Antes de entrar no texto da parashah de Yitro (Ex 18 a Ex 20), é interessante fazer
uma breve contextualização histórica.
Israel havia habitado por séculos no Egito, onde, após a
morte de José, e com o surgimento de uma nova liderança, um novo faraó, o povo
hebreu acabou se tornando escravo e logo se habituaram com essa situação. Só que
com o passar do tempo, pediam a D-us por um libertador. E o Eterno enviara a
eles Moshê.
Pouco antes da libertação final, vale lembrar que “houve uma
negociação” entre faraó e Moshê, que desejava que seu povo pudesse sair e
livremente adorar ao Eterno. Mas porque
os israelitas precisavam ser livres para adorar? Não podiam simplesmente continuar
sendo escravos e adorar a D-us assim
mesmo? O fato é que não é possível. E agora entramos no contexto.
Nessa parashah, com os dez mandamentos, os israelitas,
finalmente livres, começam a receber as leis do Eterno.
Só um povo livre pode ter condição de legislar e ter sua própria
constituição. A Torah só poderia ser entregue a Israel depois que eles saíssem do
Egito. A principal luta do povo de Israel era e continua sendo pela liberdade,
pois só através dela podemos servir ao Eterno.
Qualquer trabalho (emprego) hoje não nos isenta de
cumprirmos a Torah. Por isso, hoje, também devemos buscar nossa “liberdade”.
Uma das diferenças entre gentios e judeus reside no fato de
que o gentio se questiona: “eu preciso fazer isso para ser salvo? Isso é ponto
de salvação?” Já os judeus estão preocupados em “como faço para agradar melhor ao
Eterno?”
Ao saírem do Egito, o Eterno propiciou aos israelitas a
oportunidade de servi-Lo com liberdade, sem restrições. Foi aí que se revelou o
caráter de todos. Na liberdade. Nem todos estão dispostos a “servir ao Eterno”
com intereza de coração. E assim o é até
aos dias de hoje.
Entre a segurança de um bom emprego, salário em dia, e o pão
garantido sobre a mesa, e a liberdade para buscar seu próprio trabalho e poder
servir melhor ao Eterno, mas sem garantias de salário, as pessoas preferem a
segurança. Ocorre que, quando optamos
pela “liberdade”, exercemos a confiança, a fé, a dependência de D-us.
Para quem deseja se “converter” e unir-se a Israel, é
preciso primeiro se desvencilhar do Egito e buscar sua liberdade, para aprender
a confiar em D-us. Vejamos o exemplo de Israel: No Egito, eram escravos, mas
tinham suas casas, alimentos e viviam “tranquilos”. Ao sair dali, para um lugar
desconhecido, o que os esperava? Será que teriam terras, teriam alimentos? Não
por acaso, logo que saíram, muitos já se queixaram pedindo por comida, com
saudades dos melões, dos alhos, “onde comiam a fartar no Egito”. É preciso coragem e ousadia para alcançar a
liberdade plena.
Imagine-se como escravo no Egito. Você acha que o faraó
permitiria aos milhares de escravos israelitas que tirassem o shabat para
buscar ao Eterno? E que cumprissem os yamin tovim? Isso sem contar qualquer
outro aspecto dos 613 mandamentos.
E por falar em 613 mandamentos, de certa forma todos eles estão
contidos nos chamados 10 mandamentos (ou 10 palavras)
Vejamos um pouco dos 10 mandamentos:
- Os 3 primeiros são relativos exclusivamente ao Eterno.
- O 4º mandamento, do shabat, tem relação com D-us e os
homens.
- Os outros 6 mandamentos estão vinculados ao próximo (aos
homens).
Não por acaso a somatória de 3+1+6 tem como resultado 10. De
qualquer forma, quer sejam os 613 mandamentos, quer sejam os 10, de forma
resumida, só seremos capazes de cumpri-los se formos um povo LIVRE.
Não coloque impecilhos para obedecer à Torah. Se você deseja
servir ao Eterno de coração, busque a sua liberdade; aprenda a confiar em D-us
e a alcançarás.
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