“O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei e me lembrarei da aliança eterna entre Deus e todos os seres viventes de toda carne que há sobre a terra” (Gn 9:16)
A visão de um arco-íris que se forma no céu, logo após uma chuva é algo que fascina a praticamente todas as pessoas, não apenas por sua rara beleza, mas também por seus diversos simbolismos e alegorias a ele atribuídos.
O arco-íris já foi simbolo da paz, hoje é um símbolo “adotado” pelo movimento gay, aliado a coisas como a diversidade; ele também é parte de uma antiga estorinha infantil, provavelmente irlandesa, que quem encontrar seu final alcançará um pote de ouro; também há os físicos, que dizem que o arco-iris é uma ilusão de ótica, causada pela dispersão da luz do sol que em contato com as gotículas de chuva na atmosfera causa esse efeito, etc... para mim, particularmente, o arco-íris é um símbolo da generosidade divina.
O ser humano tem o péssimo costume de tentar estudar e entender os fenômenos da natureza, de certa forma, pra descredenciar ao Eterno. Por quê é tão difícil simplesmente aceitar que foi HaShem quem criou o arco-íris como uma forma de Ele e nós vermos a Sua promessa e o pacto com Noé, feito há cinco mil anos atrás?
Mas de onde vem o arco-íris? Primeiro, e principalmente, da vontade do Eterno e segundo, vamos lembrar a história:
O homem, a cada nova geração, tornava-se mais egoísta e distanciava-se da vontade divina a cada dia, e quando chegou ao limite, com a maldade se multiplicando, isso fez com que o Eterno decidisse por destruir aquela geração toda, mas tinha Noé, o justo.
Não adianta, sempre vai haver algum justo pra fazer o que é certo. E Noé foi o responsável, escolhido por Deus, para recomeçar a povoar o planeta e foi aí que o Eterno apresentou a ele (e a nós). Esse mesmo Noé teve a honra de ser o primeiro a ver o arco-íris, muito antes da bandeira LGBT, muito antes do pote de ouro, e o recebeu com a simplicidade daqueles que acreditam que o arco era apenas e tão somente um sinal da misericórdia divina.
Vivemos reclamando das dificuldades, do mundo perverso em que vivemos, e o noticiário desnuda a cada dia a realidade brutal de assassinatos, golpes, drogas, zombaria, assaltos, mas a verdade é que a bondade do Eterno continua se relevando a cada novo dia diante de nossos olhos. São os nossos olhos que estão mal treinados, e que atentam para o que é errado e não para o que é correto. Precisamos mudar o foco...
O profeta Isaías disse: “Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça. Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos, de iniqüidade; os vossos lábios falam mentiras, e a vossa língua profere maldade. Ninguém há que clame pela justiça, ninguém que compareça em juízo pela verdade; confiam no que é nulo e andam falando mentiras; concebem o mal e dão à luz a iniqüidade” (Is 59:1-4)
Talvez seja hora de percebermos que é tempo de Tikkun Olam (restauração o mundo), tempo de estendermos a mão ao próximo, de reconheermos nossos erros e encontrarmos diante de nós a mão do Senhor estendida para nos salvar. Deixar de lado os sentimentos negativos, as tentações, a ira, a inveja, o ódio e compreendermos que são os nossos pecados (e não os pecados alheios) que nos afastam do Criador, assim como nos dias do profeta.
Se voltarmos nossos olhos para D-us, seremos capazes de percebermos toda a beleza do arco-íris, algo que vai além de um caleidoscópio colorido; seremos capazes de ver a bondade do Criador sendo revelada diante de nossos olhos.
Que D-us, em sua infinita bondade, nos permita de abrirmos nossos olhos e vermos um belo arco se formando, como um sinal de misericórdia sobre nossas vidas, e como prova de que Ele, o sagrado, não vai nos destruir, mas tornar nosso mundo e nossa vida cheia de cores e felicidade. Vá além do que seus olhos podem enxergar; enxergue com o coração e encontrarás a beleza real do arco de D-us.
*** Para este segundo ciclo de estudos da Torah, a parashah de Noach compreende os textos de Gn 8:15 a 10:32.