sexta-feira, 29 de julho de 2011

Massei - Arão e questões na hora da morte



A parashah de Massei encerra o livro de Bamidbar, e vai de Nm 33:1 a Nm 36:13. Dentre os assuntos, especialmente no começo quando são relatadas as caminhadas do povo pelo deserto, há uma interrupção pra falar sobre a morte de Arão.

Nm 33:38-39. - Então, Arão, o sacerdote, subiu ao monte Hor, segundo o mandado do SENHOR; e morreu ali, no quinto mês do ano quadragésimo da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no primeiro dia do mês. Era Arão da idade de cento e vinte e três anos, quando morreu no monte Hor.

Mas o que teve de tão importante Arão?
Se lermos o relato da morte dele em Nm 20:23-29 - assim como Moshê, Arão sabia que iria morrer, mas antes o Eterno o relembrou, (você vai morrer porque foi rebelde) e teve que subir num monte, se despir, passar as roupas de sacerdote para Eleazar, seu filho e então morrer. Aí o povo chorou por trinta dias. Aí dá pra tirar várias lições.
- Arão esteve tão perto da terra prometida, caminhou por 39 anos e cinco meses, e acabou morrendo no deserto? Porque? Será que valeu a pena a caminhada?
Tem coisas que só nos damos conta no momento da morte. Por exemplo: ao longo da vida a gente vai deixando pendências e só no leito de morte a gente pensa em resolver todas elas de uma vez, mas aí é tarde. Uma mágoa por exemplo, a pessoa passa anos sem conversar com outra por causa de um problema, e quando fica doente, perto da morte, então ambas são tomadas de um súbito desejo de relevar tudo, perdoar, buscar perdão, só para morrer em paz.
Outros, conhecem a Bíblia e passam a vida inteira sem decidir passar pela tevilah, e daí na hora da morte tomam essa decisão. Será que foi conversão verdadeira ou puro medo de morrer sem salvação?

- Porque Arão foi rebelde? Porque ele desobedeceu a Deus, fazendo o bezerro de ouro?

Rebeldia é e sempre será cobrada pelo Eterno. Quando lemos em Samuel, vemos: “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.” (1 Sm 15:23) Esse caso é quando Saul não obedeceu ao mandado do Eterno, e quis fazer diferente. O que muitos não se dão conta é que o verso fala que a REBELDIA é como a FEITIÇARIA.

Tem coisas que a gente só se arrepende na hora da morte e não deve ser assim. Arão caminhou mais de 39 anos pelo deserto, e no fim, não entrou na terra prometida. Será que vale a pena?

Antes da velhice, antes da enfermidade, enfim, antes do seu leito de morte, tome a decisão de ser correto, de corrigir os erros do passado, de firmar sua aliança com o Eterno. Nada de ficar postergando, pois não viveremos para sempre. Agindo assim, você irá dormir sempre em paz, pois não terá nenhum peso extra em sua consciência.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Você sabe votar? Matot.




Esta é a 42ª porção da Torah, e normalmente ela é estudada junto com a parashá de Masse (Jornadas), quando então denominamos Mechubarot (juntas). Esse ano elas são estudadas separadamente, o que nos permite nos aprofundarmos mais (pois a porção fica menor) em função de ser um dos anos em que temos, no calendário judaico, duas vezes o mês de Adar.
Matot significa tribos e começa no capítulo 30 de Bamidbar. Já na primeira Aliah, que vai de Nm 30:2-17, podemos aprender muitas lições, especialmente no que concerne ao fato do homem se comprometer com algumas coisas.

Nm 30:2 - Quando um homem fizer voto ao SENHOR ou juramento para obrigar-se a alguma abstinência, não violará a sua palavra; segundo tudo o que prometeu, fará.
Começando a falar sobre os votos, vemos que:
* Os homens são obrigados a cumprir aquilo que prometeram ao Eterno, o voto que fizer, seja qual for, deve ser cumprido. Isso nos leva a refletir, antes de votar. Refletir é algo que as pessoas não fazem muito, precisamos aprender a não ficar abrindo a boca tão facilmente, falando que vai fazer tal coisa, que se compromete em estar em tal lugar, tal hora... quando não será capaz de cumprir.


Vejamos alguns textos:
Dt 23:21-23 - Quando fizeres algum voto ao SENHOR, teu Deus, não tardarás em cumpri-lo; porque o SENHOR, teu Deus, certamente, o requererá de ti, e em ti haverá pecado. Porém, abstendo-te de fazer o voto, não haverá pecado em ti. O que proferiram os teus lábios, isso guardarás e o farás, porque votaste livremente ao SENHOR, teu Deus, o que falaste com a tua boca.
Ec 5:4-7 - Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes.Melhor é que não votes do que votes e não cumpras.


Interessante lendo estes textos acima que ninguém é obrigado a fazer votos, mas as pessoas vivem falando coisas desnecessárias, assumindo compromissos, que mais tarde não cumprirão, e isso é pecado. Se ficassem calados, não pecariam.


Isso é o que diz Pv 20:25: Laço é para o homem o dizer precipitadamente: É santo! E só refletir depois de fazer o voto.
Tiago 5:12 também fala disso e Yeshua disse em Mt 5:37 Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno.


Agora pense um pouco. Quantas coisas a gente promete e não cumpre. Assina contratos e depois quer voltar atrás. Assina uma ficha de Tevilah, se comprometendo a ser fiel, honrar o ministério, obedecer, mas na hora que é exigido isso, a pessoa sempre dá um jeito de fugir à responsabilidade. Se todos cumprissem os votos, os casamentos seriam bons, as mulheres se comprometeriam a ser submissas e realmente seriam... os maridos se comprometeriam a suprir todas as necessidades da esposa e supririam... e tudo seria realmente melhor.

sábado, 16 de julho de 2011

5 Filhas e 1 Problema sem resposta

Na parashah de Pinechas (Nm 25:10 a Nm 30:1) temos muitas lições, mas dentre elas, temos a história de um homem chamado Tselofechad; o tal homem tinha cinco filhas e nenhum filho. Ele já havia falecido e como ficaria a sua herança na hora da divisão das terras, uma vez que as terras seriam repartidas entre os filhos homens.
O relato delas está em Nm 27, e conta que elas foram até Moshê e os anciãos para questionar como ficaria o caso dessa família. E agora? Como resolver uma situação que não havia sido prevista anteriormente?
A grande lição desse caso está mais uma vez na atitude de Moshê, nosso mestre, que foi consultar o Eterno sobre como deveria proceder. Ora, Moshê era a instância superior sempre, mas isso não significava que ele tinha resposta para tudo.
Quando Jetro o aconselhara lá em Exodo 18:21,22, dizia: “procura homens capazes, tementes a Deus, e coloca sobre o povo...Toda causa grave trarão a ti, mas toda causa pequena eles mesmos julgarão; será assim mais fácil para ti, e eles levarão a carga contigo.”
Uma coisa é ajudar a levar a carga, outra é se achar tão capaz como Moshê, se julgar apto para resolver não apenas as coisas pequenas, como as grandes. Esse é o erro de muitos homens hoje. Se achar! Se acham demais! Se julgam preparados, no mesmo nível. O homem sábio é aquele que conhece suas limitações e que está disposto a ser um ajudante, na hora de carregar as cargas. Se perceber algo difícil, além de sua capacidade, leva para Moshê! Essa é a sabedoria.
Essa é alição que nosso líder nos deixou. Quando chegou uma situação em que ele, Moshê, não se sentia apto para resolver, ele foi consultar a instância superior. Não havia um homem que estivesse acima dele, então ele foi ouvir o que o Eterno ordenaria.
Se existe alguém mais preparado que você, tenha sempre a humildade de consultar, se aconselhar, e de seguir o que essa instância te ordenar fazer. Isso não torna ninguém maior ou menor... Apenas mostra que uma pessoa humilde segue conselhos. Moisés fez assim...
Ninguém é obrigado a ter respostas para tudo, pense nisso! Não seja como os tolos que respondem a toda situação, não importa se respondam certo ou errado, o que vale é fingir que sabe.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Diga-me com quem andas... Balak

A parashah de Balak (Nm 22:2 a Nm 25:9) fala de um personagem principal Bilam, e porque a parashah não se chama BILAM então?

Embora Bilam seja o que estava mais aparente, BALAK estava por trás do intento demonstrado por BILAM. E o texto nos faz lembrar sobre quem são as nossas companhias. Antes de você se relacionar com as pessoas, desenvolver amizades, você se pergunta: quem são essas pessoas?

Esse foi o recado do Eterno a Bilam.
Nm 22:8-9: Balaão lhes disse: Ficai aqui esta noite, e vos trarei a resposta, como o SENHOR me falar; então, os príncipes dos moabitas ficaram com Balaão.Veio Deus a Balaão e disse: Quem são estes homens contigo?
No caso de Bilam, os homens a quem ele recebeu eram pessoas que vieram trazer dinheiro para que ele amaldiçoasse a outro, nesse caso, o povo de Israel.

O salmista dizia: Companheiro sou de todos os que te temem e dos que guardam os teus preceitos. (Sl 119:63)

O Rei Davi sabia de quem era companheiro:
Sl 26: 4,5 Não me tenho assentado com homens falsos e com os dissimuladores não me associo. Aborreço a súcia de malfeitores e com os ímpios não me assento.

Ele não era uma pessoa facilmente influenciável. Um bom exemplo é quando ele teve a oportunidade de matar o rei Saul, e as pessoas o incentivavam a isso, ele nao se deixou influenciar para fazer o mal... matando o rei.
Analisemos 1 Sm 24:1-11
24:1-3 - Saul tomou 3 mil homens e foi perseguir Davi.
24:4- Os que estavam com Davi o aconselham, falam que o Eterno entregou o inimigo em suas maos.
24:4-7 - Davi age diferente do aconselhado, não mata o rei, pelo contrário, sente dor em cortar o tsitsit de Saul. Com essa atitude, ele conteve seus homens de fazer o mal.
24:8- Davi presta reverência ao rei.
24:9- Davi questiona a Saul: Porque você dá ouvidos às palavras dos homens que dizem que eu quero te fazer mal?
Cuidado com as companhias... cuidado com o que dizem...
24:10-11 - Davi fala ao rei: veja minha atitude e reconheça que não há mal em mim, não quero te fazer mal, ainda que você queira me matar.
24:16,17- Saul chora, e diz que Davi é mais justo do que ele.

Seus companheiros podem te influenciar, mas é como diz o ditado: Diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és! O Eterno te pergunta: Quem são essas pessoas contigo?

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Chukat e a morte de pessoas importantes




Na parashah dessa semana, chamada Chukat (Nm 19:1 a Nm 22:1) temos a morte de dois personagens muito importantes para o povo de Israel. Miriã e Arão, os irmãos mais velhos do caçula Moshê. Em Nm 20:1 fala: “Chegando os filhos de Israel ao deserto de Zim, ali morreu Miriã, e ali foi sepultada.” Nada além disso.
Depois, em Nm 20:22-29 fala da morte de Arão, num contexto bem maior e conclui dizendo que: “vendo, pois, toda a congregação que Arão era morto, choraram por Arão trinta dias, isto é, toda a casa de Israel.”

Falar de morte é sempre algo chato, mas também inevitável. A questão é: Como você será lembrado depois de sua morte? No Brasil existe a tradição de que todo mundo é bonzinho quando morre. Na cerimônia de sepultamento sempre tem pessoas falando sobre o quanto o falecido era especial, fazia o bem, etc... mas será mesmo? No dia seguinte, todo mundo se esquece daquela pessoa e pronto, a vida segue.

Dias atrás o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez 80 anos, e no seu discurso ele falou disso. Dizia ele algo assim: “Puxa vida, até parece que estou morto, até a oposição está me elogiando, e normalmente só recebemos elogios depois da morte.”

Todos devemos viver como alguém que está preparado para o dia da morte. Ninguém sabe quando irá morrer; talvez por isso os jovens vivam de forma que acreditam que ainda irão viver muito, que só os velhos morrem, e acabam não medindo as consequencias de seus atos. Isso é um erro.

Nosso objetivo deve ser de buscar o aperfeiçoamento de nosso caráter, alcançar o respeito das pessoas através de nossos bons atos.

O talmude fala, em Pirkei Avot, para procurarmos ser como os discípulos de Arão, que amam a paz, trabalham e buscam a paz. Certamente por ser uma pessoa boa, que buscou a paz e o bem do povo de Israel o tempo todo, Arão foi digno de ver toda a casa de Israel prantear sua morte por trinta dias.

No fim desse livro de Bamidbar, em Nm 33, quando fala de todas as caminhadas do povo de Israel pelo deserto, o texto vai citando cada lugar onde eles acamparam, e só há uma interrupção nessas citações, entre os versos 38 e 40, pra citar justamente a morte de Arão. Tudo que ocorreu durante as mais de quarenta jornadas era importante, mas não havia sido citado, a não ser a morte desse tsadik. Pense nisso!

Tomara que possamos viver uma vida digna de homenagens (recebidas ainda em vida) e quem sabe nossa morte seja lembrada como um dia triste, onde faleceu alguém importante para a história de nosso povo. Viva de modo a fazer a diferença no mundo.