terça-feira, 30 de junho de 2015

Parashah Balak e será que estamos entendendo?


A parashah dessa semana Balak compreende o texto da Torah em Nm 22:2 a Nm 25:9 e, como sempre, traz ensinos maravilhosos.

Sl 92:6-8 - O inepto não compreende, e o estulto não percebe isto: ainda que os ímpios brotam como a erva, e florescem todos os que praticam a iniqüidade, nada obstante, serão destruídos para sempre; tu, porém, SENHOR, és o Altíssimo eternamente.

A nossa visão muitas vezes nos engana, no que é chamado de ilusão de ótica, assim como as palavras muitas vezes conduzem ao engano quando são mal interpretadas. 
Para falar da parashah de Balak, cujo personagem principal é Bilam, esse é um detalhe importante. O que você vê? Como você julga? De que forma entendemos os desígnios de D-us?

O texto inicial de Salmos 92 nos mostra que “o inepto não compreende” e o que é inepto? 
De acordo com o dicionário, inepto é aquele que não é inteligente, que é incapaz. 
Da mesma forma o estulto, insensato, ignorante não é capaz de perceber as coisas. Ambos se assustam ao ver o ímpio florescendo, os iníquos “parecendo levar vantagem” e aí interpreta de forma errônea e por vezes é tentado a ficar do lado dos tais, afinal “tudo está tão evidente”. O texto diz: “nada obstante, serão destruídos para sempre. Tu, porém, Senhor, és o Altíssimo eternamente.”

O mundo está cheio de pessoas assim, que julgam, condenam, defendem aqueles que não merecem crédito, e depois, acabam envergonhados. Mas o que isso tem a ver com a parashah de Balak? Vejamos: 

Nm 22:2,3 - Viu, pois, Balaque, filho de Zipor, tudo o que Israel fizera aos amorreus;Moabe teve grande medo deste povo, porque era muito; e andava angustiado por causa dos filhos de Israel;
Israel havia aniquilado os amorreus, e isso fez com que Balaque e os moabitas ficassem com medo, angustiados. O texto diz que Balak VIU. Nem sempre VER é ENTENDER. Primeiro, o que ele viu? Israel aniquilar com os amorreus! E baseado nisso ele tirou todas as conclusões precipitadas. 

Por qual motivo Israel destruiu os amorreus? 
Nm 21:21-24. Israel só queria passar pelo lugar onde habitava os amorreus. Foram os amorreus e seu rei Seom que se recusaram a prestar um favor, permitindo-os passar, preferiram ser maus e por isso acabaram sendo derrotados.
Balak e os moabitas não tinham o que temer, era só permitir que Israel passasse, quem sabe oferecendo ajuda, pouso... mas Balak VIU Israel destruir os amorreus.

Quantas vezes “vemos” coisas, já fazemos julgamento, ficamos com medo, acusamos, sem sequer saber ao certo o que acontece? Quantas vezes nos angustiamos com algo que não tem sentido? 
Nm 22:4... Agora, lamberá esta multidão tudo quando houver ao redor de nós, como o boi lambe a erva do campo.
Era intenção de Israel destruir tudo? devorar e consumir tudo que estivesse em torno deles? Claro que não... Israel caminhava em busca de uma terra prometida, e não era Moabe. 

Balak faz o que a maioria faz: junta-se com alguém para “amaldiçoar” o inimigo. (Nm 22:5-6) Não dá pra pensar que é correta uma pessoa que se une a outros para “destruir”. 
Há tantos bons caminhos, o da generosidade é o melhor deles. Balak podia ter sido generoso com Israel. Faria um aliado do bem, teria um amigo em momentos de crise. Quando estendemos a mão para ajudar pessoas (especialmente quando não temos interesses pessoais nisso), elas tornam-se nossas amigas. 
Balak contratou alguém para amaldiçoar Israel. Como pode alguém ser bom, querendo amaldiçoar? Ao escolher amigos, devemos observar se esta pessoa visa o bem geral, se não se dedica a destruir vidas, com seus objetivos escusos. 

Há um outro aspecto nessa história de Balak e Balaão:  veja o que Balaão disse a Balak:
Nm 23: 8 “Como posso amaldiçoar a quem Deus não amaldiçoou? Como posso denunciar a quem o SENHOR não denunciou?”
Falar mal de Israel, do povo de Deus não é uma boa idéia, desde os tempos de Moisés.
Números 23:23  Pois contra Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel; agora, se poderá dizer de Jacó e de Israel: Que coisas tem feito Deus!
 (Rm 11:1-5) As pessoas não se dão conta quando falam contra Israel, pois o próprio Shaul diz que Deus NÃO rejeitou Seu povo.
Em Nm 24, temos a prece do Ma Tovu, e o capítulo começa com “vendo Balaão que bem parecia aos olhos do Senhor que abençoasse a Israel...” Nós sabemos o que parece bem aos olhos do Senhor (não aos nossos olhos) e porque não fazer? 

Nm 24: 5-9 - Quão belas são tuas tendas, oh Jacó! Tuas moradas Israel.
Nm 24:9 - Benditos os que te abençoarem, e malditos os que te amaldiçoarem.

Desejo a você boas escolhas, boas decisões e bons amigos. Associar-se com quem visa amaldiçoar Israel nunca foi boa idéia. 

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Chukat e o privilégio de enxergar



Nm 20:5 - E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este mau lugar, que não é de cereais, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem de água para beber?

Na parashah de chukat, segue o povo contendendo contra seu líder Moshe, a triste sina de quem só sabe reclamar da vida e não consegue ser capaz de visualizar as coisas boas, os avanços, e ser grato por isso. 

Só para recordar:
• Israel havia sido feito escravo de faraó no Egito, daí pediram por um libertador, e o Eterno os enviou Moisés.  Isso me faz lembrar as pessoas que pedem algo a D-us e depois que recebem, reclamam: “ah! não era bem isso que eu queria” como por exemplo, pedem um emprego, pedem um casamento, pedem um filho, pedem pra conhecer a verdade, pedem um líder... mas as coisas do Eterno não são exatamente aquilo que queremos, mas o que é melhor para nós.

• Israel presenciou dez sinais sobre o Egito, antes da libertação chegar. Isso me faz ver que não importa a quantidade de sinais que D-us opere através de seu líder, sempre haverá pessoas de memória curta e que julgarão como irrelevantes tais atos; normalmente essas pessoas acreditam que são capazes de fazer aquilo, mas não. Depois que algo é feito, todo mundo acha fácil; o díficil é ser o que fez. Dificil é abrir o mar com seu cajado; atravessar, e depois de estar do outro lado, em segurança, achar que seria capaz de fazer melhor é fácil.

• Israel sentiu fome e recebeu o maná durante toda a caminhada do deserto. Aqui, nessa parashah de chukat, Israel estava ainda se alimentando do maná, mas não era capaz de ser grato pelo pão que aparecia milagrosamente à porta de suas tendas a cada dia. Lembrando que em Nm 11, eles dizem: “Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos senão este maná.” (Nm 11:6)

Isso só para darmos alguns exemplos, mas sigamos no texto dessa semana; observe o verso inicial: “E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este mau lugar, que não é de cereais, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem de água para beber?” (Nm 20:5)

Porque é importante enxergar as coisas como elas são? Olha o que o povo dizia, para onde Moshe os estava levando, para um MAU lugar, que não era de CEREAIS, FIGOS, VIDES, ROMÃS. Que lição podemos tirar disso?

Israel é justamente conhecido pelos seus sete frutos, as sete espécies, então vejamos quais são:
- TRIGO, CEVADA (cereais) FIGO, UVA, ROMÃ, AZEITONA e TÂMARAS.
Em pleno knesset, o parlamento de Israel, há uma menorah  onde os sete braços são representados nas sete espécies, pra lembrar o povo disso. Israel, a terra prometida, é sim uma terra boa, mas o povo insistia em reclamar.
A Terra Prometida não simplesmente tinha estes frutos dos quais o povo reclamava, mas vejamos como eram: “Depois, vieram até ao vale de Escol e dali cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas, o qual trouxeram dois homens numa vara, como também romãs e figos.” (Nm 13:23)
Ora, para quem estava no deserto, ver um cacho de uvas em que era necessário dois homens para carregar, naturalmente não seria uma imagem tão fácil de ser esquecida. Além das uvas, os espias trouxeram também romãs e figos. 

Você pode estar no deserto, mas é preciso ter os olhos abertos para enxergar direito. A Terra Prometida pode estar logo ali na frente, mas ficar reclamando de tudo pode fazer a terra parecer distante. Queixar-se de Moisés era apenas uma forma de desviar o foco, e por isso padeceram. 

Quando a gente desvia nossos olhos do objetivo, não adianta nos mostrarem grandes  cachos de uva, pois diremos sempre: “você nos trouxe para um mau lugar, onde não tem uva.

E pra não dizer que não falei de Mashiach, certa vez Yeshua estava numa cidade chamada Jericó, e um cego que lá havia ficou sabendo que o Mestre passaria por ali, e então, quando se encontraram, Yeshua perguntou: “Que você quer que eu faça?” e ele respondeu: “Que eu veja!” E ouviu: “então vê!” 

Na sua próxima oração, se tiver que pedir algo ao Eterno, pede pra ver, enxergar a realidade, que Ele abra seus olhos para ver. Porque enxergar faz toda a diferença na hora de escolhermos os caminhos que trilharemos nessa vida. 
Quem sabe aí, enxerguemos uvas, figos, romãs, tâmaras, trigo e cevada, e a boa terra que o Eterno separou para nós ao fim da caminhada no nosso deserto.