro é uma pessoa deficiente, pois falta-lhe uma costela. E uma moça solteira então, que é só uma costela, e falta-lhe todo o restante do corpo? Na verdade, não importa o tamanho do pedaço do corpo que foi tirado do homem, o que vale é que ele só será completo com uma esposa ao seu lado.
Jovem, se a vida lhe parece incompleta, mesmo cheio de amigos ao seu lado, é porque sua vida sempre será incompleta, até que você se dê conta de que o conselho do Eterno ainda permanece: NÃO É BOM QUE O HOMEM ESTEJA SÓ!
Mas lembre-se: “há tempo para todas as coisas debaixo do céu” (Ec 3) Faça a coisa certa, procure um casamenteiro, se disponha a aceitar os conselhos, e perceba que o casamento é parte de uma vida plena segundo a vontade do Eterno.

Claro que a meditação não se resume a isso, há inúmeros conselhos a serem dados, tanto a solteiros quanto a casados (mesmo de longa data) para uma vida cheia de alegria, mas isso fica para a explanação da parashah ao vivo com o rosh, dentro da kehilah! Shabat shalom! Que todos tenham um shalom Bayt para desfrutar sempre!

** A foto acima é de um casal amigo de longa data, de Campinas, que se uniram em março de 2012, a Zelinha e o Zahav.