quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Vaerah e a decisão de vencer o nosso Egito e cruzar o deserto.


Antes de entrarmos na história do êxodo e das pragas, precisamos entender o motivo pelo qual estudamos as parashiot e especialmente neste livro, qual a razão de entendermos as dez pragas e a história da libertação.  A resposta que nos fará mais sentido é aquela que diz: “estudamos o êxodo do Egito, porque essa não é apenas uma história de quatro mil anos atrás, mas é a nossa história. Cada um de nós vive seu próprio Egito, sua própria busca da liberdade. Não é fácil de alcançá-la, porque não há uma receita universal; cada pessoa enfrentará seus próprios desafios, passará pelas pragas e no fim, poderá ou não chegar à sonhada terra prometida. 

A história antes da parashah de Vaerah (Êx 6:2 a 9:35) começa com a recusa de Moshê em seguir a recomendação do Eterno de ir e libertar o povo. Em sã consciência, quem aceitaria? 
Moshê tinha uma boa vida no Egito, aprendendo a cultura e levando uma vida de príncipe. Quando ele inventou de fazer justiça, ao ver um egipcio ferindo um hebreu, foi lá e matou o egípcio, mas por conta disso, acabou sendo visto e por fim teve que fugir do Egito. Em Midiã, se casou com uma boa esposa, Tsiporah e estava bem, apascentando o rebanho do sogro... aí foi ser curioso ao ver a sarça ardente e pronto: tudo mudou.

Essa não é exatamente a sua história mas bem que pode ser. Quantas vezes você está lá ,numa situação confortável e curioso pega a bíblia e D-us fala contigo? Na maioria das vezes, Ele te diz para mudar... e sua situação se torna semelhante à de Moshe. Quantas vezes você vai ajudar alguém (como Moshe) e acaba sobrando pra você? E aí você pensa: “eu sou muito burro mesmo, devia ter ficado na minha!” 
A questão é que não, não devemos ficar na nossa. Há um Egito pra atravessarmos. E nesse Egito há opressores (faraós) há desafios a serem enfrentados (pragas, cruzar o mar, atravessar o deserto) mas assim como Moshê, ao darmos o primeiro passo em direção à Teshuvah, já não deve haver mais a possibilidade de voltar atrás, de desistir.

Dito isso, qual a vantagem de se enfrentar o Egito?
Bem, os que optam por ficar na vida comum (boa) se acomodam e não estão preocupados em ajudar o próximo (fazer Tikkun Olam, já falei sobre isso em outras postagens) não ouvem ao Eterno e o pior, não querem testemunhar os milagres.

Imaginemos se Moshe ficasse no Egito, e ao ver o egípcio maltratando um hebreu, ele não tomasse uma atitude, Moshe teria sido um príncipe do Egito, mas não testemunharia dos grandes milagres de D-us, não escreveria a Torah, não seria o grande homem que foi. 
Se Moshê não tivesse sido curioso ao ver a sarça ardente (Êx 3:2,3) ele não ouviria a Deus, não voltaria e não seria o homem pelo qual os sinais seriam feitos. 

Aí é que entramos na parashah dessa semana (2º Ciclo (Ex 7:8 a 8:15)):  
Êx 7:14 Disse o SENHOR a Moisés: O coração de Faraó está obstinado; recusa deixar ir o povo.
Saiba que ao entrar na vontade do Eterno, aparecerão diante de ti faraós obstinados (que você pode chamar de patrão, pais, esposa, marido, amizades) que irão tentar obstinadamente te fazer desistir da idéia de servir ao Eterno, de caminhar em busca da Terra Prometida. 

Nessa parashah temos as primeiras pragas, com a água se tornando em sangue, rãs e piolhos. 
Como sabemos, as primeiras, os magos do faraó conseguiram imitar e devemos ter cuidado, pois o faraó vai tentar nos iludar, mostrando para nós (e para eles mesmos) que é possível fazer os mesmos sinais. Você ouvirá isso hoje de forma diferente: “pra que ir pra lá, pra quê esse negócio de fazer teshuvah, de ser judeu, tá vendo, aqui também somos abençoados, aqui também oramos, também servimos ao mesmo Deus. 

Só que nesse segundo ciclo, a parasha é concluida com o  seguinte verso:
Ex 8:15 (na Torah) (Ex 8:19 na bíblia comum) Então, disseram os magos a Faraó: Isto é o dedo de Deus. Porém o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o SENHOR tinha dito.

Cabe a cada um de nós decidirmos se vamos ser como Moshê, aceitando o desafio de cruzar nosso deserto, enfrentando sim dificuldades, gigantes, faraós, mas entrando na terra prometida ou se optaremos pela comodidade de ser um príncipe do Egito, nos aquietando à vida e não fazendo desse mundo um lugar melhor, e esquecendo a idéia de Tikkun Olam. Te convido a ser destemido, corajoso... há um deserto à nossa frente, vamos juntos enfrentá-lo? 

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