terça-feira, 5 de outubro de 2010

Noach, o diferente


Noach foi um personagem singular no relato bíblico. Literalmente único, em sua geração, justo, integro e que andava com Deus. Isso é o que relatam os primeiros versículos da parasha dessa semana (Gn 6:9 a Gn 11:32).
Em Gênesis 6:12 lemos: “Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido seu caminho na terra.”
A corrupção do homem é como um caminho sem fim... um se corrompeu, e a partir daí corrompeu o próximo, que foi corrompendo até que todos haviam se desviado do caminho original que seguiriam na vida. Será que dá pra mudar? Porque Noach conseguiu resistir a isso?
Porque Noé não se importava em ser igual aos demais homens. Ele tinha sua própria concepção das coisas, sua personalidade não era volúvel, não se moldava de acordo com os parâmetros dos demais homens. Seu discernimento de certo e errado não passava pela opinião dos demais homens.
Quando fazemos a cerimônia da havdalah dizemos: “Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, que fazes separar o santo do profano, Israel dos demais povos...” Ao pronunciarmos tais palavras, expressamos a necessidade de ser DIFERENTE dos demais povos.
Em Rm 12:2, Shaul HaShaliach nos diz que não devemos nos conformar (andar conforme) as nações neste século. Tá, tudo bem! Devemos ser diferentes, mas diferentes em que? Físico? Aparência? Roupas? Comportamento?
Quando falamos de corrupção, basta olharmos e vemos que crianças desrespeitam pais, professores, líderes, etc. e nossa diferença está em educarmos nossos filhos no sentido contrário (não conforme) do mundo. Aprenderem a respeitar, honrar os mais velhos, serem educados.
Quando todo mundo procura tirar vantagem de toda e qualquer situação, se aproveitando do próximo, nossa diferença está em nos preocuparmos com o próximo, considerando aos outros superiores a nós mesmos (Fp 2:3). Se prejudicarmos alguém, nossa preocupação deve estar em ressarcir o prejuízo, não em se aproveitar.
Noach nos ensinou que, mesmo membros isolados podem ser diferentes dos demais. Ele, sozinho, optou por não se corromper e por SER DIFERENTE DOS DEMAIS HOMENS. É possível seguirmos seu exemplo de integridade, justiça e andar com Deus. E ele foi digno de Deus falar com ele, quem sabe possamos um dia ouvirmos a voz de Deus também. Por mais difícil que nos possa parecer, sejamos diferentes!

2 comentários:

Anônimo disse...

Shalom. Diz o Talmud, que Noach foi justo naquela geração, ou seja, uma geração corrompida e, caso ele nascesse na geração de Avraham, por exemplo, ele não seria considerado tão justo assim. Os Sábios dizem isso, pois ele, Noach, não rezou e nem interviu por aquela geração enquanto construía a arca, preferindo ignorá-los, sendo muito egoísta, desprezando os que estavam de fora (os que não criam como ele)do que ele entendia como 'justos', ou seus 'iguais'. Ioná, também agiu desta forma ao fugir de D'us, ao invés de intervir pelos 'diferentes' dele, os habitantes da cidade de Ninvê. Por mais que entendamos que o nosso caminho é o melhor, temos que, humildemente, reconhecer que o nosso caminho não é o único, pois caso assim pensemos, iremos discriminar o outro, iremos achar que somos os únicos 'donos da verdade', os únicos 'salvos', nos isolando do convívio com as demais pessoas. O judaísmo não se diz a única fé verdadeira e, muito menos, se diz o único caminho para a salvação. Reconhece-se os justos entre as nações que observem as 7 leis noéticas que, por sinal, são tratadas nesta perashá. E é exatamente isso que faz do judaísmo ser plural e não uma seita (deve-se falar em judaísmos), pois acolhe todo o tipo de judeu, até mesmo o que não crê em D'us (lembremos dos 4 elementos da recente festa de sucot que se encerrou). O judaísmo moderno por ser plural, agrega em seu meio, ortodoxos, conservacionistas, reformistas, reconstrucionistas, humanistas, seculares, inclusive aqueles que com sinceridade queiram fazer parte deste povo, pela conversão legítima e aprovada pela halachá. O judaísmo é agregador, coisa que Noach, infelizmente não foi. Ao contrário de outras religiões que se dizem monoteístas, o judaísmo não advoga a tese de que os outros não estão salvos. Contudo, os outros, dizem que somente o 'seu povo' é que está salvo e, com esta visão estrábica, trabalha fortemente pelo proselitismo, tentando colocar em seus meios os 'diferentes'. O espírito do judaísmo se conecta com o espírito de Avraham, agregador, onde convivia bem com todos, independentemente de credo religioso. Já o de Noach, conecta-se com o destas religiões proselitistas, onde 'acham' que trazendo os 'diferentes' para os seus meios estão fazendo um bom trabalho, quando na verdade estão agregadando egoísticamente para o seu meio pessoas que não tem a menor afinidade com esta visão, mas, seduzidos pela 'falsa' promessa de salvação correm atrás deles, ou seja, ambos se merecem, a falsa religião e os que atrás dela vão, já que um quer agregar ilegitimamente com vistas ao crescimento da seita e as pessoas, pelo motivo interesseiro de se venderem para esta 'falsa salvação' anunciada. Então, para concluir, Nôach foi justo naquela geração de perversos (uma geração muito próxima da atual, senão melhor), enquanto as 'falsas religiões', pelo que se vende hoje, também são justas na nossa geração, pois vendem salvação e vida eterna, coisa absolutamente inexistente na Torá e nos profetas.

João Cardoso disse...

Shalom, mas mesmo Noach sendo justo naquela geração e salvando do dilúvio somente sua familia,restam algumas perguntas.Pelo tempo que Noach construiu a arca ninguem pediu pra ele porque da arca? a noticia de um fato inusitado como este(a contrução duma arca) não se espalhou pela região? Eu creio que ele falou para muitas e muitas pessoas o porque daquela arca,mas alguem creu na pregação dele? Concerteza não, por isso Noach salvou só a sua familia provavelmente fazendo a vontade de D'US( O Santo Bendito Seja Ele), que disse: Resolvi dar cabo de toda a carne.....e os fare perecer juntamente com a terra. Noach na minha visão fez somente o que D'US havia determinado pra ele, portanto é inculpável desse fato mas,a geração daquela época não foi merecedora da salvação.